Base e oposição atacam Governo Taques e falam em improbidade Janaina Riva e Zeca Vianna fizeram os discursos mais contundentes contra a administração do tucano
O novo atraso do Governo do Estado no repasse do duodécimo da Assembleia Legislativa desencadeou diversas críticas da bancada de oposição e situação à gestão do governador Pedro Taques (PSDB).
O tucano não repassou os montantes dos poderes, referentes a julho, alegando estar passando por uma “gravíssima situação financeira”. A Assembleia deveria ter recebido R$ 22 milhões. Os valores deveriam ter sido repassados nesta quarta (10), mas não foram.
Em discurso contundente, na manhã desta quarta, Janaina afirmou que Taques cometeu “improbidade administrativa”, o que poderia lavar a uma cassação de mandato.
“Isso é crime de improbidade administrativa. Gera impeachment de um governador do Estado. Agora, o Governo sai por aí falando que vai fazer obras para não sei quantas mil pessoas, mas não cumpre sequer com aquilo que é constitucional, básico e necessário”, disse.
Tem que ter óleo de peroba na cara desse governador. Começa a trabalhar e discursar menos. Deveria ter vergonha de subir em palanque e pedir votos para os outros
“Membros do MPE têm me procurado para saber se a Assembleia não vai se manifestar sobre os atrasos do duodécimo. O Governo, a cada dia que passa, começa a entrar em uma crise, um buraco negro que daqui a pouco não tem como fugir. A situação do Estado é de calamidade. Se começa a atrasar duodécimo, sabe lá o que vai começar a atrasar a partir de agora”, afirmou.
A deputada cobrou um posicionamento “mais firme” do presidente do Legislativo, deputado Guilherme Maluf (PSDB). Segundo ela, a Mesa Diretora tem sido omissa e deixado o Governo agir “da forma que bem entende”.
“Estamos vivendo em uma ditadura, temos um rei dentro de Mato Grosso que faz o que bem entende, do jeito e da forma como ele quer. Governador tem que ver que aqui tem deputados e da forma como está conduzindo, está inviabilizando Mato Grosso”, disse.
“Tem que ter óleo de peroba na cara desse governador. Começa a trabalhar e discursar menos. Deveria ter vergonha de subir em palanque e pedir votos para os outros. Não é só duodécimo que me indigna, me indigna a falta de capacidade de governar um estado como este. Faça igual a mim: não disputo a Mesa porque não tenho capacidade ainda. Disputou para ser governador sem ter capacidade e agora estamos colhendo os frutos disso”, afirmou.
O deputado Zeca Viana (PDT) também criticou os atrasos e afirmou que a atual gestão decepcionou e não cumpriu com as promessas firmadas na campanha eleitoral.
“Tudo que queremos é um Estado que seja bem governado, por pessoas sérias, competentes e que tragam desenvolvimento. Mas, infelizmente, nosso governador não vem cumprindo as expectativas”, disse.
“Porque honestidade esse governo já provou que não tem. Eles estão com um secretário na cadeia [o ex-secretário de Educação Permínio Pinto]. Talvez, seja o secretário que foi preso mais rápido dentro de um novo governo. Tem, ainda, o escândalo dos [empréstimos] consignados, que não sei o que o Ministério Público está fazendo que ainda não está investigando”, afirmou.
Já o deputado da base governista Pery Taborelli (PSC) concordou com as críticas dos colegas e disse que o Governo tem constantemente excluído a Assembleia da possibilidade de ajudar a governar o Estado.
Ele também criticou a forma como o secretário de Estado de Segurança, Rogers Elizandro Jarbas, vem conduzindo a Pasta.
“Tenho buscado incessantemente essa relação entre a Assembleia e o Governo. Mas temos percebido que não é aberto o espaço para que os deputados participem, assinem junto com o Governo, seja nos acertos ou nos erros. Não participamos da governabilidade. E quando há um atraso de duodécimo, ele poderia chamar os deputados, mas não vemos essa permissão para participar”, disse.
“Temos um secretário de Segurança [Rogers Jarbas] que nunca participou da vida policial e os lugares que ele passou, como o Detran, deixou uma verdadeira balbúrdia, deixou o Detran acéfalo. Veio para a Sesp e não comandada nada, policiais morrendo todos os dias. A Segurança está nas mãos de quem não tem capacidade para tocar”, afirmou.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Maluf: "Não houve o repasse, estava programado para hoje, mas temos o ofício pronto para cobrar"
Sem ação
O único a subir na tribuna para defender a gestão tucana foi o deputado Leonardo Albuquerque (PSD), que afirmou que Estado passa por um momento de crise e que parte disso foi culpa da gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), preso desde setembro de 2015.
Durante a sessão, o presidente Guilherme Maluf não se manifestou a respeito das críticas recebidas pelos deputados.
Depois, em conversa com a imprensa, afirmou que enviará ofício ao Governo para saber as razões dos repasses não terem sido depositados ainda. Ele, entretanto, descartou, por ora, acionar o Governo na Justiça.
“A Assembleia fez um entendimento sobre a tolerância no atraso do repasse. A tolerância vence hoje e caso não seja depositada, iremos nos manifestar oficialmente pedindo para que a Secretaria de Fazenda se pronuncie”, disse.
“Eu deixei muito transparente sobre ter ou não o repasse. Não fico escondendo nada disso. Não houve o repasse, estava programado para hoje, temos o ofício pronto para cobrar. Se não responder ou não tiver uma previsão de pagamento, aí iremos tomar uma decisão sobre entrar ou não na Justiça”, completou.
Veja o vídeo com as críticas da deputada Janaina:
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