Abrafrigo alerta para nova crise
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) alertou em nota à imprensa para o atual cenário da indústria frigorífica do Brasil. Segundo a associação, o cenário aponta para uma nova crise sem precedentes, pois engloba três fatores de dificuldades que historicamente não costumam caminhar juntos e neste ano estão acontecendo no mesmo período.
“Estamos próximos do fechamento de diversas unidades e desemprego, algo que não imaginávamos que pudesse vir tão cedo”, alerta o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, destacando que a indústria frigorífica emprega mais de 1 milhão de trabalhadores no país.
A primeira dificuldade levantada pela Abrafrigo é a queda no consumo de carne bovina, que em anos anteriores rondou perto de 40 kg/hab/ano e atualmente está em torno de 32 kg/hab/ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O cenário é ainda pior, já que a expectativa é que o recuo continue em função da queda do poder aquisitivo da população.
A redução do volume enviado para o mercado externo é apontada pela entidade como segundo fator. As exportações têm encontrado dificuldade de crescimento em função da redução de compras de importantes parceiros comerciais do Brasil, como Rússia e Venezuela, países que têm sofrido com a baixa cotação do petróleo.
A Abrafrigo ressalta que o Brasil exporta apenas 20% da carne bovina que produz, e espera um crescimento de 4,1% nos embarques para esse ano, alcançando um total de R$ 1,9 milhão de toneladas em 2016. Segundo a entidade, mesmo que a projeção de volume se confirme, o baixo preço pago pela carne brasileira – classificado como último fator de crise – limita a rentabilidade das indústrias.
“As exportações, que compensavam a dificuldade de gerar resultado financeiro com o mercado interno, perderam rendimento com a desvalorização cambial e alta da arroba. O dólar abaixo de R$ 3,50 como está atualmente não ajuda em nada o setor. Os frigoríficos correm sério risco de prejuízo”, conclui Péricles Salazar.
Em Mato Grosso, por exemplo, mesmo liderando o volume de abates no país e detendo o maior rebanho nacional de bovinos – cerca de 29 milhões de cabeças - deixou de abater cerca de 43 mil cabeças na comparação anual com o primeiro trimestre de 2015, redução de 3,7%. Os dados são os recentes disponibilizados pelo IBGE.
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