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Terça - 11 de Setembro de 2012 às 10:07
Por: Laura Nabuco

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Enquanto produtores rurais da gleba Suiá Missú mantêm a BR-158 interditada na altura de Alto Boa Vista (distante 1.064 km de Cuiabá), um grupo de 250 mulheres e crianças se desloca para Brasília para tentar agendar uma audiência com a presidente Dilma Rousseff (PT).

Elas esperam sensibilizar a petista, mostrando que não têm para onde ir, caso a ordem de desintrusão da terra indígena Marãiwatsédé, demarcada como território da etnia Xavante pela Fundação Nacional do Índio (Funai), seja realmente cumprida.

O grupo deixou o distrito de Posto da Mata, localidade que deve ser a mais afetada pela ordem de despejo, neste domingo. No caminho, fizeram um protesto pacífico em Barra do Garças: bloquearam ontem, durante cerca de duas horas, a ponte sobre o Rio Araguaia.

Também ontem, o presidente da Associação dos Produtores Rurais da Gleba Suiá Missú (Aprosum), Renato Teodoro, se reuniu com o governador em exercício, Chico Daltro (PSD), o coordenador da bancada ruralista no Congresso, deputado federal Homero Pereira (PSD), e deputados estaduais para organizar uma nova negociação.

Na reunião conseguiram agendar para amanhã uma audiência com o secretário de Articulação Nacional, Paulo Roberto. No encontro, que ocorrerá em Brasília, o governo e a Aprosum vão apresentar mais uma vez a proposta de permuta da área em litígio por outra, localizada no Parque Estadual do Araguaia.

O governo vem intervindo na questão sustentando as afirmações dos produtores de que todas as propriedades da gleba têm escritura concedida pelo Estado. O argumento chegou a ser usado numa tentativa de incluir o governo como uma das partes da ação, mas acabou não sendo aceito pela Justiça Federal.

Embora a ideia de troca já tenha sido rejeitada pela Funai, Homero acredita que é a melhor saída para evitar um conflito armado na região. “Eu estive em Alto Boa Vista na semana passada e o clima é tenso. A situação fica cada dia pior com a atuação da polícia, que tem vigiado o local e revistado as pessoas”, conta o parlamentar.

Os não-índios têm mais 20 dias para deixar por conta própria os 165 mil hectares que pertencem aos xavantes. Para retirar os que resistirem em ficar, uma operação, que envolve a Força Nacional de Segurança e as polícias Federal e Rodoviária Federal, está sendo organizada.

Enquanto o tempo corre, o advogado da Aprosum, Luiz Alfredo Feresin, tenta agilizar a apreciação do recurso que busca barrar a decisão do juiz federal Julier Sebastião da Silva, que determinou para 1º de outubro a data limite para a saída voluntária dos não-índios.

Além da Aprosum, um grupo de aproximadamente 130 índios contrários à demarcação da terra tenta revogar o decreto da Funai. Eles argumentam que a verdadeira aldeia Xavante, que deu origem a terra de Marãiwatsédé, fica a uma distância de 70 quilômetros da área em litígio.

Conforme Feresin, os índios já protocolaram junto à Presidência da República, uma série de documentos e mapas que comprovam a versão. Eles afirmam que a área indígena original fica nas proximidades do Rio Xavantinho e foi desapropriada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por isto, teria sido “deslocada” para a região da gleba.

A área de Marãiwatsédé é alvo de litígio desde os anos 1990. De lá para cá, uma séria de liminares foi concedida, tanto para índios quanto para produtores. A última delas derrubou a decisão que mantinha os posseiros no local, em junho. À época, eles fecharam a BR 158 deixando os municípios da região isolados. O mais afetado foi Alto Boa Vista, que chegou a declarar situação de emergência, devido à falta de abastecimento de água, alimentos e combustível. (LN)




Fonte: DO DC

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