Repórter News - reporternews.com.br
Esportes
Segunda - 06 de Julho de 2015 às 12:49

    Imprimir


No GP da Áustria, há duas semanas, a Ferrari errou no pit stop de Sebastian Vettel, lento demais por causa da fixação da roda traseira direita, e Felipe Massa, da Williams, quarto naquele instante, o ultrapassou para garantir o pódio, terceiro lugar, mesmo com um carro mais lento que o da Ferrari. Neste domingo, no GP da Inglaterra, no Circuito de Silverstone, a Williams retribuiu o “favor”. Chamou Massa para os boxes na 44ª volta de um total de 52, uma volta depois de Vettel, quando já chovia, e com isso o alemão da Ferrari, mesmo dispondo de um carro menos veloz que o da Williams, ao menos no seco, ganhou a terceira colocação mantida por Massa àquela altura. Acabou em quarto. Seu companheiro de Williams, Valtteri Bottas, em quinto.

A vitória na nona etapa do campeonato ficou com Lewis Hamilton, seguido pelo parceiro de Mercedes, Nico Rosberg. Mas o atual campeão do mundo e líder do Mundial só assumiu o primeiro lugar do espetacular GP da Inglaterra na 20ª volta, por a Williams, diferentemente da Mercedes, entender que aquela não era a melhor hora de chamar Massa para os boxes. Massa e Bottas haviam feito uma largada fantástica, ultrapassando a dupla da Mercedes, que ficou patinando no grid. Mantiveram-se em primeiro e segundo, com ritmo surpreendente, até as operações de pit stops, ao redor da 20ª volta.


O atual campeão do mundo fez o chamado “under cut”, ou seja, antecipou a parada, na 19ª volta, conseguiu uma volta muito rápida com os pneus novos, e quando Massa deixou os boxes, na volta seguinte, Hamilton já havia passado por lá. Massa ficou em segundo. Ao cruzarem a linha de chegada na passagem seguinte, 21.ª, o piloto inglês já tinha uma vantagem de 2s935 para o piloto da Williams.

“Erramos”, definiu a situação, Massa, ao deixar o modelo FW37-Mercedes depois da bandeirada. “Na primeira parada foi difícil saber (o melhor momento de fazer o pit stop). O Hamilton arriscou, parou antes, eu estava na frente dele, e funcionou”, disse Massa, até em defesa de seu time. “Mas na segunda (na luta com Vettel pelo último lugar no pódio) foi, lógico, um erro. Estava molhado, nós conversávamos no rádio, falei que estava mais molhado em tal lugar e o Vettel entrou”, comentou Massa.

Nesse momento o piloto não isenta sua escuderia de responsabilidade: “A equipe devia estar de olho. A gente acabou passando (a entrada dos boxes) e isso tirou outro pódio de nossas mãos, que seria bem-vindo depois do que fizemos hoje aqui”.

Rob Smedley, diretor de operações da Williams, defendeu seus subordinados. Para ele, seria temeroso parar Massa ainda na 18ª volta, pois ele teria pela frente, depois, 34 voltas com o mesmo jogo de pneus duros. E quanto à demora para chamar Massa e Bottas para os boxes quando já chovia, transferiu a responsabilidade aos pilotos. “Eles devem sentir, nessa hora, o momento certo de trocar os pneus.”

Os números contradizem Smedley ao exporem de forma evidente como a estratégia da Williams, associada ao conhecido mau desempenho do seu carro no molhado, comprometeu o terceiro pódio seguido da equipe. Na 42ª volta, a chuva era leve. A perda de aderência no asfalto havia permitido já a Rosberg ultrapassar Massa na 41ª volta, na curva 3, para assumir o segundo lugar. Hamilton já estava em primeiro desde o primeiro pit stop.

Nesse momento, Massa ainda garantia o pódio, em terceiro, pois tinha uma vantagem de 11s232 para Vettel, quinto colocado. Entre ambos, em quarto, estava Bottas. Acabaria em quinto. Na 43ª volta, a Ferrari chama Vettel para trocar os pneus duros pelos intermediários da Pirelli. A Williams, estranhamente, mantém Massa e Bottas na pista mesmo com todos vendo como os pilotos que já haviam parado e estavam com os intermediários eram mais rápidos.

Massa e Bottas foram obrigados a fazer a volta com os pneus duros para asfalto seco quando já havia algum volume de água. Uma referência para entender como o modelo FW37-Mercedes é deficiente no molhado fica clara quando os tempos de Massa e os de Rosberg são comparados, pois ambos pararam ao mesmo tempo. Na 42ª volta, depois de perder o segundo lugar para o piloto da Mercedes, Massa registrou 1min42s580. Rosberg, 1min39s183, ou 3s397 melhor.

Na passagem seguinte, 43ª volta, uma antes de ambos pararem, Massa fez 1min45s550. Rosberg, 1min41s838, ou 3s712 mais rápido.

Essa menor velocidade da Williams na condição de chuva associada ao pit stop realizado uma volta depois de Vettel fez com que quando Massa deixasse os boxes na 44ª volta, a do segundo pit stop, Vettel tivesse já uma vantagem de 3s566. Vale lembrar: na 42ª volta, ou apenas duas antes, Massa tinha 11s232 de vantagem para Vettel.

Se o estudo voltar mais no tempo, Massa, líder, estava impressionantes 29s038 na frente de Vettel, apenas décimo, na 18ª volta. Se Massa tivesse realizado o pit stop junto com Vettel, na 43ª volta, sairia na sua frente, pois já estava na frente e não perderia o tempo que perdeu nessa volta por estar com os pneus de pista seca quando deveria ter os intermediários.

“É frustrante, lógico”, afirmou Massa. Fiz uma largada maravilhosa, tinha bom ritmo de corrida, brigando o tempo todo. Falo brigando com a Mercedes, o que não aconteceu este ano. Talvez se a corrida fosse toda no seco e com uma estratégia perfeita daria para vencer eles. Seria difícil ele me ultrapassar.”

O duelo da Williams este ano, contudo, não é com a Mercedes, mas com a Ferrari. Massa e Bottas mantiveram-se à frente de Hamilton e Rosberg por terem largado muito melhor. Se os dois pilotos da Mercedes tivessem mantido a primeira e segunda colocações no início, a Williams não seria adversária da Mercedes em Silverstone, ainda que a diferença de ritmo entre as duas tenha sido surpreendentemente pequena neste domingo.

Da 20ª volta, volta em que assumiu a liderança, até começar a chover, na 34ª, a vantagem de Hamilton sobre Massa atingiu, no máximo, 6s344, na 33ª passagem. Esse bom ritmo da Williams possibilitou Massa e Bottas manterem atrás de si Hamilton e Rosberg até quase a metade da competição.

Na luta com a Ferrari a Williams se mostrou bem melhor no GP da Inglaterra. “No seco nós éramos mais rápidos”, falou Massa. “Na chuva eles eram mais velozes. Tanto que Vettel acabou abrindo de mim (Massa referia-se a depois de sair atrás de Vettel em seguida ao seu segundo pit stop. Recebeu a bandeirada 11s396 na sua frente).” A perda do pódio em Silverstone de novo evidencia o problema crônico da Williams na chuva. “A gente já sabe disso há dois anos. Felizmente a maior parte das corridas é no seco.”


Essa falha impediu de a Williams obter um grande resultado na prova de casa. Havia importante número de integrantes do time nas arquibancadas. “Foi uma pena não ter chegado com dois carros na frente da Ferrari e com boa vantagem.”

A Williams soma depois de nove provas 151 pontos, terceira colocada. A Ferrari tem 211, segunda. A líder é a Mercedes, bem distante, com 371. Na concorrência interna na Williams, o quarto lugar de Massa o aproximou de Bottas e de Kimi Raikkonen, da Ferrari, oitavo em Silverstone, na classificação do Mundial. Está em sexto com 74 pontos, enquanto Raikkonen soma 76, quinto, e Bottas, 77, quarto. Hamilton lidera com 194, seguido por Rosberg, 177, e Vettel, 135.

O pacote aerodinâmico introduzido no modelo FW37-Mercedes em Spielberg, na Áustria, agora melhor trabalhado, propiciou importante passo adiante da equipe de Massa e Bottas. Mas a festa deles em Silverstone dificilmente irá se repetir na próxima etapa do campeonato, o GP da Hungria, dia 26.

Diante do desempenho desastroso da Williams, este ano, em Mônaco, com Massa em 15.º e Bottas, 14.º, os dois provavelmente não deverão ser, em Budapeste, protagonistas do evento como foram no GP da Inglaterra. No Circuito Hungaroring é preciso elevada pressão aerodinâmica, como em Mônaco, e a Williams não a tem.





Fonte: Globo Esporte

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/415474/visualizar/