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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 03 de Novembro de 2015 às 14:56

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Duas atrizes iranianas foram obrigadas a abandonar seu país depois de terem sido acusadas de "imorais" e proibidas de voltar a atuar por autoridades. O crime? Postaram na Internet várias fotos nas quais aparecem sem o véu obrigatório. Sadaf Taherian, que se refugiou emDubai, admitiu que foi um gesto de protesto, mas declarou estar surpresa com o grau de assédio do qual tem sido vítima. Chakameh Chamanmah, que aparentemente está nos Estados Unidos, não comentou o assunto.


"Não esperava isso do povo do Irã, da minha própria cultura, ouvir tantos insultos", disse Taherian ao programa Tablet, do canal em persa de A Voz da América. "Só posso sentir pena pela reação deles, não tenho mais nada a dizer", acrescentou a atriz, depois de admitir que estava "nervosa e preocupada sobre como as pessoas iriam reagir às suas fotos".

A atriz, que aparece no novo filmeAsre Yakhbandan (Idade de Gelo), conta em sua entrevista à conhecida ativista Masih Alinejad que divulgou as fotos sem lenço em seu perfil do Instagram e Facebook “em protesto contra as rígidas leis em vigor no Irã, que obrigam as mulheres a cobrir a cabeça". Não é a primeira a fazer isso. Desde que Alinejad, no exílio desde 2007, lançou sua campanha Minha Liberdade Oculta nas redes sociais, várias iranianas postaram fotos com o cabelo ao vento.

Poucos dias depois, Chamanmah também divulgou várias imagens no Instagram com o cabelo ao vento. Embora não tenha comentado diretamente, alguns familiares disseram que ela "escolheu as roupas de acordo com a cultura social do país ao qual emigrou". Logo depois, grupos na Internet começaram a deixar comentários ofensivos e machistas.

No Instagram, uma das redes sociais favoritas dos jovens iranianos, há meninas bem mais desinibidas e provocativas do que elas, inclusive a filha de um vice-ministro. Mas a maioria das contas são pessoais e só circulam entre um número pequeno de contatos. As fotografias das atrizes, porém, chamaram a atenção do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica, que é responsável pela liberação de livros, filmes, peças teatrais e meios de comunicação.

A reação foi fulminante. “Do ponto de vista do ministério, essas duas atrizes já não são consideradas artistas (...) e não terão mais autorização para continuar atuando”, segundo o porta-voz, Hasein Noushabadi. O nome de Chamanmah foi retirado dos créditos da série televisiva Baran-e-man, exibida no canal 3 da televisão iraniana.

Desde um ano após a revolução de 1979, que instaurou a República Islâmica, a legislação obriga todas as mulheres do Irã, qualquer que sejam a sua nacionalidade ou a sua religião, a cobrir os cabelos e os contornos de seu corpo em público. O hiyab, também chamado de véu islâmico, se tornou um símbolo do regime instaurado pelo aiatolá Khomeini e um campo de batalha entre feministas e conservadores.

A mudança geracional que se deu desde então (60% dos iranianos são nascidos depois da revolução) tornou obsoleta essa norma. Embora as mais religiosas ainda utilizem o austero chador (que encobre todo o corpo de preto), os lenços da maioria das mulheres nas cidades se limitam ao mínimo indispensável para evitar uma punição, a não ser na universidade e nos escritórios das instituições governamentais, onde o controle do vestuário é bem mais estrito.

“Trajei o hyab por amor à minha carreira e por exigência dos filmes. Mas quero viver em um lugar e de uma maneira que me façam feliz”, sintetizou Taherian na entrevista, durante a qual também denunciou o assédio sexual que ela mesmo sofreu nos palcos. A atriz se tornou conhecida há dois anos, com Hich Koja Hich Kas (Ninguém em parte alguma).

Há exatamente um ano, também foi decidida a condenação a seis meses de prisão e a 91 chibatadas de vários jovens que divulgaram um vídeo em que dançavam ao ritmo de Happy, de Pharell Williams, um dos problemas, além do fato de serem meninos e meninas dançando juntos, foi que elas se desfaziam de seus lenços. Uma outra atriz bastante conhecida, Golshifteh Farahani, também foi obrigada a se exilar alguns anos atrás depois de ter mostrado os seios em um curta-metragem.





Fonte: El País

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