Policiais Rodoviários de MT raspam cabelo em Dia de Combate ao Câncer
A rotina de fiscalização nas estradas foi deixada de lado durante um dia por quinze policiais rodoviários federais de Mato Grosso. Nesta quarta-feira (27), Dia Nacional de Combate ao Câncer, eles tinham outro compromisso: rasparam os cabelos no Hospital de Câncer, em Cuiabá, como parte de um ato que também foi realizado por policiais rodoviários de mais dez estados.
A visita também incluiu distribuir bandanas, brinquedos, levar equipamentos de uso policial e uma moto, além de tirar fotos com crianças da unidade. A ação foi uma forma de chamar a atenção e incentivar a prevenção e o tratamento do câncer na sociedade.
Foi a primeira vez que o superintendente da Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso, Arthur Nogueira, raspou os cabelos tão curtos e ele considera o ato dos policiais uma contribuição de amorosidade e que mostra que todos estão juntos nesta causa. “Queremos sensibilizar a sociedade para que ela volte os olhos para a importância que cada um de nós temos na batalha contra essa doença”, afirma.
Quando soube que haveria uma ação no Hospital de Câncer, o policial João Rezende, de 61 anos, fez questão de se juntar ao grupo que participaria da atividade. Sua mãe está com câncer de pele e será operada em três dias. Para ele, a proximidade da doença o levou a procurar ajudar quem está nessa situação. “Raspar os cabelos é um incentivo a mais para eles. Seria bom se as pessoas fizessem mais isso, se olhassem mais para eles”, comenta.
O policial Braz José Bonfim Júnior, de 36 anos, acredita que a ação de raspar os cabelos em benefício das crianças é importante. "Qualquer coisa que vá providenciar alegria a elas é válido e nossa ideia é que elas participem de tudo que vivenciamos no nosso dia a dia", destaca.
O gesto dos policiais acabou entusiasmando outras pessoas no local a fazerem o mesmo. Além deles, uma servidora da PRF, Krislaine Nobokite, 23 anos, e outra da Secretaria de Educação do estado (Seduc), Airtes Amorim, 42 anos, decidiram cortar seus cabelos ali na hora para que as mechas sejam usadas para a confecção de perucas para pessoas com câncer.
Os três palhaços levados pela PRF para animar os participantes do evento - Zabimim, Patrulheiro Rico e Teteko - também tomaram a decisão naquele momento e entraram na fila para raspar os cabelos. “Quando você é tocado de alguma maneira, você se sente feliz em participar. Mesmo se preocupando muito com os problemas da vida, as crianças se mostraram felizes”, diz Altiery Dallys, o palhaço Teteko.
De cabelos raspados, os policiais seguiram para o refeitório, onde estavam as crianças e suas mães. A presença dos policiais fardados e uma das motos usada em patrulhas passaram a ser a atração. As crianças tiraram fotos e ganharam ainda lenços e bandanas com a logo da PRF e brinquedos, todos doados pela Secretaria de Educação de General Carneiro, a 449 km de Cuiabá, que fez a arrecadação dos itens em escolas e igrejas do município.
Para Josenilda Ávila, 35 anos, mãe da tímida Mariana Ávila, de 8 anos, a iniciativa dos policiais foi interessante para as crianças. “Tem criança que fica com vergonha de raspar o cabelo”, diz. A família é de Sapezal, a 473 km de Cuiabá, e agora Josenilda e a filha passam mais tempo na capital. “Como mãe, é gratificante ver que eles se preocupam em ver nossas crianças felizes”, diz
Mariana começou o tratamento há três meses por causa de um tumor que surgiu no rosto. Em período de reavaliação, a menina agora aguarda uma resposta médica para fazer uma cirurgia fora do estado. Aos poucos, ela foi se soltando e aproveitou o evento para tirar fotos com a moto e também com os policiais. Ela ganhou uma boneca e uma bandana.
Rick David Silva Ferreira, de 12 anos, é do município de Cláudia, a 608 km de Cuiabá, e adorou o dia movimentado no hospital. Sua mãe, Doralice do Nascimento Silva, agricultora, conta que a visita dos policiais ajudam a elevar a auto-estima tanto das crianças quanto dos parentes, “Eles se sentem melhor, assim conseguimos levantar a cabeça e lutar com mais força”, afirma a mãe
O menino notou que os policiais tinham algo em comum: que também tinham raspado os cabelos como ele. A mãe conta que o pai e amigos do filho fizeram uma surpresa a ele e também rasparam os cabelos quando ele começou o tratamento. "Ele ficou emocionado e disse “Dá até vontade de chorar ver todo mundo careca assim“", lembra Doralice.
O administrador geral do hospital conta que foram procurados pela PRF para fazer a parceria do evento. Segundo ele, as visitas, como a dos policiais, que levaram até mesmo equipamentos e veículos usados no trabalho é uma das formas de contribuir para o tratamento. "A presença deles no hospital traz para as crianças força para enfrentar melhor o câncer, é uma forma de dar mais qualidade de vida e esperança para os pacientes", comenta.
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