Irmãos Tocantins confirmam recebimento de R$ 19 mi, mas negam propina
A defesa dos advogados e irmãos Alex Tocantins Matos e Kleber Tocantins Matos confirmou que os clientes receberam do governo do Estado os R$ 19 milhões relativos a um precatório da empresa Hidrapar Engenharia Civil, mas negou que a existência de propina de R$ 5 milhões. O fato é investigado na Operação Ararath e envolve o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes (PSS) acusado de ter efetuado o pagamento desrespeitando a ordem cronológica de pagamentos para as empresas que tinham precatórios a receber do governo do Estado.
O Ministério Público Federal (MPF) que a propina foi paga para furar a fila e priorizar a empresa que os irmãos Tocantins representavam. Os 3 réus deveriam ser ouvidos na audiência de instrução realizada nesta quinta-feira (9) na 5ª Vara Federal, sob o juiz Jeferson Schneider. No entanto, Kleber Tocantins não compareceu e seus advogados apresentaram um atestado médico afirmando que a ausência do réu foi motivada por doença. Uma nova audiência foi marcada para a próxima quinta-feira (16) para o interrogatório de Kleber. Eder Moraes e Alex Tocantins foram interrogados por Schneider.
Após a audiência, Alex saiu do prédio da Justiça Federal acompanhado dos advogados José Antônio Duarte Alvares e Luciano Salles Chiappa sem falar com imprensa. Jornalistas que aguardavam no local, insistiram e acompanharam eles até os veículos, ocasião em que a defesa negou a existência da propina e também afirmou que Alex e Kleber não conhecem Eder Moraes e jamais combinaram com ele o pagamento ou recebimento de propina para furar a fila de pagamentos priorizando o precatório da Hidrapar.
Consta na denúncia do Ministério Público Federal, que em nome da empresa Hidrapar Engenharia Civil os irmãos Tocantins propuseram ações de cobrança para receber do governo do Estado dívidas pela prestação de serviços para a extinta Sanemat, empresa estatal de saneamento básico. Paralelamente à tramitação da ação de cobrança, os advogados e o então secretário estadual de Fazenda combinavam um acordo que beneficiaria os 2 lados envolvidos mediante o cometimento de crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
“Para levar adiante o crime de lavagem de dinheiro e repassar a propina de R$ 5.250 milhões às empresas indicadas por Éder de Moraes, os 3 denunciados contaram com a participação de Gércio Marcelino Mendonça Júnior, conhecido como Júnior Mendonça, proprietário das empresas Globo Fomento Ltda e Amazônia Petróleo”, afirma o MPF. Em um 2º momento, foram repassados R$ 5.250 milhões da conta do escritório de advocacia para Globo Fomento. Desse total, R$ 4 milhões eram para pagar um empréstimo feito pelo então vice-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), em 2008, com Júnior Mendonça, para custear a campanha eleitoral do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
José Alvares se limitou a dizer que seus clientes não conhecem Eder Moraes e não participaram de qualquer esquema envolvendo propina. Sobre a denúncia do MPF apontando envolvimento dos irmãos Tocantins em crimes junto com o ex-secretário, ele disse que a defesa pretende provar que não procede.
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