O risco de uma "epidemia" de ferrugem asiática na próxima safra de soja em Mato Grosso – maior produtor brasileiro – já assombra o produtor rural. Com o plantio prestes a iniciar – após o término do vazio sanitário em 15 de setembro – as lavouras que ainda vão surgir já podem nascer infectadas com a doença. Contaminação especialmente provocada pela existência das plantas guaxas, hospedeiras do fungo Phakopsora pachyrhizi.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Fávaro, diz que já é iminente a chance de propagação desenfreada da doença. Desde que iniciou o escoamento da produção agrícola, dezenas de plantas nasceram carregadas com a ferrugem. Lavouras se formaram às margens das rodovias do estado em um período em que vigora a proibição para a semeadura.
Somente na safra 2011/12 a ferrugem asiática provocou a perda de quase um milhão de toneladas de soja. Prejuízos que se aproximaram da casa de R$ 1 bilhão. O termômetro da situação já foi mensurado durante vistorias em diferentes regiões do estado e realizadas pela Aprosoja e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Todos os municípios produtores foram percorridos e a quantidade de ferrugem asiática em plena seca foi impressionante. Na última safra a perda foi de um milhão de toneladas, mas pode se agravar”, alertou o dirigente durante seminário em Porto Alegre do Norte, a 1.143 km de Cuiabá, nesta terça-feira (4). O município recebeu a comitiva da Aprosoja que viaja em direção ao estado do Tocantins no projeto Estradeiro BR-158.
“O produtor precisa destruir a soja guaxa, mas não somente aquela que ainda está nas propriedades. Detectamos o problema também nas cidades, em volta de armazéns, às margens de rodovias”, afirmou ainda o presidente da Associação.
A Aprosoja já estima que para a temporada 2012/13 o produtor tenha que desembolsar mais para a prevenção e combate à doença. Isto porque duas ou três aplicações de fungicidas podem não ser suficientes para controlar o problema. Por outro lado, Carlos Fávaro diz que o setor também espera agilidade do governo federal na liberação de novas moléculas desenvolvidas por companhias. Elas já foram lançadas pela indústria, mas aguardam aprovação da União.
Produtor rural em Água Boa, a 736 km da capital, Jonas José Apio diz que a ferrugem tornou-se o elemento surpresa na safra 2011/12. No município, calcula-se que a perda em produtividade tenha alcançado cinco sacas por hectare. “Não se esperava da forma como se manifestou. Perdeu quem somente realizou duas aplicações. Nessa próxima safra, teremos que fazer quantas forem necessárias”, expressou o agricultor cuja família planta 1,3 mil hectares com a oleaginosa.
Em 2012/13, Mato Grosso deve plantar 7,8 milhões de hectares de soja, total 11,6% superior aos 7 milhões de hectares da temporada 2011/12. A produção estimada é de 21,4 milhões de toneladas, resultado 13% acima ao colhido nesta última safra.
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