José Riva confessa desvio de R$ 3,7 mi da Assembleia
Na sexta-feira (24.02), diante da juíza Selma Arruda, na Vara Contra o Crime Organizado em Cuiabá, o ex-deputado estadual José Riva voltou a confessar ter integrado o esquema investigado na Operação Arca de Noé, que teria desviado milhões de reais na Assembleia Legislativa. Desta vez, Riva deu detalhes sobre o desvio de pelo menos R$ 3,7 milhões, dinheiro que teria sido "lavado" por meio de empréstimos consignados que os servidores obtinham no Banco Real, em 2001.
Em seu depoimento, José Riva disse que o esquema tinha o objetivo de pagar agiotas e dívidas de campanha dele e do também ex-deputado Humberto Bosaipo, na época em que ambos ocupavam a mesa diretora do Legislativo estadual.
"Em relação ao Banco Real quero ratificar que tinha o objetivo de pagar agiota. Outra parte do dinheiro foi usada para beneficio pessoal, de campanha. Aqueles pagamentos efetivados com certeza caracterizam ilegalidade", confessou.
Em seguida afirmou: "Quero distribuir a carga para quem realmente tiver que carregar. Que cada um carregue a sua carga. Muitas coisas eu não tenho domínio total, mas o que eu sei eu vou falar".
O esquema, segundo a denúncia, operava por meio de funcionários "fantasmas" na Assembleia, que eram utilizados para a contratação ilícita de empréstimos no Banco Real, na modalidade CDC (crédito direto ao consumidor). O pagamento do empréstimo ocorria mediante amortização na folha de pagamento dos supostos vencimentos.
Desta forma, o esquema apenas fazia a simulação de empréstimo, e os valores recebidos eram desviados em benefício do grupo liderado por Riva e Bosaipo.
Também são investigados: Luiz Eugênio de Godoy, então secretário de Finanças; Nivaldo de Araújo, responsável pelo setor de patrimônio; os servidores Agenor Jácomo Clivati, Guilherme da Costa, Paulo Sérgio da Costa, Juracy Brito e Djan da Luz, além do contador José Quirino e o técnico em contabilidade Joel Quirino.
Riva disse que o grupo falsificava holerites para conseguir o aval para o banco liberar os empréstimos: "Tivemos financiamentos de até R$ 20 mil, sendo que alguns servidores ganhavam R$ 2 mil. Quem ganha R$ 1 mil e pouco e consegue financiamento de R$ 20 mil?
Se tratava de um holerite falsificado".
O ex-deputado contou que o dinheiro das fraudes, em muitas ocasiões, ficava com os próprios servidores. Em geral, segundo Riva, boa parte era destinada ao pagamento de factorings, como a "Confiança", que pertencia ao ex-bicheiro João Arcanjo.
“Tinha funcionário que não era servidor e tinha funcionário que ficava com o dinheiro, porque nessa época tinha muito atraso de salário”, disse Riva, que completou: "Esses cheques administrativos que foram entregues com certeza não foram para os servidores. Eram utilizados para pagar [João] Arcanjo, seo Valdir [Piran] e outras pessoas. E teve deputado que usou para outras coisas, para campanha politica".
José Riva disse que ele e Bosaipo tiveram a mesma participação no esquema: "A (participação do Bosaipo) foi a mesma da minha, os dois tinham conhecimento do que tinham que fazer, não é maior nem menor do que a minha".
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