O sistema imunológico é a chave para a cura do câncer? A recente aprovação de um imunoterápico com ação extremamente promissora para câncer de pulmão simboliza uma grande grande esperança no tratamento da doença
Há alguns anos, os imunoterápicos, medicamentos que utilizam o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer, têm sido os grandes protagonistas dos congressos médicos sobre o assunto e a grande aposta de médicos e pesquisadores. Essa semana, houve outra grande vitória no avanço de tratamentos contra a doença.
Na segunda-feira, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regula fármacos, aprovou uma nova droga para o tratamento de câncer de pulmão. Trata-se do pembrolizumabe, medicamento indicado como primeira linha de tratamento para pacientes com tumores pulmonares em estágio de metástase.
A aprovação é importante pois essa é a primeira vez que um fármaco imunoterápico é indicado como primeiro tratamento para pacientes com esse diagnóstico, em vez da tradicional quimioterapia. A FDA também expandiu a aprovação para o tratamento de pessoas com a doença que tenham realizado quimioterapia.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que entre 2016 e 2017 haverá 28.190 novos casos de câncer de pulmão no país. Um estudo conduzido pela Sociedade Americana do Câncer em parceria com a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), aponta que o câncer de pulmão é a principal causa de morte pela doença entre homens e mulheres em países desenvolvidos.
Segundo uma matéria publicada em VEJA dessa semana, o medicamento é uma esperança para os pacientes diagnosticados com o letal câncer de pulmão. Dos 30 000 brasileiros que recebem o diagnóstico a cada ano, apenas 6 000 sobreviverão à doença em cinco anos. Estudos com pembrolizumabe mostraram que o composto reduziu pela metade o risco de progressão da doença e em 40% o risco de morte.
“São resultados que representam uma quebra de paradigma”, diz o oncologista Artur Katz, chefe do serviço de oncologia clínica do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O medicamento age bloqueando a PD-1, proteína presente nas células de defesa do corpo humano, os linfócitos T, mas que, em pessoas com câncer, permite que o tumor se esconda do sistema imunológico. Ao bloquear a PD-1, o medicamento faz com que os linfócitos-T ataquem o câncer.
Para Philip Greenberg, chefe de imunologia do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson em Seattle, nos Estados Unidos, a imunoterapia já é o quarto pilar do tratamento anticâncer, ao lado da radioterapia, quimioterapia e cirurgia, segundo informações da rede americana CNN. “Há momentos em que ela será usada sozinha, e haverá momentos em que será usada em conjunto com outras terapias, mas há muito pouco a questionar que esta vai ser uma parte importante do tratamento do câncer daqui para frente.”, disse Greenberg.
Surgimento da imunoterapia
No verão de 1890, a jovem de 17 anos Elizabeth Dashiell, carinhosamente chamada de “Bessie”, prendeu sua mão entre dois assentos de um trem e mais tarde notou um nódulo doloroso na área que ficou presa, de acordo com o Instituto de Pesquisa do Câncer dos Estados Unidos. As informações são da rede americana CNN.
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