"Pelo Estômago"
“Políticos fazem o que fazem porque jogam com sociedade imatura” Segundo Roberto Freire, a sociedade confia mais em um bandido do que em um político
Em meio a uma das piores crises éticas da história da política nacional - com grandes escândalos de corrupção vindo constantemente à tona -, o brasileiro foi às urnas no domingo (2) com um misto de desconfiança, desilusão e descrença na classe política.
Segundo o filósofo e professor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), Roberto de Barros Freire, de 59 anos, hoje em dia o povo brasileiro está confiando mais em um bandido do que em um político.
“Hoje os políticos são a categoria mais mal vista pela população. Acho que até se confia mais em um bandido do que em um político no Brasil”, diz.
Roberto Freire é doutor em Ética e Filosofia Política pela USP (Universidade de São Paulo) e em Educação pela UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).
Ele acredita que para o país viver a mudança com que tanto sonha, é necessário haver uma mudança cultural e se investir na educação. Em entrevista exclusiva ao MidiaNews, o filósofo afima ainda que a sociedade só se mobiliza para uma mudança quando o bolso “aperta”. Ele também não acredita que haverá mudança no país durante o Governo Michel Temer (PMDB).
Confira os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – Estamos vivenciando nesta campanha ataques de parte a parte de candidatos, o que acaba impedindo a apresentação de propostas. Como doutor em ética, até que ponto o senhor acha que pode ir a crítica ao adversário? Vale baixaria?
Roberto Freire – De jeito nenhum. Eu acho que eles querem se qualificar desqualificando o adversário. Porque, na verdade, é isso que eles fazem. E, do ponto de vista ético, é uma falta de ética. O que interessa é a proposta. E o que você tem que defender é seu programa de administração, coisas do gênero. Então essa parte de atacar os adversários está errada. Inclusive um dos candidatos é mestre em fazer isso. Normalmente apresenta proposta na véspera da votação.
MidiaNews – O vale-tudo nas campanhas eleitorais não é um mau exemplo que os políticoS dão ao cidadão?
Ednilson Aguiar/Midia News
"O cidadão deveria fazer a sua parte. Acho que os políticos fazem o que a sociedade permite", diz
Roberto Freire – O cidadão deveria fazer a sua parte. Acho que os políticos fazem o que a sociedade permite. Não acho que essa desonestidade seja só na política.
MidiaNews – O que o senhor acredita que precisa ser mudado?
Roberto Freire – O grande problema do Brasil é a educação. Nós nunca aplicamos no homem. Aplicamos no pré-sal, na borracha, no café, mas no homem não aplicamos.
O Brasil é a maior economia da América Latina e está em último lugar em educação. A maior parte das pessoas não tem formação cultural, são ignorantes. A própria sociedade civil não toma em mãos a questão educacional. Veja essa reforma do Ensino Médio, que já começa errada – com medida provisória. Educação nao é provisória. Então eles fazem toda essa discussão e não consultam os professores. Como vai funcionar? Isso, para mim, não vai dar certo. No Brasil não chamam os professores para discutir as questões educacionais. Chamam os políticos. Os professores não participam. E, depois, querem que os professores resolvam tudo. Mas como? Se não dão nenhuma condição ao professor. Os políticos fazem o que fazem porque eles jogam com uma sociedade civil imatura, que vota pelo “estômago e pelo fígado”. São as piores escolhas possíveis. Ou você vota com raiva – e vota contra – ou a mentalidade também é de que se você vota numa pessoa que não vai ganhar, vai estar perdendo voto.
MidiaNews – A eleição deste ano foi marcada por um índice recorde de abstenções, votos nulos e brancos. Os escândalos políticos recentes contribuem de que forma para esse alto índice de abstenção?
Roberto Freire – A desilusão. Existe uma desilusão com a democracia. Um pouco é por certa imaturidade, porque parece que a democracia é a solução de tudo. Mas ela é algo trabalhoso, é um espaço para o debate. E hoje ninguém tem tempo para isso, nem quer participar mais. E também o fato de ter havido vários escândalos de corrupção fez com que o desencanto crescesse. Hoje os políticos são a categoria mais mal vista pela população. Acho que até confia-se mais em um bandido do que em um político no Brasil.
Esses últimos escândalos da Lava Jato desencantaram a população, principalmente aqueles que são de esquerda. Foram eles os que mais sentiram a crise [ética], porque eles estavam crescendo. E, de repente, o segundo mandato da Dilma [Rousseff] foi um fiasco, perdeu o poder. Tanto que o [João] Doria venceu em São Paulo falando que não era político, que era administrador, o que é estranho. Como ele diz que não é político e está lá?
Ednilson Aguiar/Midia News
"Esses últimos escândalos da Lava Jato desencantaram a população, principalmente aqueles que são de esquerda"
Boa parte dos candidatos venceu falando que não era político. Parece que a poulação não está mais acreditando na política. E isso é uma certa imaturidade porque se espera muito que o governante salve a questão, mas não percebe que a sociedade civil tem que se engajar no processo político.
MidiaNews – De que forma a derrocada ética do PT contribui para esse desencanto com a política, já que, há pouco tempo, o partido se colocava como guardião da ética?
Roberto Freire – Eu não acho que o PT seja culpado dessa desilusão, porque o PT não inventou a corrupção. Ele pegou o negócio funcionando e se apropriou. Então, esse desencanto com o PT - porque ele ascendeu com a bandeira da ética -, na medida em que ele se mostrou igual aos demais, o desencanto caiu completamente. Isso é natural, faz parte do processo. Assim é a política, tem altos e baixos. Isso já aconteceu: quando o PT ascendeu, o PSDB sumiu. E nessa eleição, já inverteu: o PSDB voltou e PT foi o que mais perdeu.
A política é feita de circunstâncias. Agora, nessas eleições, já era provável que o PT iria perder. Até 2018, tem muita água para correr, vai depender muito dos erros e dos acertos do [presidente] Michel Temer. Se ele fizer uma boa administração, é capaz de conseguir fazer um sucessor, mas se ele for um fracasso como está parecendo que vai ser, vai ter mais partidos da oposição crescendo em cima da próxima eleição.
Eu não acho que o PT seja culpado dessa desilusão com a política, porque o PT não inventou a corrupção. Ele pegou o negócio funcionando e se apropriou.
O fundamental, ao meu ver, é que a política é feita de momentos. O bom político “saca” o momento e age de acordo com as circunstâncias. E no PT falta isso: tanto que eles não têm caras novas, só tem o Lula. A Dilma foi uma invenção do Lula, mas o grande líder sempre foi ele. E não pode ser assim. E quando o Lula morrer? Um partido tem que renovar suas caras, a ascendência de pessoas como o Lula não pode ser tão forte dentro de um partido. Vou citar um exemplo: na Grécia, quando uma pessoa tinha muita ascendência, eles a condenavam ao ostracismo, porque uma pessoa que consegue seduzir todo mundo com um discurso é perigoso para a democracia.
O ideal numa democracia é o debate. Mas se tem um cara que todo mundo adora, ele é um perigo para o equilibrio democrático. Isso é ruim, é o que o PT devia fazer no caso do Lula porque ele tem uma influência muito grande – o prefeito de São Paulo era o Fernando Haddad porque foi o Lula que o colocou lá. Foi a Dilma porque ele também a colocou lá.
MidiaNews – Percebeu-se uma apatia muito grande em toda campanha. O que acha que é preciso fazer para que a população volte a ser mais participativa na eleição?
Roberto Freire – É preciso de maturidade política da própria população. Eu acho que a apatia na política, em parte, se deve à falta de coisas novas. A Rede Sustentabilidade, por exemplo, veio com o discurso do “novo”, mas fez coisas antigas. O desencanto com a política é tão grande aqui no Brasil que as pessoas não estão querendo mais criar partidos novos. Ou os que estão querendo são mentalidades antigas. A Rede, no começo, parecia interessante, prometendo um partido de debate, mas logo entrou para a eleição. Um partido não precisa ganhar direto uma eleição, ele precisa propagar ideias. Essa é a política verdadeira.
Os políticos no Brasil não se diferenciam muito. Você tem 28 partidos. Praticamente a plataforma deles é idêntica, não dá para diferenciar. Os partidos aqui surgem por uma figura importante. Por exemplo: o cara do PMDB briga com partido dele, vai e funda outro partido e a linha é o que essa pessoa pensa.
Ednilson Aguiar/Midia News
No Brasil, o que está faltando é um partido que faça política, porque o que eles estão fazendo é politicagem
Pra mim, não há nada mais antigo que a pessoa se apresentar na política falando que é o "novo". O Eduardo Campos, que era considerado um desses “caras novos”, morreu num jatinho que ninguém sabe direito de quem era. O Marcus Freire morreu assim, em 1980.
MidiaNews - O que falta para os partidos se conectarem à sociedade?
Roberto Freire - No Brasil, o que está faltando é um partido que faça política, porque o que eles estão fazendo é politicagem. Está faltando debater ideias, não agredir o adversário. Não interessa o que ele faz na vida privada, mas sim saber quais as ideias políticas dele. É isso que está acontecendo no Brasil. É uma tristeza. São impostas também tantas regras que acaba não havendo debate. Eles querem garantir tanto uma coisa democrática que fica uma coisa tirânica, porque o democrático é onde um grita mais e outro grita menos.
Eu assisti aos debates dos candidatos a prefeito aqui de Cuiabá. E, se alguém quiser saber o que o candidato vai fazer, isso você não fica sabendo. Eles falam que são a favor “disso e daquilo”. É fácil, queremos saber de onde eles vão tirar recurso, isso tem que ser dito.
MidiaNews – O avanço de candidatos que se colocam contra a política tradicional, como o Procurador Mauro aqui e o João Doria em São Paulo, tende a ser maior nos próximos anos?
Roberto Freire – Eu acho que o momento é agora. O Procurador Mauro, eu simpatizo com ele, porque eu o vejo há oito anos nas eleições. Ele é o cara que tem uma proposta, faz política, não faz alianças – não que eu concorde com ele, mas eu respeito uma pessoa que tem opinião - e isso ele tem. Quando começou, ninguém o levava a sério. E no momento em que vivemos hoje - em que os políticos tradicionais não estão mais sendo levados a sério -, é onde ele apareceu.
Então, para mim, o momento é agora. O grande catalizador era o PT e ele definhou. Agora é o momento do PSOL. É o partido que mais cresceu na “esquerda”. Candidatos como o Procurador Mauro sempre aparecem nesses momentos em que você tem uma desilusão com a política.
MidiaNews – Até onde pode ir essa negação à política tradicional? Populistas e radicais não tendem a ter cada vez mais votos?
Roberto Freire – Eu acho que não. Pessoas assim sempre vão aparecer. O Procurador Mauro não é novo. Faz muito tempo que o vejo na política. Mas por que dessa vez o discurso dele repercutiu e chegou a dar medo nos adversários? Porque, de repente, perceberam que ele era o diferente e sabiam que a tendência era votar no diferente. Essa foi a tendência da eleição, tanto que as pesquisas mostraram isso. Esses candidatos sempre vão existir. Eles fazem parte da política e em alguns momentos se tornam mais visíveis.
A sociedade tem que aprender a vigiar a compra de voto. Não adianta mudar a lei
Eu tenho a impressão que a próxima eleição já vai ser diferente. Esse ano ainda está muito recente essa questão do impeachment com o PT e nesses dois anos que ainda temos a frente, muita água vai rolar.
MidiaNews – Apesar do aperto da legislação e de órgãos como o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e polícia, a compra de votos aconteceu em vários pontos de Mato Grosso. O que falta fazer para que uma parte do eleitor perceba o erro que comete quando vende seu voto?
Roberto Freire – Ele precisa ser mais honesto. A desonestidade não está no político, está no cara que recebe. Aqui no Brasil é comum esse pensamento de “eu posso fazer tudo e os outros não podem fazer nada”.
O brasileiro é bandido – rouba placa de rua, leva talher de festas, sal do restaurante. E faz isso porque não tem uma formação ética. Então ele vai falar mal do político, mas ele também pega a “grana”. Para mim, é uma imaturidade: brasileiro é muito imediatista.
E pra isso mudar, novamente falo que precisamos de uma boa educação. Porque o fato é que o cidadão não é educado. Ele tem uma educação precária que mal ensina a ler e escrever. Não aprende valores e não tem uma formação política. Essa pessoa não vai ser um bom cidadão. A escola pode até socializar, mas ela não politiza as pessoas.
O que falta nas nossas escolas é a politização. No máximo hoje ela socializa para o cara conseguir uma profissão e trabalhar, mas vai ser um péssimo cidadão que não participada de nada. Se as pessoas não participarem da política, a democracia definha.
MidiaNews – É necessário haver mais punições aos eleitores que vendem seu voto?
Roberto Freire – Na verdade, não há punição. Isso é um problema cultural,o que é muito mais que criminal. É uma cultura errada.
O problema no Brasil é que as pessoas acham que se aumentar a pena vai melhorar alguma coisa. Mas não interessa se você vai ficar preso um ano ou dez anos. A certeza que você vai ser preso, independente do tempo, é que inibe alguma coisa. Já a certeza de que você não vai ser preso facilita que se cometam as coisas. Então não adianta você falar que se fizer isso vai pegar 20 anos de cadeia – mas aí tem “esse atenuante, o outro atenuante” e acaba que não é preso, porque as leis não são aplicadas.
Ednilson Aguiar/Midia News
"Eu acho que não está tendo renovação na política. Não só em Mato Grosso, mas no país todo".
Isso só vai mudar se for mudada toda uma cultura, porque não adianta prender que aparecem mais outros 15 para fazer a mesma coisa. Então é a sociedade que tem que fazer essa vigilância para que não aconteça. A sociedade tem que aprender a vigiar a compra de voto. Não adianta mudar a lei. Acho que tem que aplicar a lei já existente, porque já é proibido.
MidiaNews – Em uma entrevista ao MidiaNews em 2013, o senhor afirmou que a tarifa zero de ônibus – o estopim para os protestos de rua daquele ano – era uma loucura. Em 2016, o candidato do PSOL em Cuiabá tinha como proposta uma redução gradual da tarifa até que chegasse, um dia, à “tarifa zero”. Como o senhor avalia isso?
Roberto Freire – Acho que não dá para fazer tarifa zero. Primeiro que não tem como fazer nada gratuito, alguém tem que pagar. Quem vai pagar? Para o transporte ser gratuito pode subisidiar, como é feito na maior parte das coisas, para garantir o preço baixo, mas não tem coisa gratuita. Alguém está pagando e somos todos nós.
A ideia de que alguma coisa pode ser gratuita é certa infantilidade. Tudo tem um preço. Você pode fazer um transporte a custo zero? Antigamente, no socialismo, você não pagava para andar, mas era tudo do Estado.
Então pode subsidiar o transporte, mas aí não vou ter a creche, por exemplo. Parece que o dinheiro é ilimitado, mas não é, é limitado. Os custos que são ilimitados e você tem que escolher onde você vai colocar o seu dinheiro.
MidiaNews – A propósito, o senhor enxergou alguma melhora no Brasil após os protestos de 2013?
Roberto Freire – Não, pra mim não mudou nada. Todo ano aumenta-se tarifa e vem o protesto do pessoal, mas não há um debate para isso acontecer. Isso devia ser um debate público.
MidiaNews – O cuiabano está tendo que escolher, para seu próximo prefeito, entre dois candidatos que já concorriam à prefeitura há 16 anos. Em sua opinião, por que não existe renovação na política de Mato Grosso?
É preciso descobrir o erro, e na verdade nós estamos procurando “culpados”, então fica problemático e não percebemos a nossa própria culpa.
Roberto Freire – Eu acho que não está tendo renovação, não só em Mato Grosso, mas no país todo. Como você explica o Renan Calheiros estar no Senado até hoje depois de tanta canalhice que ele fez na época do Collor? Como você explica o Collor no Congresso hoje? Então tudo isso se dá ao meu ver porque o brasileiro é conservador e toda mudança nova é recebida com desconfiança, ele não gosta muito de novidades.
Tem políticos que estão hoje e são desde a década de 1970 na política, pessoas fichas sujas. A questão então não é só em Mato Grosso é em todo o país. Tanto que um “rostinho novo” como o Doria, encantou. Mas o fato é que o sistema repúblico partidário também não permite a mudança, ele é todo feito por caciques.
Na campanha norte-americana o mais interessante é a disputa dentro dos partidos para saber quem vai disputar as eleições. No Brasil não existe isso, quem decide é o Lula e Dilma, no PSDB fala que é o Aécio ou o Geraldo Aclkmin, então não há renovação. E é um problema do nosso sistema político partidário.
MidiaNews – A clase dos servidores públicos se posicionou desde o início da campanha contra um candidato que foi contra a reposição inflacionária do funcionalismo. Como o senhor enxerga esse posicionamento? Não há certo egoísmo nessa posição?
Roberto Freire – É uma posição corporativista. Todas as propostas de ofício têm seus interesses, seria estranho eles não fazerem isso, todos lutam pelos seus interesses e não há nada de errado nisso.
Então um funcionário público não querer votar em um candidato é natural, porque estão em busca de seus interesses, é essa a política. O problema então não é lutar por isso, é ser interesseiro, mas todos nós somos pessoas interesseiras.
MidiaNews – O senhor acha que há algo de positivo a se tirar de toda essa crise ética ocorrida no Brasil?
Roberto Freire – Eu acho que se nós tivermos sabedoria, apredemos alguma coisa. Mas eu não sei se temos isso, porque é preciso descobrir o erro e na verdade nós estamos procurando “culpados”, então fica problemático e não percebemos a nossa própria culpa. Porque o primeiro sinal de infantilidade é procurar um culpado, você não leva em consideração que você participa.
“O Mauro Mendes é uma porcaria”, mas o que você fez para isso mudar? Você nao fez nada. Você está buscando a culpa, mas não em você e põe a culpa no governo. E você ,o que estava fazendo? Você não fez nada também.
Então a ideia é ter maturidade, mas o provável é que não se tire lição não, essa é minha visão particular e não vamos aprender muita coisa com isso.
MidiaNews – O Brasil já vive um momento de turbulência social. Acha possível um Governo contestado por uma parcela significativa da sociedade aprovar medidas impopulares como a reforma da previdência?
Roberto Freire – Eu acho que é possível sim, independentemente do apoio da sociedade civil, mas aí você precisa de coragem política. Por exemplo, se eu fosse o Temer e se é honesto que fala que “não vai ser candidato a nada”, eu faria o que eu acho que é certo. Porque normalmente o que o candidato faz é pensar na próxima eleição, o que não é maldade. Maldade é deixar como está porque não vai ter como pagar. Ele tem que fazer algo que se torne viável no futuro.
MidiaNews – O senhor teme que haja uma convulsão social se essa crise se agravar?
Roberto Freire – Não. O brasileiro é incapaz de fazer uma revolução e eu acho que não vai ter uma convulsão social, mas, sim, há alguns setores que estão insatisfeitos, que são organizados, mas isso vai se desgastar. Em São Paulo ninguém mais suporta ver “Movimento” de alguma coisa.
Eu acho que a reforma previdenciária depende só de vontade política, porque a população está fazendo pressão para nada – nem para aprovar nem para desaprovar.
MidiaNews – O senhor concorda com a afirmação política que o brasileiro só se mobiliza quando o bolso aperta?
Roberto Freire – Normalmente só o que mobiliza o brasileiro é o bolso. Eu acho que, mesmo assim, o brasileiro também não se mobiliza, a não ser para o jogo do Brasil, nem com convocação de manifestações.
Na Bolívia, quando há manifestação o país é parado. A gente não tem esse tipo de organização, os setores sociais são muitos competitivos.
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