Compartimentação
Acrismat debate conceito com setor Número de pessoas pobres subirá de 17,3 milhões para 19,8 milhões entre 2015 e 2017, segundo projeções de um estudo do Banco Mundial
Mato Grosso estabeleceu como meta criar o primeiro projeto de Compartimentação de Suínos do Brasil. O assunto foi discutido nessa semana em evento sobre o tema por suinocultores mato-grossenses junto à Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), ao Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT) e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Cuiabá.
O conceito compartimentação é definido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), a fim de certificar uma subpopulação animal com um status sanitário diferenciado para uma ou mais doenças específicas. Este sistema de produção oferece garantias adicionais a outros processos de certificação que já existem, como por exemplo, a regionalização, favorecendo a oferta de produtos suinícolas e o comércio seguro entre os países, ainda que ocorram eventuais surtos dessas doenças.
De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, Guilherme Marques, a compartimentação é transformar e aperfeiçoar o que as grandes empresas suinícolas já fazem no que diz respeito à integração de suínos de uma maneira documental e auditável e que permita o acompanhamento de perto por parte das autoridades nacionais e internacionais, e que consequentemente, ocorra a validação, o que ratificará ser uma área livre de Peste Suína Clássica (PSC) e Febre Aftosa, com um diferencial: sem o uso da vacina.
“Seremos reconhecidos por meio de compartimento como livre de febre aftosa sem vacinação. O que abre novos mercados para a suinocultura e blinda o sistema produtivo da suinocultura industrial para estarmos preparados, caso uma eventual crise sanitária ocorra em algum momento no Estado ou país. Exemplo disso, é o Japão que passou quase um século sem febre aftosa até que o vírus entrou no país”, pontuou.
O processo de implantação da compartimentação é de 12 a 18 meses e necessita da participação de produtores, setor privado e setor público. “Para que a gente inicie o processo é preciso que setor privado, e o próprio estado de Mato Grosso, em especial o Indea/MT manifeste interesse de participar no projeto e que tenha acompanhamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e coordenação do Ministério da Agricultura em especial o Departamento de Saúde Animal. Uma vez oficializado, vamos estabelecer um grupo de trabalho para que possamos identificar os fatores de risco dentro de uma granja, frigorífico, fábrica de ração e todo o sistema que está englobado nesse compartimento para que se estabeleçam medidas de segurança compatíveis para evitar eventual entrada de um vírus da PSC ou febre aftosa”, explicou.
O suinocultor, Reinaldo Moraes, um dos instigadores do encontro, demonstrou a vontade de fazer parte do projeto piloto de implantação da compartimentação em Mato Grosso. “Essa foi uma decisão tomada em 2015, quando decidimos vir para o Mato Grosso e investir no Estado. Hoje temos 12.500 matrizes, o que representa cerca de 10% da produção local e pretendemos chegar a 30%, ou seja, triplicar nossa produção nos próximos anos. E vemos o projeto como algo inovador, que traz biossegurança, sustentabilidade, que pode não só fortalecer o nosso trabalho, mas também trazer novos mercados. E a impressão que tivemos nesse encontro é que todos estão interessados e se depender de nós já queremos a compartimentação em 2018”, afirmou Reinaldo Moraes.
O presidente do Indea/MT, Guilherme Nolasco, destacou que tudo que pode viabilizar investimentos para o desenvolvimento econômico e social do Estado é bem vindo. “Esse é um modelo novo de produção, que o setor produtivo quer implantar, o Mapa está trazendo as informações detalhadas e o Indea está de portas abertas para aprofundar a discussão e ver a viabilidade disso”, declarou.
Para o suinocultor, Paulo Lucion, a compartimentação é uma necessidade não só para abrir novos mercados, mas para não perder aquilo a cadeia já conquistou, como Estado livre de PSC. Mesma opinião do diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, que ainda pontua que a suinocultura pode trabalhar de maneira diferente. “Mas para que isso aconteça é imprescindível que o setor privado e público trabalhem juntos. E a Acrismat entra como entidade de nível estadual que procura colocar a indústria, Ministério e Indea para trabalharem juntos no desenvolvimento da suinocultura mato-grossense”, disse.
PANORAMA – Durante o evento, diretora técnica do Indea/MT, Daniella Soares, apresentou o panorama da suinocultura em Mato Grosso, que atualmente possui 2.279.171 cabeças, 475 granjas comerciais, 1.720.341 cabeças em granjas de tecnificação e 558.830 em criatório se suínos. Em 2016, 2.368 suínos foram abatidos no Estado e 6.392 suínos foram exportados para reprodução genética para o Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai. Além disso, ela apresentou o programa de sanidade suína do Indea/MT, que no ano passado vistoriou 2.188 propriedades e 90.612 suínos.
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