Delator fez dois depósitos à empresa de suplente
O advogado Joaquim Fábio Mielli Camargo, epicentro e delator do suposto esquema investigado pelo Gaeco, na Operação Ventríloquo, realizou dois depósitos na conta do suplente de senador Aparecido dos Santos (PR), o “Cidinho”.
O advogado recebeu R$ 9,4 milhões da Assembleia Legislativa, em 2014, por meio de um acordo ilegal referente a uma dívida do Poder com o banco HSBC
Uma das transações, no valor de R$ 90 mil, foi realizada às 14h20 do dia 13 de março do ano passado.
conforme revela a cópia do extrato bancário, ao qual o MidiaNews teve acesso, a operação foi realizada de uma conta de Mielli, no banco Safra, diretamente para a conta bancária da União Avícola Buriti Alegre, no Sicredi. A empresa é de propriedade de Cidinho.
O segundo depósito ocorreu no dia seguinte, às 11h16. Desta vez, a transação foi no valor de R$ 97 mil, seguindo os mesmos moldes da primeira, de uma conta de Mieli para a empresa do suplente de senador.
Por conta dessas duas transações, Cidinho e sua esposa, Marli Becker dos Santos, foram chamados para prestar esclarecimentos ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Eles foram ouvidos, na condição de testemunhas. Cidinho afirmou que os depósitos referem-se a operações de crédito feitos junto a uma "securitizadora".
“A minha empresa tem clientes em todo o Brasil e nós fizemos uma operação de crédito com essa securitizadora, antecipando recebíveis de clientes nossos”, afirmou Cidinho.
“Isso quer dizer que eu peguei duplicatas de clientes e fiz desconto com essa securitizadora. Essa securitizadora fez uma operação uma operação pra mim, cujo valor total era de R$ 952 mil. Desse total, foram feitos vários depósitos na conta da empresa, sendo que dois desses depósitos vieram desse advogado (Joaquim)”, completou.
O suplente de senador, não revelou, contudo, o nome da securitizadora, já que segundo ele, essa foi a orientação do Gaeco, tendo em vista que a operação corre em sigilo.
Pagamentos diretosNa avaliação de Cidinho, o único erro cometido pela securitizadora – que segundo ele é idônea – foi o de autorizar que o advogado Joaquim Mielli efetuasse pagamentos diretos à empresa de sua propriedade.
“Ela deveria ter pego o dinheiro do advogado, depositado na conta dela e transferido para minha conta. Mas, errou, ao mandar esse advogado pagar o valor diretamente pra mim”, disse.
Ainda de acordo com Cidinho, ele tem provas documentais de que toda a operação foi feita legalmente e disse que, na próxima semana, irá apresentar toda a documentação ao Gaeco.
“Os sócios dessa securitizadora são pessoas idôneas e sérias, apenas erraram por foram terem permitido depósito de terceiros na minha conta”, afirmou.
Por fim, Cidinho ainda negou que tenha qualquer negociação, pública ou financeira, com o ex-deputado José Riva, apontado na Operação como líder do esquema de desvio na AL.
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