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Sexta - 26 de Agosto de 2016 às 07:32
Por: Diário de Cuiabá

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Crise política, baixa confiança da população nos partidos e fim do financiamento privado de campanha. O cenário da disputa eleitoral deste ano tinha tudo para desmotivar o lançamento de candidaturas. Sem recursos, a saída para as legendas seria reduzir o número de competidores. Mas não foi isso que aconteceu. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que o Brasil terá 485 mil candidatos a prefeito, vice-prefeitos e vereadores, um volume quase 1% maior que o registrado em 2012. O comparativo considera todos os registros antes do julgamento feito pelo TSE, a quem cabe deferir ou não as candidaturas.

Pelos dados, a crise parece ter afetado mais as estratégias do PT. Entre os partidos que disputam prefeituras, a legenda reduziu quase à metade as suas candidaturas. Serão 992, frente aos 1,8 mil de 2012. PTB e PR também apresentam variação negativa no período. Apesar disso, o número de candidatos a prefeito, considerando todos as siglas, é 3% maior este ano. O PMDB lidera a lista com mais de 2,3 mil candidatos.

Para o professor Sérgio Braga, do programa de pós-graduação em ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os dados sinalizam que o sistema político nacional precisa ser compreendido para além das regras eleitorais e do financiamento de campanha. Segundo ele, o maior número de candidaturas mostra que a crise gerou oportunidade para o surgimento de novos candidatos.

“O sistema político brasileiro passou por uma crise séria nos últimos anos, com manifestações de rua, organização de novos partidos e surgimento de novos atores relevantes. No Brasil, há também o que chamo de motivo ‘salvacionista’. O sujeito pensa: ‘sou honesto e cidadão de bem’, logo posso contribuir para a melhoria da sociedade brasileira”, diz Braga.

Para Luciana Veiga, professora associada da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), a queda no número de candidatos petistas a prefeito reflete a crise pela qual passa o partido, com os efeitos da operação Lava-Jato e o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Secretário de Comunicação Social do PT, Alberto Cantalice minimizou essa redução: “Mesmo tendo uma redução no número de candidatos, vamos disputar uma quantidade de eleitores maior. Disputaremos com candidato próprio em 20 capitais e teremos um número maior de candidatos em cidades com retransmissora de TV. A diminuição se deu principalmente em cidades pequenas. Acreditamos que poderemos alcançar um número de votos equivalente ao de 2012, quando fomos a legenda mais votada”.

Sobre o financiamento de tantas candidaturas, Braga crê que os competidores com maior capacidade de autofinanciamento, como empresários, comerciantes e os vinculados a igrejas, devem se sobressair: “Se tivesse que elaborar uma hipótese, diria que haverá um grande aumento em empresários e evangélicos nas próximas eleições, além de representantes da ‘nova’ direita e ‘nova’ esquerda. Tenho fortes dúvidas sobre se isso contribuirá para o aumento da qualidade da democracia brasileira. Na verdade, temo que ocorra o contrário”.





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