Justiça confisca carrão de R$ 200 mil de ex-secretário de MT
Em depoimento prestado no começo da noite de terça-feira (15), o empresário João Batista Rosa, um dos sócios do grupo Tractor Parts, revelou ter pagado R$ 2,6 milhões ao ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, para a empresa ser favorecida com incentivos fiscais do Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso). Segundo o depoimento, o dinheiro pago a título de propina foi feito no período em que Nadaf estava no cargo de secretário de Indústria e Comércio, exercido durante a gestão dos ex-governadores Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB).
Nadaf ainda exerceu a função de chefe da Casa Civil durante o mandato do peemedebista e foi preso preventivamente na Operação Sodoma, deflagrada ontem pela Delegacia Fazendária. Juntamente com o ex-governador Silval Barbosa e o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, é suspeito dos crimes de concussão, lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha.
As investigações indicam que os suspeitos montaram um esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro, em 2013 e 2014, relacionado à concessão de incentivos fiscais, por meio do Estado, através do Prodeic. O pagamento foi feito por meio de emissão de cheques do grupo empresarial, dinheiro vivo e transferências bancárias.
O grupo empresarial Tractor Parts possui nove lojas em diversos municípios de Mato Grosso e fornece peças para tratores e caminhões. Em nota encaminhada à imprensa, a empresa afirmou que foi “vítima de uma severa extorsão de agentes públicos que figuravam no governo anterior 2011/2014 para manter o incentivo fiscal concedido às empresas que compõe nosso grupo legalmente”.
O grupo Tractor Parts informou que não vai se pronunciar a respeito das investigações, com qual tem colaborado de forma “espontânea e voluntária”. Nadaf foi um dos primeiros a ter a ordem de prisão cumprida e passou mais de três horas na Delegacia Fazendária prestando depoimento. Agentes da Polícia Civil apreenderam um veículo Land Rover, avaliado em aproximadamente R$ 200 mil, e materiais eletrônicos como pen drive, notebooks e pastas com diversos papéis.
O norte das investigações conduzidas pela Polícia Civil indica que nos últimos anos houve a concessão irregular de incentivos fiscais mediante pagamento de propina e que gerou prejuízo aos cofres públicos. Nos bastidores, se comenta que até 70 concessões irregulares foram cedidas pelo governo do Estado. Muitos destes incentivos ilegais foram concedidos por decreto do Executivo, o que dispensava a necessidade de aprovação da Assembleia Legislativa.
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