Soja
Colheita histórica no calendário de MT Assim como a semeadura, colheita segue acelerada com 4% da área. Volume equivale a 1,2 milhão/ha, extensão recorde, beneficiada pelo freio das chuvas
Janeiro mal começou e Mato Grosso, maior produtor de soja do país e o nono maior do mundo, já contabiliza 1,2 milhão de hectares colhidos. Levantamento divulgado ontem pela Consultoria AgRural revela que a colheita vem sendo realizada de forma tão rápida quanto foi a semeadura e o volume de terra colhido é o maior da série histórica da AgRural, iniciada há dez anos. Com avanço da colheita, soja vai abrindo espaço ao plantio do milho safrinha e assim, assegura a janela ideal e o desenvolvimento de mais uma cultura dentro do mesmo ciclo no Estado.
Em percentual, são cerca de 4% colhidos de final de 2015 até a última quinta-feira, dos mais de 9,3 milhões de hectares (ha) semeados. O ritmo dos trabalhos é puxado pela região oeste, que vem registrando produtividades entre 52 e 58 sacas por hectare, mas as colheitadeiras também têm avançado rapidamente sobre as lavouras do norte e do sul do Estado. No leste, que planta mais tarde, os trabalhos ainda são muito pontuais e diversas áreas ainda precisam de chuva para terminar o enchimento de grãos sem perdas de produtividade.
Como explica a analista da AgRural, Daniele Siqueira, com plantio acelerado, clima favorável durante todo o ciclo na maior parte das áreas e um início de janeiro com pouca chuva, Mato Grosso pôde atingir esse nível de colheita, “jamais visto e que impulsiona a estatística do país”. Ainda conforme a séria da AgRural, Daniele reforça que na média dos últimos cinco anos, o percentual de colheita no Estado, no dia 12 de janeiro, era de 0%. No ano passado era de 1,7%.
No resto do Brasil, a colheita ainda está muito no início, com destaque para os 2% de Rondônia e o 0,4% de Minas Gerais, onde estão sendo colhidas as primeiras áreas de pivô. Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás também já têm colheita, mas apenas em áreas pontuais. No Brasil, 1,1% da área está colhida, contra 0,5% no ano passado e 0,3% na média de cinco anos.
REVISÃO - Uma nova estimativa de safra finalizada na última segunda-feira (09) pela AgRural ajustou para cima a produção de soja esperada no ciclo 2016/17 do Brasil. Calculada em 101,8 milhões de toneladas em dezembro, a produção é projetada agora em 103,1 milhões. O aumento deve-se a alterações na produtividade, que passou de 50,4 sacas por hectare em dezembro para 51,1 sacas agora em janeiro. A área foi mantida em 33,6 milhões de hectares.
O aumento da produtividade esperada no Sul do Brasil (+2 sacas por hectare na combinação dos três estados, em relação a dezembro) mais do que compensa, por ora, as perdas causadas pela falta de chuva na Bahia (queda de 2,5 sacas), Minas Gerais (-2 sacas, especialmente por causa do noroeste) e Goiás (-0,5 saca, com destaque para o leste). No lado positivo da tabela, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também tiveram suas produtividades ajustadas para cima, em 0,6 saca e 1 saca por hectare, respectivamente.
No Tocantins, Maranhão e Piauí, as produtividades estimadas em dezembro foram mantidas e serão revisadas em fevereiro. Embora esses estados tenham recebido chuvas abaixo do normal em dezembro e início de janeiro, eles têm previsão de volumes razoáveis nas próximas duas semanas - algo que não acontece na Bahia, que teve a estimativa de produtividade já reduzida.
No Sul do Brasil, novos ajustes para cima deverão ser feitos em fevereiro, especialmente no Rio Grande do Sul, caso o clima continue colaborando.
SAFRINHA E VERÃO - Com a colheita da soja acelerada, o plantio de milho safrinha chegou na quinta-feira a 2,5% da área em Mato Grosso. Nos demais estados, o plantio ainda não começou. A AgRural estima aumento de 5,1% na área brasileira de milho safrinha, com produção potencial de 60 milhões de toneladas.
A colheita de milho verão, que teve a produção revisada para 28,7 milhões de toneladas (ante 28,4 milhões em dezembro), já está em andamento em algumas poucas áreas do Paraná. Mas no Rio Grande do Sul, que um ano atrás já tinha 5% de sua área colhida, os trabalhos ainda não começaram por causa do excesso de umidade. Mas a expectativa é de boa safra e a colheita deve ganhar impulso nos próximos dias, caso se confirme o tempo seco previsto para os gaúchos.
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