Garimpeiros colhem assinaturas para tentar legalizar extração de ouro
Contrários à decisão judicial que determinou a desocupação de uma área na Serra da Borda, em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá, garimpeiros que exploram ilegalmente a região colhem assinaturas de trabalhadores na tentativa de legalizar a extração de ouro naquele local e criar uma espécie de associação.
A descoberta de ouro na região atraiu milhares de pessoas nos últimos dois meses ehá 10 dias a Justiça Federal determinou o fechamento do local. Segundo a Justiça Federal, cerca de cinco mil pessoas chegaram ao local nos últimos dois meses.
O garimpo funciona sem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Enquanto o garimpo não é fechado, os trabalhadores percorrem a cidade e os arredores do garimpo em busca de colher assinaturas.
“Aqui existem pais de família e trabalhadores. Todo mundo está aqui para trabalhar, ninguém está aqui para baderna”, declarou o garimpeiro Roberto Nunes. Ele é um dos trabalhadores que incentiva o recolhimento das assinaturas. Os garimpeiros assinam o documento afirmando que pretendem trabalhar na Serra da Borda.
Policiais federais e outras forças de segurança ainda planejam fazer uma operação para retirar aproximadamente mil garimpeiros que continuam na região. Enquanto isso, os policiais fazem abordagens no entorno do garimpo e tentam impedir o acesso de novos trabalhadores.
O prefeito de Pontes e Lacerda, Donizete Barbosa (PSDB), foi a Brasília, no DNPM, para tentar criar uma cooperativa, permitindo que a extração seja legalizada no local.
“Estive em Brasília conversando com as autoridades e verificando como está o processo. Também estamos verificando a possibilidade que se tem de se criar ali dentro uma área garimpeira de uma cooperativa”, declarou.
O caso
A descoberta de jazidas de ouro entre as serras da Borda e Santa Bárbara começou a movimentar a região nos últimos dois meses. Imagens de pepitas de ouro circularam pelas redes sociais e aplicativos de celulares, fomentando ainda mais a fama do garimpo.
O caso foi levado ao conhecimento da Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF) e, no dia 16 de outubro, o juiz Francisco Antônio de Moura Júnior, substituto da subseção da Justiça Federal em Cáceres, a 220 km da capital),decretou o fechamento do garimpo, com a retirada de todos os trabalhadores do locale apreensão de todo o minério extraído ilegalmente.
Os garimpeiros já foram notificados da decisãoe a maioria deixou o local, mas vários persistem na tentativa de explorar o garimpo ilegalmente. Desde que passou a ser explorada, a Serra da Borda chegou a ter um pico de sete mil pessoas – entre garimpeiros profissionais e ocasionais – explorando a jazida de ouro do local.
Muitos são provenientes da própria cidade de Pontes e Lacerda e, segundo a Secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema),são responsáveis por colocar em risco a água consumida na cidade. Os policiais também acabam prendendo pessoas que são flagradas com ouro na região ou dinheiro que poderia ter relação com o garimpo.
Quatro homens foram presos no último dia 23 com R$ 460 mil, dinheiro que teria relação com comercialização e extração ilegal de ouro encontrado na jazida. No dia 22,um homem foi preso com 33 gramas de ouroe encaminhado para a Cadeia Pública deCáceres, a 250 km da capital
No último final de semanauma quadrilha de assaltantes invadiu duas propriedades rurais que ficam próximas ao garimpo. Os quatro assaltantes estavam em busca de ouro. Duas pessoas foram feitas reféns por mais de trinta minutos. Uma das vítimas foi espancada e torturada.
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