Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Quarta - 21 de Outubro de 2015 às 08:58

    Imprimir


Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Próximo a desocupação, garimpeiros iniciam escavações até em “pasto” e abandonam acampamento

A proximidade com a possível retirada de garimpeiros que buscam ouro na Serra do Caldeirão, em Pontes e Lacerda, e a dificuldade em encontrar o minério mudou em pouco tempo a configuração do garimpo ilegal mais falado das últimas semanas no país. O que se vê na “Nova Serra Pelada” são trabalhadores levantando acampamento e abandonado algumas frentes de trabalho instaladas no pico da serra, onde o acesso é mais difícil e demorado, e alguns abrindo escavações ao “pé” do Caldeirão, em uma área que antes era pasto de uma propriedade privada.



As escavações no chão começaram timidamente, mas precisaram de pouco tempo para se alastrar, como toda fofoca do garimpo. Em poucas horas, na manhã desta terça-feira (20), o que era gramado virou um enfileirado de “covas”. Algumas protegidas do sol, outras não. Homens se revezam na escavação, mas fácil de ser feita do que a perfuração de pedras, mas segundo os próprios aventureiros, sem a garantia de maiores pepitas de ouro, como no alto da serra. Para alguns, o que vale é tirar o máximo que puder para evitar maiores prejuízos antes de serem expulsos do local, em cumprimento à decisão da Justiça Federal.

O cearense Lauricelio Freitas Oliveira, 28 anos, interrompeu golpes de picareta na terra para se queixar um pouco do garimpo ao Olhar Direto, na manhã desta terça-feira. Ele acreditou na “fofoca das redes sociais sobre a facilidade de encontrar ouro em Pontes e Lacerda e veio para a cidade sem muitas ferramentas para o trabalho. Chegando no local, acreditou também na “fofoca”de que no pasto encontraria a tão procurada pedra com maior facilidade. Desde então, cava seu buraco sem cessar, se revezando com os colegas.



“Dizem que tem um cara ali que tirou já dois quilos de ouro aqui do chão”, diz, ao explicar a escolha pelo lugar da escavação. Enfia a mão no bolso, tira um saco plástico escuro amarrado. Ri. Mas não é de alegria. Debocha de si mesmo e da quantidade de ouro que encontrou. Mal da para ver os farelos dourados que se espalham na mão. “Com isso aqui eu não compro nem água mineral por aqui”, reclama. Já são quatro dias de trabalho para nada. A expectativa de ser expulso a qualquer momento o angustia.



No pé movimento, no pico levanta-se acampamento

Subir a Serra do Caldeirão exige cuidado e atenção. Em alguns pontos é preciso se agarrar às raízes no chão ou a algumas cordas improvisadas para vencer o íngreme e escorregadio acesso ao topo. No trajeto, é visível a queda no movimento de garimpeiros em relação à semana passada, nas vésperas da decisão judicial que determinou a retirada das pessoas e a apreensão das ferramentas e do ouro encontrado.

No topo da serra, onde o acesso é mais restrito, dezenas de acampamentos estão abandonados. É lá que se tem uma noção da estrutura que os garimpeiros profissionais e mais bem preparados montaram para extrair o ouro em Pontes e Lacerda. Os que restaram, são também os que menos falam com a imprensa. “Não tenho do que reclamar”, limitou-se a dizer um homem que descansava no horário do almoço ao ser questionado sobre o ouro que tirou. Dar seu nome, nem pensar. Mas é evidente a diferença com o mar de desiludidos que trabalham dia e noite atras do primeiro resquício de ouro, seja cavando covas no pé da serra, esburacando pedras ou carregando sacos de terra.



No ponto mais alto da serra, o sinal de algumas operadoras de celular funcionam, o que facilita o diálogo dos garimpeiros e até o monitoramento de quem sobe. É ai que estão os buracos mais profundos e mais estruturados, com menor risco de acidentes, como o registrado na última segunda-feira (19). A reportagem encontrou no local resquícios da ocupação recente. Garimpeiros já deixaram o local antes da chegada da polícia. Alguns largaram pelo caminho restos de comida, todo tipo de lixo e até galão de combustível cheio.

Mas a desistência não foi uma decisão unânime. Algumas frentes de trabalho estruturadas e lotadas de gente estão funcionando a pleno vapor. Pelo menos até a tarde desta terça-feira. A expectativa é de que a polícia entre amanhã para interromper a corrida pelo ouro. Há quem aposte na sorte e continue no local correndo risco de ter tudo apreendido e há quem o azar não lhe deixou mais nada além da esperança de encontrar sua pepita “aos 45 minutos do segundo tempo”.





Fonte: Olhar Direto

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/418501/visualizar/