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Economia
Terça - 19 de Julho de 2016 às 07:40
Por: Eduardo Gomes - Diário de Cuiabá

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Dinalti Miranda/DC
A superintendente do Procon de Mato Grosso, Gisela Simona Viana de Souza, segue cautelosa e no aguardo de informações vindas do Bradesco
A superintendente do Procon de Mato Grosso, Gisela Simona Viana de Souza, segue cautelosa e no aguardo de informações vindas do Bradesco

Em Mato Grosso, nem sempre a relação do banco com o cliente é satisfatória. São comuns reclamações ao Procon Estadual contra essas instituições do sistema financeiro e as razões são as mais diversas possíveis. De janeiro a 13 deste mês de julho foram registradas 1.452 reclamações e ao longo do ano passado, 6.718. 


A superintendente do Procon em Mato Grosso, Gisela Simona Viana de Souza, revela que as principais reclamações denunciam demora nas filas por atendimento, erros em taxas de juros, irregularidades, rescisões, alterações e não cumprimento de contratos, erros em cálculos de prestações em atrasos, clonagem, fraudes, roubos, furtos e pagamentos indevidos de cheques, saques e transferências indevidos e falhas em ordens de pagamentos.

Os dados das queixas foram catalogados pelo Procon Estadual em Cuiabá, mas não ficam restritos aos clientes bancários da Capital, pois o mesmo tem abrangência na área territorial mato-grossense sem excluir nenhum dos 141 municípios. Os números estão disponíveis no Sistema Nacional de Informação de Defesa do Consumidor (Sindec) que integra o banco de dados do Procon de Mato Grosso. As reclamações relativas a 2016 não incluem a que foi feita em junho pela JVP Factoring, de Cuiabá, que alega ter sido vítima de um prejuízo superior a R$ 6 milhões em razão do pagamento de aproximadamente 1.500 cheques compensados de sua conta na agência 1966, com assinaturas fraudadas. As fraudes, recorrentes, num período de oito anos, teriam contado com a participação de dois funcionários de seus quadros, segundo a JVP.

Gisela não entra em detalhes sobre a reclamação da JVP, mas explica o procedimento adotado. Segundo ela, o Procon expediu uma carta de informações preliminares (CIP) ao Bradesco, para que o mesmo respondesse em 30 dias, prazo que venceu em no dia 7 deste mês, sem que o banco se posicionasse. CIP é uma solicitação de providências e esclarecimentos. Caso a mesma não seja atendida, o Procon instaura Processo Administrativo. “Isso (o esclarecimento do Bradesco) vai ser o norte”, argumenta a superintendente. Cautelosa, a superintendente não fala sobre Processo Administrativo. Porém, deixa a entender que continua à espera do posicionamento do banco.

O norte a que se refere a superintendente será o cruzamento das informações do Bradesco com a microfilmagem dos cheques apresentada pela factoring. Nesse contexto também deverá pesar a revelação ao Diário feita em entrevista pelo presidente do sindicato dos bancários (SEEB), Clodoaldo Barbosa. O sindicalista disse que “os bancos não oferecem cursos de grafoscopia na detecção de fraudes em assinaturas, porque não lhe interessa investir na capacitação de seu pessoal”.

Quando a queixa da JVP entrar no sistema do banco de dados do Procon aumentará consideravelmente o volume estatístico. No entanto, não há prazo para tanto, pois o banco insiste no silêncio sobre o fato. Durante cinco dias no começo de junho o Diário tentou ouvir a Gerência Regional do Bradesco em Cuiabá, mas seu titular, Daniel Kiefer de Araújo, se recusou a falar sobre o caso.

Além da reclamação ao Procon, a JVP denunciou o caso ao Banco Central, à Polícia Civil e ao próprio Bradesco. Enquanto os órgãos encarregados tentam desatar o nó da meada, correntistas e poupadores ficam com o pé atrás pela aparente fragilidade da segurança bancária numa área extremamente preocupante, que é a identificação da assinatura no cheque emitido para saque na boca do caixa ou compensação.

O CASO – O pagamento dos 1.500 cheques causou um rombo superior a R$ 6 milhões à factoring. Os cheques eram impressos por um funcionário da JVP e preenchidos com valores inferiores a R$ 5 mil, justamente para que no ato do saque a autenticidade da assinatura (falsificada) não fosse checada, bem como emissão da ordem de pagamento não fosse confirmada junto ao emitente, no caso do presidente da JVP que nem desconfiava da ação lesiva.

Com o tempo, o funcionário identificado e afastado, José Honório Dantas de Souza, percebeu a fragilidade do sistema bancário e passou não apenas a sacar na boca do caixa, como também a depositar os cheques na conta da esposa e a aumentar os valores a cifras próximas a R$ 10 mil, o que seguiu sem chamar à atenção do Banco, até que em 2014 uma auditoria feita pela própria JVP descobriu e pôs fim à fraude. 





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