Universitária admite que não foi estuprada e é indiciada
Uma estudante universitária de 19 anos mentiu que sofreu um estupro, após descer de um ônibus da linha T1, em Porto Alegre, de acordo com a Polícia Civil. O caso veio à tona no começo de maio, quando a jovem fez uma publicação nas redes sociais relatando o abuso. No post, ela ainda divulgou um desenho de um suposto autor do abuso. Confundido com o suspeito descrito pela jovem, um homem chegou a ser espancado por populares e precisou ser encaminhado para o hospital, com traumatismo craniano.
Após a confissão da estudante, a polícia a indiciou por falsa comunicação de crime, com uma pena prevista de um a seis meses de detenção.
A delegada Tatiana Barreira Bastos, responsável pela investigação, afirmou ao G1 que foram encontradas inconsistências no primeiro depoimento da universitária. Por isso, ela voltou à delegacia no final da tarde de quarta-feira (8) e admitiu que o caso não ocorreu, sem dar justificativas. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e ficou conhecido como "estupro do T1".
A partir do cartão de ônibus da universitária, a polícia descobriu o percurso feito por ela e o horário do embarque e desembarque da jovem no coletivo. "Ela desce em outra parada, em outra região da cidade, por exemplo. Além disso, foram horários diferentes." Segundo a polícia, as imagens do ônibus mostram que ela desce sozinha do ônibus. Na postagem, ela dizia que um homem desceu junto, com uma faca em punho, e a levou até um praça, onde foi violentada. "Ela não foi abordada. O que não existe é um manÍaco atacando mulheres", reforça a delegada.
Segundo a polícia, o desenho foi retirado da internet. "Verificamos que o retrato falado não foi feito por ela, estuprador não existe. Ela pegou uma imagem pronta", conta a delegada. O exame do corpo de delito, realizado após o relato, ainda não foi entregue à polícia. Para a polícia, um arranhão no seio teria sido provocado por ela. "Ela mesma reconhece isso. Disse ter ficado muito nervosa."
A delegada acredita que a mulher esteja sofrendo "abalos psicológicos". Por isso, após o depoimento, familiares dela encaminharam a estudante para internação em um hospital. Ela vai responder por falsa comunicação de crime, com uma pena de um a seis meses, o que é considerado crime de menor potencial ofensivo.
Tatiana diz que a polícia estava há duas semanas no caso. "Fizemos muitas diligências e talvez dez pessoas tenham sido ouvidas." Entre os ouvidos está a psicóloga de uma igreja, frequentada pela estudante. "Ela nos disse que a jovem tem histórico de mentiras, o que a gente já desconfiava." Durante o andamento do inquérito, dois homens suspeitos foram reconhecidos por ela, mas foram liberados.
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