Mato Grosso perde espaço para estados vizinhos no setor atacadista
Juntos os 56 atacadistas mato-grossenses registraram em 2015 um faturamento de R$ 1,7 bilhão. O montante é R$ 200 milhões menor que os R$ 1,9 bilhão faturados por um único grupo empresarial no estado de Goiás. Ranking nacional do setor atacadista revela que Mato Grosso, devido à guerra fiscal e os incentivos fiscais de estados vizinhos, está perdendo cada vez mais espaço no cenário brasileiro.
Os dados constam da revista Distribuição da Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores (ABAD). O ranking nacional mostra que Mato Grosso está perdendo espaço para estados vizinhos como Rondônia, Goiás e até mesmo Minas Gerais.
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Em Rondônia, um só atacadista fatura R$ 700 milhões. E o mercado de Mato Grosso acaba em desvantagem na competição e se torna atrativo para os vizinhos venderem aqui, segundo o presidente da Associação Mato-grossense dos Atacadistas e Distribuidores (Amad), João Carlos Sborchia, principalmente em decorrência da região de Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
Outro fator que leva Mato Grosso a perder competitividade e a ocupar o 17º lugar em faturamento entre os estados brasileiros, é que os atacados de Rondônia, Goiás e Minas Gerais vendem dentro do Estado com preços mais competitivos que os praticados pelos atacados mato-grossenses.
“A zona franca tem isenção de ICMS e impostos federais como PIS, Cofins e contribuição social. Os preços dos produtos dessa região chegam a ter 47% de diferença aos nossos”, pontua o presidente da Amad. “Eles conseguem isso graças aos incentivos fiscais de ICMS. Rondônia tem isenção do IPI e, dependendo do produto, o IPI chega a 35% de diferença”, completa Sborchia.
No que tange ao ICMS, Goiás leva vantagem, revela a Amad, pois quando vende para Mato Grosso paga de 1% a 2% do imposto, dependendo da tratativa tributária. “Goiás exporta muita mercadoria de consumo para outros estados, principalmente Mato Grosso, aumentando nossa concorrência interna”.
Já Minas Gerais, revela a Associação Mato-grossense dos Atacadistas e Distribuidores, dependendo do produto que adquirir em São Paulo e revender para Mato Grosso, o atacadista não paga o ICMS e ainda ganha um crédito de 3,55%. “Nós estamos cada vez mais pressionados pelos estados vizinhos, pois eles têm uma política fiscal agressiva e atualizada, sendo que Mato Grosso não acompanhou as mudanças do setor. Além disso, os atacadistas e distribuidores mato-grossenses geram cerca de 40 mil empregos e possuem uma frota 10 mil veículos que consomem combustível, pagam IPVA, ICMS abastecendo a economia local, o que os atacados de fora não contribuem com o nosso estado”, pontua Sborchia.
Perante os estados vizinhos, o presidente da Amad afirma que o setor em Mato Grosso está "ilhado" e que precisa mudar sua política fiscal com urgência. “Estamos buscando uma política fiscal mais justa e condizente com a realidade, para que o setor atacadista de Mato Grosso consiga vender não somente dentro do estado, mas, também, nos estados vizinhos. Hoje mal conseguimos vender aqui dentro”.
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