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Nacional
Quarta - 16 de Setembro de 2015 às 09:34

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O coração, normalmente, fica 'guardado' do lado esquerdo do peito. Mas, no caso, de Jucimar Alves Marques, é diferente. O coração dele é invertido e fica do lado direito. O mineiro, que mora noEspírito Santo, disse que foi desenganado pelos médicos ainda recém-nascido e, desde então, recebeu previsões sobre o tempo curto de vida que teria.


“Quando eu nasci, o médico me mandou para casa, para eu morrer dentro de cinco dias. Os médicos me desenganaram e disseram que eu não ia sobreviver. Aos 15 anos, disseram que eu ia viver somente até os 18 anos. A vida inteira tive prazo de validade e hoje estou aqui, com 35 anos. Eu sou um milagre de Deus”, disse o mineiro, com coração capixaba.

Além de ser virado para o lado direito, o coração de Jucimar tem outra anomalia chamada Tetralogia de Fallot. Por causa da doença, o coração dele tem um buraco entre as duas cavidades.

Devido a abertura, o sangue do ventrículo esquerdo se mistura com o sangue do ventrículo direito. Além disso, um estreitamento na válvula pulmonar dificulta a passagem do sangue para o pulmão.

Limitações
A doença cardíaca faz com que Jucimar tenha várias dificuldades e alguns sintomas causados pela má circulação sanguínea. Qualquer atividade que ele faz, o deixa sem fôlego. Até subir alguns degraus da escada é um sacrifício. Os lábios e as pontas dos dedos ficam roxas e quando estende as mãos, os dedos ficam tortos.

Entre todas as limitações, a maior para Jucimar, é não poder jogar bola. “O meu sonho é poder, um dia, jogar bola. Eu não sei, nunca pude aprender. Eu queria ter brincado como as crianças normais”, disse.

Jucimar nunca trabalhou e a doença também atrapalhou os estudos.

“A minha mãe me protegia muito, eu era o caçula e ela não me deixava sozinho. Não vivi, como eu deveria. A vida toda eu sempre fiquei em casa. Vivo a cada momento pensando que eu não posso amanhecer vivo e a sensação é muito ruim. Sempre tive o sentimento de que eu podia morrer a qualquer momento”, disse.

Mas com humor, Jucimar diz que ao revelar para as pessoas que tem o coração do lado contrário, muitos acham graça e pedem para sentir o órgão batendo do lado direito. “Eles querem comprovar e se divertem com isso. Tem gente que fala que legal, mas pra mim nunca foi”, disse aos risos.

Cirurgia
O mineiro fez vários exames e ficou comprovado que ele precisa fazer uma cirurgia para corrigir alguns problemas no coração. A inversão de lado foi descartada pelo médicos.

O procedimento foi marcado duas vezes, mas por medo de morrer na mesa de cirurgia, ele desistiu. Segundo os médicos, o ideal era Jucimar ter feito a cirurgia ainda na infância. Mas a mãe dele tinha medo de perder o filho.

Jucimar está fazendo os exames e deve marcar a cirurgia nos próximos dias. No procedimento, os médicos vão fechar o buraco que liga as duas cavidades do coração e vão abrir a saída do sangue para a artéria pulmonar.

Acompanhamento Médico
O cardiologista José Carone acompanha o paciente há algum tempo. Ele confirmou que Jucimar foge da mesa de cirurgia.

“É claro que existe risco como em qualquer cirurgia, mas eu já falei com ele que está correndo mais risco sem operar do que numa sala de cirurgia. Esse rapaz é um sobrevivente. Dificilmente uma pessoa consegue viver com essa doença por tanto tempo”, explicou o médico.

Carone disse que se continuar sem a cirurgia, Jucimar corre sérios riscos. “Ele pode morrer. Jucimar tem uma patologia congênita chamada de Tetralogia de Fallot. Uma anomalia que o coração tem quatro problemas. Além disso, ele é portador de uma dextrocardia. Tem o coração do lado de direito do peito. A tetralogia em pacientes com dextrocardia é que que se torna um caso mais raro”, explicou.

O médico disse que a cirurgia deveria ter sido feita na infância ou no mais tardar na adolescência. “O resultado é ótimo, a mortalidade nessa fase é muito pequena. A mãe dessas crianças têm que ser incentivadas a tratar em tempo hábil. No caso do Jucimar, depois do procedimento, ele vai poder levar uma vida normal”, destacou Carone.

Vida nova
Há seis meses, Jucimar conheceu a Thainá Guasti pela internet se apaixonou pela primeira vez. Quando ela soube do problema, levou um susto.

O segundo encontro do casal foi no hospital. “Fui me aprofundando na história dele e minha família o adotou. Todo mundo faz um pouco para ajudar. Hoje ele tem outra perspectiva, fez acompanhamento psicológico para perder o medo. Eu tenho fé que vai dar tudo certo. Desde o nascimento ele foi é um milagre e parte do plano de Deus”, disse Thainá.

Jucimar precisa de doação de sangue para a cirurgia e se prepara para viver uma nova vida. “Quero ter uma vida normal, como todo mundo tem. Trabalhar, construir uma família e jogar bola. O que eu mais quero”, disse.





Fonte: G1

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