Clima ameaça produção e produtividade Com 51% da área colhida, chuvas colocam em risco parte da produção de soja de importantes áreas como as do norte e do oeste mato-grossense
As chuvas constantes e intensas que marcaram essa semana em boa parte do Estado deixaram alguns números no campo. O principal deles é que o ritmo da colheita da safra de soja 2016/17 foi reduzido, principalmente na região oeste de Mato Grosso, local que mais recebeu chuvas nos últimos dias. Embora os trabalhos no campo sigam a frente do registrado em igual momento no ano passado, a desaceleração é nítida. O avanço semanal passou de 15 pontos percentuais (p.p.) para pouco mais de 6 p.p. no levantamento divulgado ontem pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Com isso, dos 9,4 milhões de hectares (ha) com soja, 51,94% estavam colhidos até a última quinta-feira, contra 39,38% em igual momento de 2016. A ‘invernada’, como chamam os produtores, tem atingido de maneira intensa, importantes regiões produtoras e retardado a colheita de muita soja que já está no ponto de colheita. A dúvida que fica é saber até que ponto a ‘chuvarada’ afeta de maneira pontual as lavouras ou vai realmente influenciar sobre a estimativa de safra recorde de 30 milhões de toneladas e produtividade de 54 sacas por hectare. Essa safra, caso os números se confirmassem, seria a redenção após um ciclo anterior marcado pela seca e por uma das menores produtividades dos últimos anos, com média geral de 49,78 sacas/ha.
Em um evento ontem em Campo Novo do Parecis (387 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Endrigo Dalcin, evitou tom alarmista, disse que a entidade segue monitorando os impactos da chuvas sobre o Município e destacou que até o momento, Campo Novo do Parecis, é o local com o maior problema relacionado ao excesso de umidade e que por isso, os impactos são vistos ainda como pontuais e que o clima vai fechar a conta dessa safra, assim como fez no ciclo passado”. “De maneira diferente, em 2016 sofremos com a seca e hoje com excesso de chuvas, pelo menos em algumas regiões. Aqui em Campo Novo é o local mais crítico. Temos ainda no geral um saldo muito bom de produtividade com metade das lavouras colhidas, no entanto restam mais 50% que serão totalmente influenciados pelo clima. Se vamos ter produtividade recorde, safra recorde, só vamos saber quando tudo terminar”.
Ainda em Campo Novo do Parecis, a colheita foi retomada de maneira parcial ontem, após quase uma semana parada à espera de tempo bom. Com fortes chuvas desde o último dia 9, partes da cidade ficaram alagadas e também houve prejuízos em algumas propriedades rurais que tiveram áreas recém- plantadas submersas. A presidente do Sindicato Rural local, Giovana Velke, reforçou que as áreas rurais alagadas que estavam com milho recém-plantado deverão germinar na próxima semana. “Caso não haja germinação, haverá necessidade de replantio e aí teremos como contabilizar perdas”. Como reitera, a maior preocupação é com a soja que está em ponto de colheita e não pode ainda ser retirada em função do clima.
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