Contrariando o movimento nacional grevista, os professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em assembleia geral realizada nesta quarta-feira (12), decidiram manter a greve por tempo indeterminado que já dura 119 dias. A paralisação começou no dia 17 de maio e deixa mais de 20 mil alunos sem aulas na maior instituição de ensino superior do estado. De acordo com a Associação dos Docentes da Instituição (Adufmat), 65 professores votaram pela continuidade da greve e outros 29 pelo fim da paralisação. Não houve abstenções.
A maioria dos professores ressaltou durante a assembleia, que a greve deve permanecer para fortalecer o movimento em favor da reestruturação da carreira dos professores. “Não temos ligação com Proifes (Professores de Instituições Federais do Ensino Superior). A nossa luta vai continuar aqui, mesmo que outras universidades saiam da greve. Não podemos desistir da universidade que garanta uma carreira atrativa para os professores” relatou Maurélio Menezes, membro do comando local de greve da Adufmat.
Por outro lado, Sirlei Silveira, professora do departamento de Sociologia e Ciências Políticas da instituição avaliou que era hora dos professores deixarem a greve com a cabeça erguida para lutar pela derrubada do projeto de lei que trata da reestruturação da carreira dos professores que foi enviado ao Congresso Nacional pelo governo. “A maior luta que os professores devem na minha avaliação empreender nesse momento é negar terminantemente o projeto pelo seu conteúdo de ponta a ponta. Porque o projeto do governo no congresso não contempla em nada a nossa pauta de reivindicações”, discursou a docente.
O resultado desta assembleia coloca a UFMT entre as instituições federais que resistem à pressão do governo federal, que tem se mostrado inflexível às reivindicações dos grevistas.
Mesmo isolada, a UFMT conta com o apoio do movimento estudantil. “Estamos felizes pela participação dos alunos nessa causa pela melhoria da universidade federal. Eles estão entendendo realmente as pautas dos professores e estão engajados na luta por uma educação de qualidade” pontuou o coordenador geral do DCE-UFMT, Murilo Alberto Canhoto.
Problemas
O vice-reitor da UFMT, Francisco Souto, revelou que o calendário acadêmico ainda precisa de 40% de aulas para normalizar a grade curricular do primeiro semestre deste ano. Ele adiantou que um novo calendário só será elaborado após o fim da greve. “O semestre foi interrompido com cerca de 60% de seu conteúdo já ministrado. Assim, temos que completar todos os conteúdos que foram cortados e vamos encurtar o período de recesso e de férias coletivas no final e no início de ano, de modo que a gente comesse a recuperar o tempo. A nossa preocupação é que não seja cortado nenhum conteúdo” ressaltou o vice-reitor da UFMT.
O movimento grevista
A greve começou no dia 17 de maio. Chegou a ter adesão em 56 das 59 universidades federais. Atualmente atinge, segundo o Ministério da Educação, 15 universidades ainda estão em greve. De acordo com a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), que representa a maioria dos grevistas, o numero é maior: 21 instituições federais mantiveram a paralisação.
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