O transporte de madeira em 25 municípios de Mato Grosso está suspenso devido à inoperância do sistema online de identificação de produtos florestais. Os pátios do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) estão lotados de caminhões que não têm a autorização de circular por falta da documentação. Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Agrícola e Agrário de Mato Grosso (Sintap-MT), Diana Dias, o problema ocorre desde segunda-feira (11).
O sistema de certificação foi desenvolvido por uma empresa terceirizada que prestava serviços ao instituto. Porém, ele foi retirado do ar, segundo o representante da empresa, Charles Dias da Costa, por falta de pagamento por parte do Indea. Ao G1, ele disse que a dívida já beira os R$ 800 mil. “Nós queremos ser ouvidos por alguém. Já protocolamos documentos e nada aconteceu. Não temos que ficar segurando o sistema porque a empresa não tem mais condições financeiras de mantê-lo sozinha”, afirmou o representante ao G1.
Além do sistema de identificação de produtos florestais, a empresa também mantém outro sistema para controle e recolhimento de embalagens de agrotóxicos. Costa disse que chegou a operar o sistema sem contrato com o instituto. Em alguns meses, segundo ele, o contrato chegou a ser renovado de forma emergencial, mas neste mês, acabou sendo encerrado.
O diretor-executivo do Cipem, Álvaro Leite, se diz preocupado com a suspensão da certificação de produtos florestais no estado, uma vez que a maior parte da madeira beneficiada em Mato Grosso é levada para outros estados. “Isso vai engessar todo o processo de certificação de pelo menos 78% das madeiras que saem de Mato Grosso”, revelou.
O representante da empresa terceirizada ainda revelou ao G1 que chegou a tirar o sistema do ar em março, mas que só manteve o serviço por uma promessa do Indea em renovar o contrato. “Nós paralisamos em março, mas o órgão não se posicionou sobre o assunto. Agora queremos receber o valor que o instituto está nos devendo”, salientou o representante.
Outro lado
O G1 entrou em contato com o presidente do Indea, Jurandir Ribas. Por telefone, ele informou que um novo sistema de certificação desenvolvido pelo Centro de Processamento de Dados do estado (Cepromat) deve entrar em operação no lugar do existente. Sobre as dívidas, Ribas afirmou apenas que o órgão vai assumir os encargos se realmente todos eles forem comprovados.
Já o Cepromat, via assessoria de imprensa, ressaltou que o sistema de certificação foi desenvolvido pelo órgão e estava em fase de testes. Mas por conta do problema entre a empresa terceirizada e o instituto, o sistema terá que entrar em operação ainda nesta quarta-feira (12). Mas a partir de agora, segundo a assessoria, o transportador terá que se recadastrar para seguir viagem, uma vez que o novo sistema não conta com o banco de dados que estava disponível no anterior.
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