65% dos projetos
Academia e escritora reclamam de exclusão em prêmio literário Dos 90 projetos apresentados no Prêmio Mato Grosso de Liteturatura, apenas 31 foram aceitos
A presidente da Academia Mato-Grossense de Letras (AML), Marília Beatriz, afirmou não estar "satisfeita" com a decisão do Governo do Estado de excluir 65% dos projetos inscritos no 2º Prêmio Mato Grosso de Literatura 2016.
Ela foi recebida na tarde desta quinta-feira (22) pelo secretário de Estado de Cultura, Leandro Carvalho, para tratar do assunto.
Após a reunião, Marília anunciou que a Academia vai fazer sugestões para que o problema não se repita no ano que vem.
É um excesso de rigor descabido, que não condiz com um prêmio que deveria fomentar o setor
Ao todo, 90 escritores se inscreveram, mas 59 foram inabilitados.
Uma das integrantes da academia, a escritora Cristina Campos foi inabilitada, segundo ela, por causa de problemas no sistema no ato da inscrição online.
“Na hora de anexar os documentos escaneados, o site não permitia. Eu liguei lá e a pessoa que atendeu disse que, assim que começasse o processo de habilitação, eles nos chamariam para apresentar os documentos pessoalmente”, relatou a escritora.
“Quando fui apresentar os documentos, eles disseram que não era permitido. É um excesso de rigor descabido, que não condiz com um prêmio que deveria fomentar o setor", disse.
O caso de Cristina Campos se difere da maioria dos que foram inabilitados. Grande parte não pôde participar por causa da falta do comprovante de domicílio.
Essa exigência não estava incluída no primeiro edital, publicado no Diário Oficial, e só foi expressa em uma das quatro retificações publicadas na sequência, mas apenas no site da secretaria.
Os escritores inabilitados reclamam que as retificações foram publicadas sem nenhum aviso, o que impediu que a maioria tivesse ciência das novas exigências.
Cristina Campos pede que o Governo reveja sua posição, já que, como se trata de um edital de fomento, quanto mais participantes, maiores as chances de se extrair qualidade das obras.
“Se você radicaliza nesse sentido, impede muitas pessoas de participar. Existe uma pobreza no resultado. Quanto menos gente, menos possibilidade”, disse.
Cristina cita nomes de outros escritores que também ficaram de fora da premiação, como Eduardo Mahon, Aclyse de Mattos e João Bosquo.
“São pessoas que estão acostumadas a fazer projetos. Eu tenho vários aprovados. Sou professora, pesquisadora. Sou acostumada a lidar com formulários”, afirmou.
Secretaria responsabiliza escritores
Marcus Mesquita/MidiaNews
O secretário Leandro Carvalho, que responsabilizou escritores
O Prêmio Mato Grosso de Literatura vai destinar R$ 30 mil a dez projetos nas categorias de ficção, poesia, prosa, revelação e infanto-juvenil. Neste momento, as obras estão sendo analisadas pelos pareceristas. O prazo para a finalização das análises, segundo o edital, é 28 de setembro, mas pode ser prorrogado.
Em nota, a Secretaria afirmou que as regras nos chamamentos públicos “valem para todos e não podem ser confundidas com pessoalidade e excessos”. Ainda conforme a pasta, os projetos são avaliados por “pareceristas independentes, rotativos, com reputação ilibada e notório conhecimento na área específica de atuação”.
“Os proponentes de um projeto cultural devem acompanhar as retificações e outros comunicados que se façam necessários, ao longo do período de inscrição, através do site da SEC/MT. É uma condição que vale para todos os prêmios e editais”, diz a secretaria.
A Pasta ainda informa que, para manter a impessoalidade do certame, não faz contatos telefônicos com proponentes, até porque os pareceristas não sabem o nome dos autores.
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