Ensino e Assistência
Pacientes idosos recebem equipe de saúde do HUJM em casa
Quando Mario Santos Ishizawa, de 69 anos, recebeu o diagnóstico de Alzheimer, o filho e a primeira esposa o acolherem em casa, uma fazenda localizada a 30 quilômetros de Cuiabá. Maria do Carmo Ribeiro cuida do ex-companheiro que já apresenta um quadro avançado da doença, o que dificulta a locomoção da família para as consultas e exames. “Ele é ausente de tudo. Não reconhece eu e o filho, às vezes. Eu trabalhei 16 anos como enfermeira e nunca tinha me deparado com essa doença”, conta dona Maria, aliviada com a presença da equipe multiprofissional do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM-UFMT/Ebserh). A visita faz parte do Projeto de Assistência Domiciliar Interdisciplinar de Geriatria e Gerontologia (ADIGG), que começou nesta terça-feira (04.04).
Idosos passam a ser atendidos em casa por médicos, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. O objetivo do trabalho é complementar o cuidado ao paciente em seu domicílio e também contribuir com a formação da residência em geriatria e demais áreas gerontológicas. “O projeto é importante porque consegue integrar tudo numa visita só. O paciente tem atendimento mais especializado. Para gente, é um desafio ligar com pacientes mais frágeis, uma responsabilidade e um grande aprendizado, além de que contribui com a sociedade”, diz médica Lívia Valerio Sanches, residente em geriatria.
“Cada dia a gente vai aprendendo a lidar. Uma coisa é dar banho e comida para uma pessoa adulta e tentar descobrir o que ela está sentindo. É muito bom o que está acontecendo (a visita) porque essa doença é nova para gente. Tendo suporte, fica mais fácil”, afirma o filho do casal, André Minoru. Além dos cuidados diários, André recorreu à justiça para receber os benefícios previdenciários do pai. O sustento da família e o tratamento do pai são mantidos com a aposentadoria da dona Maria e os serviços que o André consegue como autônomo. A assistente social do Hospital, Eronice de Jesus, orienta a família a reverter essa situação. Atualmente, a última esposa do senhor Mário está recebendo o dinheiro, mas não cuida dele.
O projeto
“A assistência domiciliar faz parte da grade obrigatória do programa de residência médica em geriatria e gerontologia iniciado em 2016 no HUJM, portanto temos urgência na implantação deste serviço, já que temos um residente cursando o primeiro ano da residência”, explica a médica Andréia Casarotto, professora da Residência.
Conforme a geriatra, outra demanda importante para a criação do ADIGG é o encurtamento do tempo de internação hospitalar (“desospitalização”) e o seguimento desses idosos que estavam internados e que, na alta, necessitam ser acompanhados em domicílio. “No Júlio Muller, frequentemente esses pacientes perdem o seguimento por não conseguirem retornar às consultas agendadas. Não raro, o próximo encontro com o paciente é em uma nova internação hospitalar”, ressalta a médica, ao falar da importância do projeto.
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