Lula diz que há 'irracionalidade emocional' em protestos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (1º) que existe "irracionalidade emocional" nos protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff que pedem o retorno da ditadura militar. O petista, no entanto, defendeu que haja manifestações e panelaços, e lembrou que o PT já fez o mesmo.

Lula participou nesta terça-feira, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), da cerimônia de lançamento do Memorial da Democracia, portal multimídia interativo criado pelo Instituto Lula.

Segundo o instituto, o acervo tem 700 vídeos e áudios e 2 mil fotos sobre a história recente do Brasil. Parte do material trata exclusivamente do período entre a ditadura militar (1965-1985) e a promulgação da Constituição de 1988.

No evento, Lula disse que é preciso saber os motivos por trás dos protestos que tem se espelhado pelo país. No último dia 16, cerca de 879 mil pessoas, segundo estimativas das polícias militares dos estados, saíram às ruas em 205 cidades para protestar contra a corrupção e o governo.

"Me parece que tem um viés. Tem uma coisa deformante nessa irracionalidade emocional. A tem gente indo para a rua pedindo a volta dos militares. Com esses [manifestantes], nós temos de pelejar. Com esses, nós temos de lutar, temos de debater", disse Lula.

"Falar da democracia é uma necessidade de sobrevivência para nós. O momento que nós estamos vivendo é muito delicado. Delicadíssimo. É o momento da irracionalidade emocional da sociedade brasileira."

Lula disse que as bandeiras dos protestos de hoje são diferentes das bandeiras que mobilizaram o PT, mas destacou que bater panelas é um ato democrático. "A gente não pode estar nervoso porque tem gente fazendo manifestação contra nós. O que nós temos de medir a pressão é para saber se a gente está merecendo ou não", disse.

O ex-presidente encerrou o discurso afirmando que "tem risco de companheiros cometerem erros" no PT, mas apelando aos petistas para manter o orgulho.

"Nós da CUT e do PT precisamos voltar a ter orgulho e coragem de andar com nossas camisas vermelhas outra vez. Porque obviamente que um partido como o PT que tem um milhão e não sei quantos filiados, uma família grande como essa, tem o risco de cometer erros. Na vida, quando a gente comete erro, a gente paga pelo erro", concluiu.

No início da cerimônia, o presidente também brincou com o fato de o prefeito da capital paulista não ter chegado ao local. "O Haddad tinha se comprometido a vir, mas não compareceu. Vai ver que ele está vindo a 50 km/h, não chegou ainda aqui em São Bernardo do Campo. Ou está vindo de bicicleta", disse.