Consumidor
Por alguns gramas de economia Preços exagerados não ficam evidentes quando se adquire produtos em pequenas doses. Ficar de olho nas medidas pode fazer a diferença
Se o preço do quilo do feijão (R$ 6,52, conforme o último Índice de Preços ao Consumidor calculado pelo IPCA), do litro de leite longa vida (R$ 3,66) e do quilo do tomate (R$ 4,63) assustaram o consumidor em sua trajetória de aumento neste ano, nenhuma pessoa preocupada com os próprios gastos compraria um item no supermercado que chega a custar R$ 290 o quilo, correto?
Bom, não é bem assim. Vendidos em quantidades pequenas, alguns produtos chegam a custar o equivalente a um pequeno eletrodoméstico quando analisados em seu valor por quilo. Entre aqueles que mais chamam atenção pelo preço exagerado estão pimentas, condimentos e especiarias, vendidas em embalagens práticas que chegam a números bastante altos no varejo.
Os valores altos ficam “camuflados” nas pequenas doses. Em duas redes de supermercados visitadas pela reportagem nesta semana, um pacote com 10g de orégano era vendido por uma média de R$ 2,08. Não parece muito, mas uma conta simples revela: o quilo do produto está saindo por R$ 208, praticamente o preço de uma impressora simples. Assim, até o quilo do filé mignon parece barato.
A explicação está na praticidade: condimentos como o orégano não costumam ser utilizados em grande quantidade, portanto, é bem mais cômodo comprar porções menores. O mesmo não se pode dizer da carne, do arroz, da água, consumidos em porções muito maiores – e com preços por quilo que refletem essa diferença.
Quem coloca um pacotinho de cogumelos secos no carrinho pode nem saber o quanto está pagando por ele: cerca de R$ 289 o quilo. Os altos valores se repetem em itens como noz-moscada, canela em pó e cravo-da-índia.
Para escapar desses altos valores, a dica é, sempre que possível, comprar os produtos em quantidades maiores. A diferença entre o pacote de 10g de orégano e o de 100g, quando calculado o preço do quilo, é gritante: passa de R$ 208 para R$ 89,4 na embalagem maior.
O problema, claro, é se toda essa quantidade do condimento será efetivamente utilizada antes de perder a validade ou estragar. Então, cuidado para que o barato não saia caro: se metade do pacote de 100g for jogada fora, de nada terá adiantado poupar no preço do quilo.
“O consumidor tem de tomar cuidado com essa questão. Em geral, o custo de embalagens menores eleva o preço do produto, mas de nada adianta comprar algo em maior quantidade se a pessoa acaba não utilizando”, diz o educador financeiro Adriano Severo.
Para facilitar essa tarefa, algumas redes de supermercado expõem nas etiquetas dos produtos o quanto estão cobrando pelo quilo ou pelo litro. Assim, no corredor dos refrigerantes, por exemplo, pode-se verificar que uma latinha cobra o preço de sua praticidade: é comercializada por R$ 6,26 o litro, enquanto esse valor fica em R$ 2,50 na embalagem de 2 litros.
Não há nenhuma lei exigindo que os mercados exponham essas diferenças nas gôndolas. O que existe é apenas uma orientação para que essa informação seja disponibilizada aos consumidores nos estabelecimentos.
Se os preços do quilo ou do litro de produtos vendidos em embalagens menores assusta, a ordem é pesar o que vale mais a pena: se fazer menos idas ao supermercado e comprar quantidades maiores – o que exige boa organização, mas garante economia – ou se comprar esses itens conforme a necessidade, o que, se sai mais caro, pelo menos evita desperdício.
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