Conferência do Clima começa com grandes expectativas
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A luta contra as mudanças climáticas reúne nesta segunda-feira (30/11), em Paris, quase 150 líderes mundiais na abertura da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP21), que vai tentar obter um acordo vinculativo para reduzir as emissões de gases causadores do efeito de estufa e tentar evitar que a temperatura média do planeta suba mais de 2ºC até o final do século.
Em meio a fortes medidas de segurança, elevadas depois dos atentados de 13 de Novembro, a cúpula tem confirmadas as presenças de muitos chefes de Estado e de governo, incluindo os presidentes Barack Obama, Vladimir Putin, Xi Jinping e Dilma Rousseff, a chanceler federal Angela Merkel e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
O temor de atentados terroristas levou o governo francês a cancelar as marchas de ambientalistas, tanto a que estava marcada para este domingo, véspera da abertura oficial, como a do dia 12 de dezembro, dia seguinte ao encerramento da conferência.
Os organizadores desmarcaram a marcha de abertura, mas pediram a quem pretendia participar que enviasse um par de sapatos em substituição. De forma simbólica, os calçados foram expostos na praça La République. Entre eles estava um par enviado pelo papa Francisco.
Além disso, correntes humanas foram formadas em vários pontos da cidade. Perto da praça La République aconteceu um confronto entre manifestantes e a polícia, que usou gás lacrimogêneo após ser alvo de objetos jogados pelos participantes.
Não deixar para a última hora
No início das negociações, o ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, colocou as expectativas num nível elevado, afirmando que progressos precisam ser feitos todos os dias, em vez de se deixar tudo para a última noite. A declaração era uma alusão a conferências anteriores, que no último dia iam madrugada adentro na esperança de um acordo.
Já nesta quinta-feira, a França quer apresentar um rascunho de acordo que aborde os principais pontos de discussão. Trata-se de uma meta ambiciosa, e ela coloca grande pressão sobre os negociadores. "Este é o maior evento diplomático que a França já realizou", afirmaram diplomatas franceses.
Com dezenas de encontros preparatórios e muito apoio político, os anfitriões fizeram a sua parte para que a "sua" conferência seja um sucesso. Os negociadores dos 195 países participaram da primeira reunião plenária na noite deste domingo, enquanto os 3 mil jornalistas preparavam suas câmeras e computadores. Os anfitriões deram um ar de consciência ambiental até no detalhes, como os arranjos de flores em vasilhames de juta e copos de água reutilizáveis.
O governo francês anunciou logo depois dos ataques de 13 de Novembro que a conferência seria mantida. O lugar do evento facilita os esforços de segurança: as instalações do antigo aeroporto Le Bourget podem ser facilmente isoladas. Um contingente recorde de 6 mil agentes de segurança está em operação. No domingo e nesta segunda-feira, as vias que levam ao local estarão bloqueadas para o trânsito, para facilitar a passagem dos comboios com as lideranças políticas.
"Haverá um acordo"
Os sinais políticos enviados antes do início da conferência são mistos: Merkel afirmou que se pode esperar um acordo apenas parcialmente obrigatório. O principal motivo para isso é a resistência dos Estados Unidos. Obama deseja um entendimento, mas um acordo internacional vinculativo seria derrubado pelo Congresso americano.
"Haverá um acordo, pois todos querem isso", afirmou o especialista Jan Kowalzig, da Oxfam. Mas tudo depende da qualidade desse acordo. Para ele, a disposição das nações ricas de atender às expectativas das nações pobres ainda é muito pequena. Por isso, são muito importantes os sinais que os chefes de governo vão enviar aos negociadores neste início de conferência.
Até aqui, as nações industrializadas ainda não quiseram garantir recursos adicionais para o período depois de 2020, mesmo que isso seja fundamental para que haja um avanço nas negociações. "O financiamento é o cimento que tudo segura", disse Kowalzig.
O especialista Martin Kaiser, do Greenpeace, disse esperar que os chefes de governo tragam algo para as negociações. Para ele está claro que a conferência de Paris não vai responder a todas as questões, mas ele espera um claro sinal – também da indústria – para ajudar as nações pobres a abandonar a dependência do petróleo. Ele disse ser muito importante que o acordo preveja uma revisão a cada cinco anos. Para ele, as chances de a conferência de Paris ser bem-sucedida são de 50%.
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