Justiça Comunitária: a união faz a força
A máxima “A união faz a força” nunca foi tão verdadeira quanto nos mutirões do Justiça Comunitária, programa desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e parceiros. Essa unidade em prol da comunidade, entretanto, superou quaisquer expectativas no mutirão realizado em Campo Verde (131 km de Cuiabá), no último dia 18 de junho, onde o Poder Judiciário local reuniu mais de 90 parceiros, entre empresas, pessoas físicas e voluntários, para levar serviços de cidadania à população.
Claudiomiro Donador, gestor-geral da Comarca de Campo Verde, conta que a ideia inicial era realizar um evento menor, mas que com o passar dos dias e com as adesões, o mutirão foi ganhando corpo até se transformar em um grande acontecimento. “À medida que íamos falando com as pessoas, elas falavam “nossa, que legal” e iam entrando para o evento. Até no último dia houve pessoas querendo participar e a gente já não via como acomodá-las na escola. A comunidade participou mesmo, tanto empresas quanto pessoas físicas. Tiveram pessoas que chegaram dizendo que não tinham condições de oferecer nada material, mas se dispondo a ajudar no dia como voluntárias”, revelou.
Ele contou ainda que houve um grande apoio para atender a demanda por óculos de grau, que é uma das mais procuradas em todos os mutirões. “Algumas pessoas da sociedade nos doaram um valor em dinheiro para que comprássemos óculos para serem doados no mutirão. Ao todo, foram 78 unidades. Também fizemos uma parceria com a ótica, que aceitou vender os objetos a preço de custo para todos os participantes do mutirão. Uma armação que costuma ser vendida por R$300 saiu por R$50. E a lente foi vendida por apenas R$30”.
O servidor se recordou ainda de uma doação inusitada que o mutirão recebeu. “A sra. Edilaine, de Nova Mutum, chegou para mim um dia antes da montagem do evento me oferecendo 500 melancias. Ela disse que tinha vindo à cidade para vendê-las, mas não conseguindo comercializar todas, resolveu doá-las para o mutirão. Com ajuda da Secretaria Municipal de Obras, que emprestou um caminhão para buscar as frutas e as levou até o evento, a doação foi feita. Graças a ela, tanto a equipe quanto a população puderam desfrutar das melancias docinhas para se refrescar durante o dia ensolarado”, acrescentou.
Para ele, esta resposta da população engrandeceu o programa e deixou a equipe motivada. “Ficamos noites sem dormir. Tanto eu quando a juíza responsável pelo mutirão, Maria Lúcia Prati, acordávamos à noite por diversas vezes pensando nos detalhes e lembrando do que faltava ser visto. Recomendo as outras comarcas que também participem do Programa Justiça Comunitária. Vai te dar um pouquinho de trabalho, vai. Mas, nós estamos aqui para quê? É realmente recompensador! Traga para a sua comarca que o resultado é muito satisfatório”, recomendou.
O agente do Programa Justiça Comunitária, Emerson de Moraes, também esteve em Campo Verde para atender a população. Com apenas 22 anos, a história dele perpassa a vida dos assistidos do programa. “Eu cresci num lar adotivo e por não ter sido destituído da minha família de origem, não pude ser adotado. Mas tive um padrinho afetivo que sempre me deu suporte financeiro e afetivo. Hoje trabalho e tenho minha própria casa, mas me sinto na obrigação de estar envolvido em projetos sociais para retribuir um pouco da ajuda que tive”, contou.
De todos os casos que atendeu no Programa Justiça Comunitária, ele se recordou de um em especial. “Num mutirão no meu bairro, pude assistir a uma senhora que mora na mesma rua que eu. Ela precisava resolver a pensão alimentícia do neto e o pai havia sumido. Tivemos muito trabalho para encontrá-lo, mas no fim tudo deu certo. Algum tempo depois, ela foi até a minha casa e me deu um doce de mamão feito com todo o carinho para me agradecer. Confesso que me comovi. Vemos muitas histórias tristes todos os dias e às vezes as pessoas precisam só de uma orientação simples para resolver seus problemas. E esse programa leva justamente isso, o acesso às pessoas”, enfatizou.
CASO - Um exemplo disso é o caso do pintor Joselito Ferreira dos Santos. Ele aguardava há oito meses por um atendimento para alterar um dado errado na certidão de nascimento do filho dele, de 10 anos. No Justiça Comunitária, ele conseguiu fazer a alteração em aproximadamente cinco minutos. “Meu nome estava escrito errado no documento do meu filho Matheus e por causa disso não conseguia tirar os outros documentos dele. O pessoal me recebeu super bem e resolveu meu problema rapidinho. Só tenho a agradecer e pedir que esse mutirão aconteça mais vezes”, pediu.
O coordenador da Justiça Comunitária, juiz José Antonio Bezerra Filho, considerou o mutirão um sucesso e agradeceu a presença de todos os parceiros e voluntários. “Sinto-me muito feliz de realizar este mutirão nesta tarde tão bonita de sábado. Este trabalho só é possível graças à cooperação de todos os envolvidos que estão aqui fazendo a diferença na vida destas pessoas. Acredito que o pior é pecar por omissão. Estamos fazendo o nosso papel”, garantiu o magistrado.
Realizado no Centro Educacional Paulo Freire, está foi a última edição do Programa Justiça Comunitária deste semestre, em virtude do início do período eleitoral.
Estiveram presentes no evento o prefeito de Campo Verde, Fábio Schrocter; o juiz diretor do Fórum de Campo Verde, André Barbosa Simões; a vice-presidente do TJMT, Clarice Claudino da Silva; o presidente da Câmara Legislativa de Campo Verde, Welson Silva; a gestora do Cejusc da cidade e juíza responsável pelo mutirão, Maria Lúcia Prati; a juíza da 3ª Vara de Campo Verde, Caroline Schneider Guanaes Simões; o juiz da 3ª Vara de Jaciara, Francisco Ney Gaíva; o promotor de justiça Marcelo Correa; o defensor público Leandro Fabris Neto; e o Secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social (SETAS), Valdiney Antônio de Arruda.
Fotos: Tony Ribeiro (F5)
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