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Agronegócios
Segunda - 18 de Abril de 2016 às 08:47
Por: Gabriel Faria/Embrapa Agrossilvipastoril

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Um público de mais de 650 pessoas participou nesta sexta-feira, na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), do 6º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária realizado pela Embrapa e Sistema Famato/Senar . A programação trouxe tecnologias recém lançadas e até mesmo inéditas que podem ser adotadas pelos setor produtivo em Mato Grosso.


O dia de campo contou com um circuito de quatro estações, onde pesquisadores da Embrapa e parceiros institucionais apresentaram o manejo do componente florestal em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta ( ILPF), as novas cultivares de forrageiras lançadas pela Embrapa e as próximas que chegarão ao mercado, a tecnologia inovadora de adaptação de bicos hidráulicos para pulverização eletrostático e os novos equipamentos para o manejo da bananeira.

Além destas estações, o dia de campo contou com uma novidade com a disponibilização de quatro estações satélites, onde, após o fim do circuito principal, os visitantes puderam conhecer mais sobre os temas e tirar suas dúvidas. As estações satélites abordaram cultivares e manejo de sorgo biomassa e de feijão-caupi, os materiais de soja convencional do Programa Soja Livre e os projetos Rural Sustentável, do Banco Interamericano do Desenvolvimento ( BID), e Plantwise, do Centro Internacional de Biociência Agrícola (Cabi).

Esta foi a primeira vez que o dia de campo foi realizado em abril. Até então ocorria em fevereiro, mês que concentra a colheita da soja e o plantio do milho. Com a mudança mais produtores, técnicos e estudantes de toda a região Norte de Mato Grosso puderam participar e levar o conhecimento para seus municípios.

"Essa estação sobre ILPF traz uma nova realidade para nós da região de Ipiranga do Norte (MT). Só soja e milho não está dando sustentação mais. Já estamos pensando em áreas com baixo teor de argila introduzir o gado, introduzir as pastagens e agora também a floresta. Então foi o motivo que viemos aqui conhecer", afirmou ao fim do dia de campo o técnico agrícola Rudinei Duarte Scopel.

Já o extensionista da Empaer de Guarantã do Norte Amâncio Antunes Marques destacou os novos materiais forrageiros como uma opção de utilização pelos pequenos e grandes produtores da região.

"A gente já leva algumas informações de mudança para que o produtor mude um pouco essa característica da pastagem e possa adotar um pastejo rotacionado", afirma o extensionista.

De acordo com o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril, Flávio Fernandes Júnior, o dia de campo é uma importante oportunidade para que o técnico, o produtor ou mesmo o estudante tenham contato mais próximo com a tecnologia que poderão vir a adotar. Além de poderem ver ao vivo os materiais, ele destaca a possibilidade de conversar com pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento da tecnologia.

"Aqui temos o privilégio de ter a pesquisadora que desenvolve as variedades de forrageiras. O representante da Unipasto que desenvolve o mercado das variedades. O pesquisador que desenvolver o pulverizador e o que desenvolveu as ferramentas para a banana. O Jaldes que está totalmente integrado no processo produtivo de mudas e no mercado florestal... É uma oportunidade muito rica e impactante no processo de construção da opinião do produtor. Traz os elementos para que ele tome decisões futuras", explica Flávio Fernandes.

Parceria

Esta foi a quarta edição seguida em que a Embrapa Agrossilvipastoril realiza o dia de campo em conjunto com o Sistema Famato /Senar. A parceria é uma forma de unir forças na transferência de tecnologias em Mato Grosso.

"Temos que cada vez mais cultuar a união de forças e o compartilhamento de conhecimento. Cada entidade faz sua função, mas juntar e unir forças é fundamental. Cada uma faz uma grande força, juntando-as, trabalhamos melhor em beneficio de geração e transferência de tecnologia para quem precisa que é o setor produtivo", analisa o relações institucionais do Senar, Walter Valverde,

Além do Sistema Famato/Senar, o dia de campo contou também com patrocínio do BID, da Unipasto e da Rede de Fomento ILPF, grupo formado pela Cocamar, Dow Agrosciences, John Deere, Parker, Syngenta e Embrapa visando à transferência de tecnologia de ILPF.

Programação técnica

Estação 1 – Manejo do componente florestal em ILPF

Nesta primeira estação, os engenheiros florestais Diego Antonio, da Embrapa, e Jaldes Langer, da Flora Sinop, abordaram o manejo de espécies florestais em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Questões como espaçamento, poda e desrama de diferentes espécies e visando diferentes propósitos foram mostradas em uma área demonstrativa. Além disso, a apresentação mostrou a diversificação de renda na propriedade e as tendências do mercado madeireiro.

Estação 2 – Novas opções de forragem

As características e o manejo das novas cultivares de plantas forrageiras desenvolvidas pela Embrapa, como BRS Tamani e BRS Zuri, além de outros materiais recém lançados, como o BRS Paiaguás e BRS Tupi foram o tema da estação conduzida pela pesquisadora da Embrapa Gado de Corte Valéria Pacheco Euclides. Ela também apresentou em primeira mão a BRS Quênia e a BRS Ipiporã, dois híbridos que serão lançados em breve.
Marcos Roveri, presidente da Unipasto , também palestrou nesta estação, apresentando a instituição que reúne sementeiras em prol do fomento das pesquisas para o melhoramento genético das plantas forrageiras.

Estação 3 – Pulverização eletrostática

Nesta estação, o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Aldemir Chaim fez, pela primeira vez, uma demonstração pública do Sistema Universal de Eletrificação de Gotas para Bicos Hidráulicos. A tecnologia foi recentemente desenvolvida e possibilita, de maneira inovadora, converter qualquer bico de pulverização hidráulica em eletrostática. Para demonstrar ao público o efeito da tecnologia, ele a adaptou em um pulverizador costal comum.

De acordo com o pesquisador, a novidade desta tecnologia da Embrapa em relação a outras tecnologias de indução indireta é que ele resolve o problema do molhamento do bico que causava um curto circuito que danificava o eletrodo. Chaim explica que a solução encontrada impede a formação do filme líquido que faz a continuidade da corrente elétrica.

Na pulverização eletrostática uma carga elétrica estática é induzida em cada gota emitida, o que faz com que ela seja atraída pela planta que possui carga neutra. Com a inovação da Embrapa, é possível gerar uma carga elétrica muito alta em gotas pequenas, de 40 micrômetros. Essa carga elevada faz com que elas atinjam a planta muito rapidamente, antes mesmo de serem volatilizadas. Além disso, o fato de todas as gotas estarem com cargas elétricas de mesmo sinal faz com que haja uma repulsão entre elas. Com isso é possível atingir as plantas de maneira mais uniforme, mesmo em regiões mais escondidas, aumentando a eficiência do controle de pragas e doenças na lavoura.

Na prática, isso significa maior eficiência na pulverização, economia no uso de agrotóxicos e, consequentemente, maior eficiência no serviço de aplicação, já que a necessidade de reabastecimento do tanque é menor. Além disso, ao reduzir a quantidade de defensivos utilizados, a tecnologia traz benefícios ao meio ambiente.

Estação 4 – Cultivo da bananeira: controle da sigatoka-negra e desperfilhamento

Na última estação do circuito, o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental Luadir Gasparotto apresentou dois inventos que irão facilitar a vida do produtor de banana.
Um deles é um sistema de deposição de fungicida na axila da segunda folha. O equipamento ajuda a combater a sigatoka-negra, uma das principais doenças que afetam a cultura no Brasil.

Trata-se de uma adaptação de uma seringa veterinária, com mangueiras de silicone ou látex e um cano com a ponta curva. Este equipamento permite a aplicação do produto, na dose certa, diretamente na planta.

O invento traz entre outras vantagens em relação à aplicação aérea ou terrestre a maior eficiência no controle da sigatoka-negra, redução no número de aplicações, menor contaminação ambiental, uma vez que não há deriva, maior segurança ao operário e economia para o produtor.

A outra tecnologia apresentada foi o desperfilhador por roto-compressão, chamado comercialmente de Nova Lurdinha. Recém-chegada ao mercado, é uma ferramenta que aumenta a eficiência no trabalho de eliminação dos brotos (perfilhos) das touceiras de bananeira.

O equipamento é utilizado apenas com a força do operador. Para isso ele é colocado sobre o local da rebrota e comprimido. A força comprime uma mola que faz como que a broca que está na ponta gire e entre no broto, dilacerando a gema apical. Esse processo é diferente daquele feito pela Lurdinha. O aparelho mais utilizado até então para desenvolver esse trabalho retirava o broto, porém ao deixar o tecido apical, novos perfilhos poderiam ser formados exigindo a repetição da operação.

Pesquisas realizadas pela Embrapa Amazônia Ocidental, Unidade responsável pela inovação, mostraram que o desperfilhador por roto-compressão é até 20% mais eficiente do que a Lurdinha. Com o uso dele, em mil perfilhos, apenas 0,53% voltaram a brotar. Já com a Lurdinha o percentual de rebrota é superior a 22%.

O controle dos perfilhos é uma tarefa importante no manejo da bananeira, uma vez que garante a melhor condução das plantas desejadas, evita a competição por luz e nutrientes e garante frutos de melhor qualidade.

Outras vantagens da Nova Lurdinha são a melhor ergonomia para quem a opera e a economia de tempo. Testes realizados mostraram economia de até uma hora na eliminação de 1.000 perfilhos quando comparado ao uso da Lurdinha tradicional.





Fonte: Olhar Direto

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