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Saúde
Terça - 14 de Fevereiro de 2017 às 14:54
Por: Natalia Cuminale/Veja.com

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Fosfoetanolamina sintética, a chamada
Fosfoetanolamina sintética, a chamada "pílula do câncer (Ivan Pacheco)

“Independentemente da disponibilidade do produto como suplemento, continua extremamente relevante a questão se a substância fosfoetanolamina sintética tem ação antitumoral. Portanto, a pesquisa continua, sem nenhuma modificação”, disse a VEJA o oncologista Paulo Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) e coordenador do estudo. Hoff adiantou ainda que entre duas e cinco semanas serão divulgados os resultados preliminares da segunda fase da pesquisa clínica. No fim da semana passada, dois ex-colaboradores de Gilberto Chierice, o criador do composto popularmente conhecido como ‘pílula do câncer’, anunciaram a venda da fosfoetanolamina como um suplemento alimentar.

Os testes em humanos tiveram início em julho do ano passado. A primeira etapa da pesquisa clínica buscou avaliar a toxicidade da fosfoetanolamina. Os resultados mostraram que o produto não apresentava riscos de efeitos adversos graves. Na segunda etapa, o objetivo é comprovar a eficácia da substância. Ao todo, são mais de 21 voluntários em 10 grupos de tumor: cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto, colo uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado. O estudo continua se pelo menos três pacientes de cada subgrupo apresentarem uma redução de 30% do tumor.

Suplemento

A substância como suplemento está sendo produzida na Flórida (EUA) e será comercializada via internet para o resto do mundo a partir de 16 de março. A propaganda do produto não diz nada sobre tratamento do câncer, apesar de ser este o grande apelo comercial da fosfoetanolamina no Brasil. Nem poderia, pois neste caso teria de se enquadrar na regulamentação de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e não há até agora nenhuma comprovação científica de que a substância funcione, de fato, no combate ao câncer.

O site criado pela empresa Quality Medical Line para comercializar o produto diz que a fosfoetanolamina atua como “um poderoso bio imunomodulador que age de forma constante e preventiva a distúrbios metabólicos e celulares, mantendo o equilíbrio e o bom funcionamento do sistema imune e da saúde humana”. Um dos anúncios colocados pela empresa no Facebook, porém, mostra uma mulher careca com a frase “Não desista!” – uma imagem que remete ao câncer.

O custo previsto é de R$ 3,80 por cápsula. A produção inicial será de 500 mil cápsulas.

Histórico

A produção e comercialização da fosfoetanolamina sintética como droga anticâncer chegou a ser autorizada no Brasil, em abril de 2016, por um projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff, sob forte pressão política e popular. Mas a lei foi suspensa no mês seguinte por uma decisão do Superior Tribunal Federal (STF), por falta de evidências científicas da sua eficácia. Estudos realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação indicam que a fosfo não é tóxica, mas não encontraram nenhum efeito antitumoral na substância.

(Com Estadão Conteúdo)





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