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Terça - 01 de Março de 2016 às 10:05

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365,2422 dias - é este o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol.


No atual calendário ocidental, adotado no final do século 16, um ano tem 365 dias. Para manter nossos relógios em sincronia com a Terra e suas estações, os 0,2422 que sobram - ou 5 horas, 48 minutos e 46 segundos - são somados, resultando em um dia extra a cada quatro anos.

É o que ocorre neste ano de 2016, que terá 366 dias.

Veja cinco curiosidades sobre anos bissextos:

1. A culpa é dos romanos

Sob o domínio de Júlio Cesar, no primeiro século a.C., astrônomos receberam a tarefa de melhorar o calendário romano antigo, que tinha 355 dias por ano com um mês extra de 22 dias a cada dois anos. Acreditava-se que o calendário havia se desencontrado completamente das estações.

Assim foi criado o ano de 365 dias, com um dia a mais em alguns anos para incorporar as horas extras - dando origem ao ano bissexto.

O mês que levava o nome do estadista - julho, que antes era "quintilis" - tinha 31 dias, enquanto agosto, que antes era conhecido como "sextilis", tinha apenas 30.

De acordo com os escritos de um acadêmico parisiense do século 13 chamado Sacrobosco, quando Augusto virou o primeiro imperador do recém-estabelecido Império Romano, ele queria um mês dedicado a ele - e um que tivesse a mesma importância para Julio César.

Então fevereiro, que tinha 29 dias ou 30 nos anos bissextos, passou a ter 28 dias - o dia "perdido" foi para o mês de agosto, que ficou com 31.

Houve outros ajustes ao longo dos anos.

Em 1582, foi elaborado o Calendário Gregoriano, que definiu novas regras para o cálculo dos anos bissextos. A parti daí, seriam bissextos apenas os anos múltiplos de 400 e os múltiplos de 4 e não múltiplos de 100. Exemplo de anos bissextos: 2000, 1600, 2016, 2012, 2004. Exemplo de anos não bissextos: 1700, 1800 e 1900.

2. Revolução dos trabalhadores

Se você ganha por mês, anos bissextos são más notícias.

Tecnicamente você está trabalhando um dia a mais sem receber por isso, já que o salário anual é o mesmo em anos com 366 dias.

Mas há um tema mais complexo por trás disso, já que avaliar o impacto econômico em anos bissextos é complicado.

A maioria das pessoas que lidam com estatísticas usa números arredondados para medir variáveis econômicas, como PIB, para fazer todos os fevereiros comparáveis.

Então fevereiro é considerado um mês com 28 dias acrescido de um quarto de um dia todo ano, sendo bissexto ou não.

Isso levou um professor de ensino médio de Maryland a dar início à "Revolução Sem Trabalho em Ano Bissexto" em 2008, embora a campanha ainda não tenha se materializado em um feriado extra por ano em nenhum lugar no mundo, como ele defende.

Alguns também poderiam dizer que trabalhadores recebem mais do que deveriam em fevereiro, já que esse mês é mais curto que os outros.

Mas a ideia de compensar por uma perda econômica de ter um dia extra no ano existe há cerca de um século.

Entre as alterações do calendário atual que foram propostas durante os séculos, uma das mais populares foi o chamado "Calendário Mundial", criado em Nova York em 1930, que queria mudar o 29 de fevereiro (do ano bissexto) para 31 de junho e transformar a data em feriado mundial.

3. Resoluções de ano bissexto

De forma mais modesta, pequenas "revoluções" estão sendo feitas por pessoas que agem para "retomar o dia" e gastam as horas extras com trabalhos voluntários e ajudando os outros.

"Doe seu dia a mais para caridade", diz a instituição Easyfundraising.org e muitas outras, principalmente na Europa e nos EUA.

Há campanhas para fazer as pessoas doarem, participarem ou arrecadarem fundos para diferentes causas, de pesquisa sobre câncer a atividades de extensão em universidades.

A chave, dizem as instituições de caridade, é que os chefes concordem em dar aos empregados o pagamento do dia 29 - mas, nem precisa dizer, quase nenhum quer fazer isso.

No Twitter, participantes estão usando a hashtag #ExtraDay (dia extra) e #LeapDay2016 (Dia bissexto 2016) para dizer o que estão fazendo.

Além da filantropia, outros usam o dia extra para agilizar planos de negócios atrasados.

Este ano, a agência de marketing digital escocesa Attacat tentará fundar uma nova empresa, do zero, em um único dia. Os funcionários não vão saber o que o que será a nova empresa até chegarem ao trabalho hoje.

"Como muitos empreendedores, tive muitas ideias de start-ups ao longo dos anos, mas nunca tive tempo para colocar as ideias em ação... então tive essa ideia", diz Tim Barlow, diretor-gerente.

"E não estamos falando sobre algo que está aqui hoje e não estará amanhã. Estamos nos esforçando para criar um negócio que dure."

4. Feliz aniversário - a cada quatro anos

Quando falamos sobre esta anormalidade do calendário, fica claro que os mais afetados por isso são os aniversariantes de 29 de fevereiro.

Eles só podem comemorar o aniversário "mesmo" a cada quatro anos. Muitos se acostumaram a comemorar no dia 28, mas dizem que não é a mesma coisa.

"Quando criança, era um problema. Agora me acostumei e acho divertido quando conto para os outros", disse à BBC o grego Dimitrios Michalopoulos.

As chances de nascer no dia 29 de fevereiro são relativamente pequenas - 1 em 1.461.

Atualmente, cerca de 4,1 milhão de pessoas fazem aniversário neste dia.

O cartunista Jaguar, o compositor italiano Rossini, o papa Paulo 3º e o rapper Ja Rule são algumas figuras públicas nascidas neste dia.

A boa notícia é que todos os bebês nascidos no dia 29 podem ter uma festa para ele na cidade de Anthony, no Texas (EUA).

A autoproclamada "Capital do Ano Bissexto" tem um festival de quatro dias que inclui um grande jantar de aniversário para os nascidos em 29 de fevereiro.

5. Mulheres de joelhos

Em alguns países, anos bissextos são associados a rituais e crenças - muitos tem a ver com casamentos.

Na Grécia, por exemplo, casais evitam se casar em anos bissextos porque eles acreditam que isso traz azar.

Mas, em vários outros países, o dia 29 de fevereiro é conhecido como aquele em que mulheres pedem homens em casamento.

O costume não chegou no Brasil, mas se popularizou no século 19. Mulheres eram incentivadas a fazer pedidos com cartões postais, mas as origens da tradição não são tão conhecidas.

Dizem que a tradição vem do século 5, quando uma freira irlandesa chamada Santa Brígida reclamou com São Patrício que as mulheres tinham que esperar muito até que os pretendentes fizessem os pedidos.

A lenda diz que São Patrício expediu um decreto que deu às mulheres o direito de fazer o pedido a cada quatro anos.

Outra história, mais duvidosa, diz que a tradição vem de uma antiga lei escocesa.

A rainha Margaret da Escócia estaria por trás de uma lei de 1288 que permitiu que mulheres solteiras tivessem a liberdade de fazer pedidos de casamento durante o ano bissexto; os homens que recusassem eram multados. Mas acadêmicos não encontraram provas desta lei em suas pesquisas.

Alguns veem esta ligação de pedidos de casamento com ano bissexto como um símbolo das mulheres por direitos iguais aos homens, enquanto muitos acham o contrário, como uma forma de reforçar os papéis tradicionais de gênero.

Em 1904, a colunista Elizabeth Meriwether Gilmer, uma das mais populares jornalistas mulheres de seu tempo, escreveu: "Uma prerrogativa para as mulheres nos anos bissextos, como a maioria das suas liberdades, é apenas uma zombaria glamourosa".





Fonte: BBC

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