CRM abre sindicância para apurar contratação de falsa médica Órgão investigará os procedimentos utilizados pela empresa terceirizada. Mulher fez plantões em Alumínio, São Roque e Mairinque.
Falsa médica foi descoberta após abandonar
plantão (Foto: Divulgação / Prefeitura de Alumínio)
O Conselho Regional de Medicina (CRM) em Sorocaba (SP) abriu nesta quinta-feira (16) uma sindicância para apurar como foi feita a contratação da falsa médica que atuava em três cidades da região. A farsa foi descoberta depois que a suposta médica abandonou o serviço em Alumínio (SP), no último sábado (11), sem dar explicações à equipe.
Quando o diretor de Saúde resolveu formalizar uma reclamação no site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), viu que a foto da profissional não tinha nada a ver com a pessoa que trabalhava no local. Agora, o órgão quer saber se os cuidados necessários para a contratação de um profissional de saúde foram seguidos.
A Inova,
'Não a conheço'
A médica Cibele Lemos, que teve o número do CRM usado pela falsa médica, negou conhecer a mulher e diz que já está tomando as providências cabíveis. "É óbvio que não a conheço. Já estou conversando com o meu advogado sobre isso", afirmou, em entrevista por
Cibele atende na Santa Casa de Patrocínio Paulista, no extremo norte do estado. O número do
A delegacia de Mairinque já começou a investigar a fraude e a mulher está sendo procurada. Fernanda Ueda, delegada responsável pelo caso, informou que instaurou um inquérito e a mulher pode responder por falsidade ideológica, documental - por assinar prontuários médicos - e exercício ilegal da profissão.
A delegada informou também que vai investigar se os pacientes atendidos por ela tiveram a saúde prejudicada por erro no diagnóstico ou tratamento. Nesse caso, ela pode responder também por lesão corporal e até tentativa de homicídio.
"Nós estamos trabalhando com todas as hipóteses, Ela pode ser desde uma porfisisional que cursou a graduação de medicina e não teve diploma registrado no país, pode ser uma profissional de saúde de uma outra graduação, uma enfermiera, uma auxiliar, ou uma estudante de medicina que não concluiu o curso. Tudo vai ser apurado", explica Fernanda. Até o momento, dez pessoas prestaram depoimento.
Já a Santa Casa de São Roque confirmou que a suspeita trabalhou no local, mas que já foi afastada. Uma sindicância foi aberta para apurar os fatos e os pacientes atendidos por ela serão reavaliados. A Câmara de Vereadores de Alumínio anunciou que vai instaurar uma Comissão Especial de Inquérito para apurar as denúncias contra a mulher. Além disso, os parlamentares pedirão que o Ministério Público acompanhe o inquérito criminal e instaure um inquérito civil.
À esq., a falsa médica; à dir., perfil da
verdadeira profissional (Foto: Reprodução/TV Tem)
Orientação do Cremesp
Os pacientes que foram atendidos pela mulher que usou registro de uma médica flagrada na cidade de Alumínio (SP) nesta semana devem passar por nova consulta, segundo orientação de um dos responsáveis pelo Conselho Regional de Medicina no Estado de São Paulo (Cremesp).
“É interessante que esses pacientes procurem novamente o serviço para passar com o médico legitimamente registrado e com uma formação adequada para que possa fazer uma revisão desse atendimento, e ver se o seu problema foi adequadamente atendido”, afirma João Márcio Garcia, respresentante da regional do Cremesp em Sorocaba.
Segundo Garcia, como a identidade original da mulher que realizou os atendimentos é desconhecida, não é possível dizer se ela tem formação para atuar na medicina. “Pode ser que ela até seja uma médica formada no exterior que não vale seu diploma, portanto não poderia estar trabalhando no Brasil já que não fez a prova de validação. Mas isso a gente não sabe.
Médica 'fugia' dos atendimentos
Funcionários que trabalharam com a suposta médica ficaram surpresos com a revelação de que ela usava o nome e o registro de outra profissional, mas lembraram que ela "fugia" de alguns atendimentos. A mulher fazia plantões no setor de urgência e emergência há um mês.
“Foi uma bomba para todo mundo quando soubemos. Aí, a gente começa a relembrar as ações dela: ‘Foi por isso que naquela situação ela teve aquela conduta. Também teve aquela consulta em que ela não se manifestou e fugiu da responsabilidade’. Agora, a gente começa a pensar, e tudo faz sentido", diz a enfermeira Franciele Domingues.
Médica disse que não conhece mulher que usou seu registro profissional (Foto: Reprodução/TV TEM)
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