Governo libera R$ 2 mi para pesquisa da "pílula do câncer"
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação liberou R$ 2 milhões para pesquisa sobre eficácia e segurança da fosfoetanolamina, substância presente na “pílula do câncer”, que era distribuída informalmente por um laboratório da USP de São Carlos. O convênio foi assinado ontem (25) pelo ministro Celso Pansera (PMDB).
Esse é o primeiro passo de um aporte total de R$ 10 milhões em pesquisas, compromisso acertado com representantes da comunidade científica e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no início do mês de novembro.
Os experimentos iniciais com a “fosfo” serão conduzidos por três laborátórios certificados. Segundo nota do ministério, são eles o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos, de Santa Catarina, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), e o Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nesta etapa, as análises serão divididas em três subprojetos, cada um coordenado por um laboratório. As instituições estarão em constante comunicação para compartilhamento de resultados. O enfoque será dado para uma bateria de testes pré-clínicos, que serão realizados durante sete meses.
A quantia está de acordo com a estimativa de Jan Carlo Delorenzi, farmacêutico responsável pelo Laboratório de Farmacologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em entrevista a EXAME.com sobre os trâmites para liberação da pílula pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A saber: para que um produto possa circular no mercado brasileiro, a Anvisa precisa comprovar sua eficácia e riscos para a saúde, justamente o que se busca com o trabalho promovido pelo ministério.
RELEMBRE
A fosfoetanolamina sintética foi desenvolvida no Instituto de Química de São Carlos, da USP. A droga foi distribuída gratuitamente por 20 anos pelo professor Gilberto Orivaldo Chierice, precursor das pesquisas com a substância no Brasil.
Na teoria, as doses suplementares de fosfo fazem com que o sistema imunológico detecte a presença da célula cancerosa e inicie o processo de morte celular. Assim, o próprio organismo é quem combateria o câncer.
A produção e distribuição da fosfo foi proibida em 2014 por não possuir regulamentação e registro da Anvisa, mas acabou sendo de fato suspensa no final de setembro, após veto do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Em outubro, o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou em favor de uma pessoa que solicitou judicialmente o consumo da droga, dando jurisprudência para reversão da decisão do TJ-SP, liberando a entrega para cerca de 800 pacientes.
A Anvisa ainda precisa comprovar eficácia e riscos para a saúde para liberar a medicação no país.
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