Justiça nega absolvição a sobrinho de Maggi em ação penal Defesa requereu absolvição sumária; Jeferson Schneider não atendeu ao pedido
O juiz Jefferson Shneider, da 5ª Vara Federal em Mato Grosso, negou, nesta quarta-feira (13), pedido que tentava absolver, sumariamente, o empresário Samuel Maggi Locks, réu de ação penal derivada da Operação Ararath.
Samuel Maggi, acusado de lavagem de dinheiro, é sobrinho do senador mato-grossense Blairo Maggi (PR), também investigado no inquérito da Ararath que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
O empresário, assim como o empresário Renato Novack, são acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de terem agido a mando do então secretário de Estado de Fazenda Éder de Moraes para “lavar o dinheiro” movimentado pela suposta organização criminosa.
Os empresários, em tese, pegavam empréstimos junto ao Bic Banco e repassavam o dinheiro para o pagamento de dívidas da organização.
Depois, eles seriam pagos por construtoras, com parte do dinheiro recebido por serviços prestados ao Governo do Estado.
Origem do dinheiro
Segundo apurou a reportagem, o pedido de absolvição sumária teve como fundamento a alegada inexistência de lavagem de dinheiro. No requerimento, a defesa argumentou que Samuel Maggi não tinha conhecimento da origem do dinheiro usado para os pagamentos.
Porém, o magistrado avaliou que, para melhor esclarecer os fatos, seria necessário dar andamento à ação penal.
Para Jeferson Schneider, a situação de Samuel Maggi não se enquadra em nenhuma das circunstâncias que permitiriam a absolvição sumária, como a extinção da punibilidade e a existência de algum fator que poderia excluir a culpa dele nos fatos denunciados.
A acusação
Renato Novacki, que também é réu na Ararath
Na denúncia, o MPF afirmou que entre os anos 2007 e 2008, a SML Comunicação, na época de propriedade de Samuel Maggi Locks, fez vários empréstimos no Bic Banco.
Em dois deles, no valor de R$ 127 mil e R$ 180 mil, a empresa deu como garantia ao banco valores que supostamente teria a receber do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação.
O envolvimento da WM Comunicação, de Renato Novacki, teria ocorrido da mesma forma, segundo o MPF.
Em 2008, ele, então proprietário WM, teria feito um empréstimo de R$ 200 mil junto ao Bic Banco - e oferecido como garantia valores a receber por serviços supostamente prestados à Secom - que enviou ofício ao Bic Banco confirmando ter valores a serem pagos à WM Comunicação e SML Comunicação.
Mas, segundo o MPF, sem fazer referência ao número do contrato de prestação de serviço. A suspeita é que os contratos eram inexistentes.
Como parte do alegado esquema de desvio de recursos públicos, o empréstimo tanto da SML Comunicação quanto da WM Comunicação foram pagos diretamente ao Bic Banco pela Lince Construtora, a mando do então secretário Éder Moraes.
Segundo a denúncia, Éder supostamente condicionou o pagamento dos créditos devidos à Lince ao compromisso da construtora transferir parte do dinheiro recebido para empresas indicadas por ele. O que incluia a SML Comunicação e a WM Comunicação, além de outras empresas investigadas pela Ararath.
Os empresários Renato Novacki e Samuel Maggi Locks foram denunciados pelos crimes de lavagem de dinheiro. Na ação, o MPF também pede o bloqueio de R$ 307 mil e R$ 466 mil, respectivamente, em valores atualizados para devolução aos cofres públicos.
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