Superávit
Commodities escoram um terço do país Mesmo exportando 97% da pauta em matérias-primas, MT fechou semestre com excedente de US$ 7,56 bi, sustentando 32% do saldo do Brasil
Mais de 97% das exportações de Mato Grosso se concentraram neste primeiro semestre em embarques de matérias-primas e mesmo assim geraram receita suficiente para dar a Mato Grosso um superávit externo de US$ 7,56 bilhões, cifras que sozinhas sustentaram pouco mais de um terço (32%) do saldo comercial do país, superando Minas Gerais e o Pará.
Graças às commodities agrícolas, Mato Grosso manteve a terceira colocação entre os maiores exportadores do Brasil no período - atrás apenas dos industrializados São Paulo e Minas Gerais. As exportações mato-grossenses de janeiro a junho somaram US$ 8,2 bilhões, crescimento de 25,4% em relação aos US$ 6,54 bilhões de 2015, crescimento que retoma o desempenho positivo da pauta de exportações, prejudicada nesse período nos anos de 2014 e 2015. O saldo superavitário do Estado é resultado de US$ 8,2 bilhões em exportações, menos US$ 652,26 milhões em importações, que resultam em vendas maiores que as compras em US$ 7,56 bilhões. Além da demanda internacional por grãos, a receita é beneficiada pela valorização do câmbio que beneficia as transações.
Com esse faturamento, US$ 8,2 bilhões, Mato Grosso passa a contribuir com 6,9% do montante total do país, que somou US$ 90,25 bilhões, registrando retração de 4,3% em relação aos US$ 94,32 bilhões exportados no mesmo período em 2015. No entanto, o superávit do país foi de US$ 23,65 bilhões, dada à retração de 27,7% nas importações por conta da fortíssima recessão econômica nacional. No primeiro semestre, São Paulo contabilizou receita de US$ 22,13 bilhões e Minas Gerais US$ 10,04 bilhões.
Como observa o economista e consultor da PR Consultoria de Cuiabá (MT), Carlos Vitor Timo Ribeiro, “é importante registrar que exceto Mato Grosso e o Paraná, todos os outros Estados tiveram desempenho negativo nesse semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Mato Grosso cresceu a receita das exportações em 25,5% e o Paraná, quarto colocado nacional entre os maiores exportadores do período, em 7,1%. Friso ainda, que os dois estados à frente de Mato Grosso, como São Paulo e Minas Gerais apresentaram retração anual de 0,6% e 8,8%, respectivamente”.
‘GANHO’ – Como pontua Timo Ribeiro, “o efeito do câmbio em nossas vendas externas até junho continua sendo bastante positivo e demonstra um ‘ganho’ de R$ 2,56 bilhões, por conta da apreciação de 10% do dólar frente ao real, no período”, explica. Com o dólar médio de junho de 2016 em R$ 3,424, as exportações desse ano totalizam R$ 28,12 bilhões, contra R$ 25,56 bilhões com o dólar médio de junho do ano passado (R$ 3,112), “daí a diferença positiva de R$ 2,56 bilhões que denominamos ‘ganho cambial’. O aumento de 25,5% em dólar no valor total de nossas vendas externas nesse semestre, transforma-se em aumento ainda maior de 38% em reais, ilustrando bem o efeito cambial que potencializa o ‘ganho’ em reais, com reflexos positivos para a economia mato-grossense, que tem nas exportações, contribuição expressiva na formação histórica do PIB estadual”.
PRODUTOS – Do total exportado pela pauta mato-grossense, US$ 5,8 bilhões foram negociados pelo complexo soja, registrando crescimento de 18,1% em valor, por conta do forte aumento dos embarques físicos de soja-grão e de farelo, mesmo com retração nas cotações internacionais.
Timo Ribeiro chama à atenção para o comportamento de outras duas commodities: milho e algodão. As vendas de milho “dispararam” totalizando US$ 1,21 bilhão, um aumento em valor de 112%, mesmo tendo retração de 11% no preço externo, compensado pelo aumento de 138% no volume físico exportado, que já superam 7,2 milhões de toneladas, influenciado provavelmente pelo bom momento do câmbio.
As vendas de algodão também cresceram bastante registrando aumento de 38,7% em valor e de 46% nos embarques físicos, apesar da queda de 5% no preço internacional. “Nesse ano, estamos respondendo por praticamente 60% das vendas físicas de milho e de 63,8% do algodão exportados pelo país, o que também nos credencia como importante players do agronegócio nacional”, destaca.
As exportações do complexo carne totalizam US$ 619,07 milhões, registrando crescimento de 4,4% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
A carne bovina com US$ 454,27 milhões de faturamento vem sustentando a quarta posição na pauta externa estadual apesar da retração de 12,4% no faturamento e 11,3% na cotação externa no período. As vendas de carne suína e de aves registraram fortíssima recuperação em valor e no embarque físico, especialmente a carne suína com variações acima de 1.300%, mas Timo Ribeiro alerta que dada a base de comparação via quantitativos irrisórios do primeiro semestre do ano passado o percentual é o que se chama de armadilha estatística.
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