Projeção
Expansão menor com produção recorde em MT Primeiras impressões da nova safra de soja em MT: cautela no tamanho da área, manutenção dos investimentos e expectativa de um clima melhor
Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil e um dos principais fornecedores da matéria-prima no mundo, começa dimensionar a sua nova safra, o ciclo 2016/17, que como primeira impressão vai deixando a expectativa do menor avanço em área plantada dos últimos nove anos, mas, com projeção de produção recorde, acima de 29,39 milhões de toneladas (t). A oferta histórica deriva de uma expectativa de que os sojicultores manterão o nível de investimentos e de que o clima irá contribuir para o desenvolvimento das lavouras, ao contrário do que se viu na última temporada.
O primeiro desenho da nova safra, conforme dados divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na última segunda-feira, aponta para uma estabilidade na área plantada de soja no Estado, mas com expectativa inicial de um aumento produtivo. “Inicialmente, a expectativa para a área semeada com a oleaginosa na safra 2016/17, em Mato Grosso, é de 9,23 milhões de hectares, representando uma área bastante semelhante à safra 2015/16, com aumento de apenas 0,28%, o equivalente a 26,2 mil hectares. A nova safra deve registrar o menor aumento desde a série histórica acompanhada pelo Imea (safra 2007/08), ficando bem abaixo do aumento da área de soja registrado na média das últimas cinco safras, que é de 7,6%”, pontuam os analistas do órgão.
Para a realização deste primeiro levantamento – que está sendo publicado antes da virada do mês, ao invés de ser apresentado nas primeiras semanas de junho – o Imea considerou para a estimativa inicial de área de soja a expectativa dos agentes do mercado e os dados levantados junto a 547 produtores de soja em Mato Grosso, durante o mês de abril deste ano.
Conforme o levantamento, as regiões que possuem expectativa de registrar os maiores aumentos de área são a norte e a noroeste, com elevação em relação à safra 2015/16 de 3,5% e 1,2%, respectivamente. “Mesmo assim, os aumentos esperados nestas regiões estão bem abaixo dos ocorridos nas últimas safras”, alertam os analistas
Já para a maior região produtora do Estado, o médio norte, espera-se um leve recuo de 0,3% na área da nova temporada, baseada, sobretudo, nos resultados abaixo do esperado na safra 2015/16.
DIFERENCIAIS – Se o crescimento espacial da nova safra não está garantindo no novo ciclo, a produtividade surge como o grande diferencial da temporada. “Apesar de as projeções com relação aos rendimentos a campo da safra 2016/17 serem limitadas neste momento, já que restam ainda insumos a serem adquiridos por parte do produtor rural, espera-se que na nova safra os investimentos em tecnologia continuem ocorrendo, o que impulsionaria a expectativa sobre o rendimento das lavouras. Assim, as projeções iniciais apontam para uma produtividade esperada de 53 sacas por hectare (sc/ha) na safra 2016/17, cerca de 6,56% superior à safra 2015/16 e bastante semelhante à consolidada no ciclo 2014/15, que foi de 52,9 sc/ha”, projetam os analistas do Imea.
Se a expectativa de rendimento se confirmar na proporção apontada, a produção aguardada para a temporada 2016/17 nesta primeira intenção de safra – que recebe influência positiva do incremento aguardado na produtividade – faz com que as apostas elevam o saldo da sojicultura para algo em torno de 29,39 milhões de toneladas, representando um aumento de 1,85 milhão de toneladas em relação à safra 2015/16. “Cabe salientar que esta primeira projeção representa o sentimento inicial do mercado, notando-se que a primeira expectativa sobre temporada 2016/17 aponta para um aumento de produção baseada em ganhos com a produtividade a campo, diferente do que ocorreu nas últimas safras, onde a produção registrou crescimento baseada, principalmente, no aumento de área. Por isso, qualquer interferência climática sobre a nova safra poderá trazer impactos ainda maiores que o verificado no último ano sobre a oferta do novo ciclo, bem como sobre a renda da atividade”.
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