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Quinta - 10 de Setembro de 2015 às 10:21

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Um em cada 3 idosos dá calote para ajudar família endividada

Seu Otávio Pereira tem 68 anos, é aposentado e mora na zona leste de São Paulo. Ele está acumulando contas atrasadas porque ajudou um parente fazendo uma compra parcelada, mas esse familiar perdeu o emprego. Agora, seu Otávio precisa conseguir um empréstimo consignado para quitar as dívidas.

Assim como seu Otávio, milhões de brasileiros com mais de 61 anos estão ficando inadimplentes para ajudar a família endividada. Segundo um estudo inédito da Serasa Experian, baseado na segmentação Mosaic Brasil, que divide a população em 11 grupos, os inadimplentes com 61 anos ou mais já chegam a 6,99 milhões de pessoas.

Isso equivale a cerca de 1 em cada 3 pessoas da população desta faixa etária (23,7 milhões, segundo o IBGE) e representa 12,4% dos 56,4 milhões de inadimplentes do País.

O gerente da Serasa Experian, Fernando Rosolem, afirma que os idosos estão se endividando mais do que o restante da população e que a principal explicação para isso é o fácil acesso ao crédito consignado.

— O idoso faz o empréstimo para ajudar a família, mas não consegue se manter em dia com os pagamentos das parcelas. Isso corre porque essa faixa etária é uma das que mais sofre com a alta de preços de remédios, plano de saúde e alimentos. Já que quase a metade do orçamento familiar é com esses gastos.

De acordo com o especialista da Serasa, como esse tipo de financiamento é mais acessível aos aposentados, em momentos de alta da inflação e aumento do desemprego, eles recorrem a esse tipo de crédito para socorrer as contas da casa.

— O consignado é mais barato e passa a fazer parte do dinheiro da família.

Consignado

Em agosto, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) regulamentou o aumento do limite do empréstimo consignado em folha de pagamento de 30% para 35% da renda mensal do benefício.

A Proteste Associação de Consumidores é contra essa regulamentação e afirma que a mudança traz “de volta o estímulo governamental irresponsável ao superendividamento". Em nota, a associação alerta “pensionistas e aposentados para que não se deixem iludir por essa medida, sob pena de voltarem a reduzir sua renda efetiva, em função de endividamento crescente”.

Esse empréstimo tem taxas mais baixas porque suas prestações são abatidas diretamente dos vencimentos mensais dos aposentados e pensionistas. Além do aumento do percentual de endividamento, o prazo máximo para o pagamento dos empréstimos consignados foi ampliado de 60 meses para 72.

O estímulo ao consumo, associado à facilidade do acesso ao crédito já levou ao alto endividamento das famílias, sobretudo de aposentados e pensionistas, adverte Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste. E o agravante é que a ampliação do percentual do consignado foi permitida a partir do cartão de crédito, considerado um meio de pagamento "perigoso" para quem entra no crédito rotativo.

Consignado só para emergências

Segundo o diretor de marketing e relacionamento da Sorocred, Wilson Justo, o crédito consignado pode ajudar numa situação de emergência ou ainda na realização de um desejo, mas, ao mesmo tempo, ele diminui a renda.

— Nos últimos tempos, temos percebido o aumento no número de aposentados endividados justamente por terem mais de um empréstimo. E, na maior parte dos casos, usados para cobrir outro tomado anteriormente.

Ainda de acordo com Justo, o consignado não chega a ser a causa da inadimplência. Mas, na maioria das vezes, serve como uma porta de entrada para ela.

— Aí é que se instala a conhecida bola de neve. Geralmente, o dinheiro que sobra do desconto não dá para pagar outras despesas e o idoso acaba por recorrer ao cheque especial, cartão de crédito ou a instituições financeiras como auxílio para quitar as dívidas.

O executivo aproveita para lembrar que os juros estão presentes seja qual for a modalidade para tomada de crédito.

— A média de juros do empréstimo pessoal em instituições financeiras, por exemplo, está na faixa de 8%. A do cheque especial está, aproximadamente, em 11% e a do consignado é de quase 4%. No entanto, é importante ressaltar a importância do planejamento financeiro para evitar que tais dívidas comprometam toda a renda do aposentado ou pensionista e isso reflita na renda familiar.





Fonte: R7

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