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Sexta - 14 de Abril de 2017 às 09:50
Por: Da Assessoria

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Gabriele Garcia
​Reunião entre lideranças Wauja, membros do IHB e o governador Pedro Taques
​Reunião entre lideranças Wauja, membros do IHB e o governador Pedro Taques

Lideranças wauja (da aldeia Piyulaga, localizada no Território Indígena do Xingu) se reuniram, nesta quarta-feira (12.04), com o governador Pedro Taques para apresentarem demandas referentes à cultura, educação e meio ambiente. Também esteve presente o Secretário de Cultura, Leandro Carvalho, e membros do Instituto Homem Brasileiro (IHB), instituição que tem assessorado os indígenas na elaboração de vários projetos, dentre os quais o contemplado pelo edital “Territórios MT”, cuja proposta é dar autonomia aos wauja no que diz respeito à pesquisa e registro cultural, preservando assim o conhecimento tradicional da etnia.

Após o encontro, Taques se comprometeu a atender as necessidades indígenas e, para garantir celeridade, foram marcadas outras duas reuniões no mesmo dia. A primeira, às 14h30, com o secretário-adjunto do Meio Ambiente, Alex Marega; e, em seguida, às 15h30, com o coordenador de relações políticas da Secretária de Educação (Seduc), João Batista Neto.

“A Secretaria de Educação já está ciente das informações e irá se reunir com os membros para que as pautas sejam atendidas o mais rápido possível”, garantiu o governador. Vale lembrar que, na terça-feira (11.04), durante a cerimônia de assinatura dos contratos dos projetos aprovados em editais lançados pela Secretaria de Cultura (SEC-MT), lideranças wauja cobraram a oferta de cursos de capacitação para professores indígenas, estrutura física adequada para desenvolverem as atividades curriculares, maior fiscalização e cuidados ambientais no entorno do Território Indígena do Xingu (TIX) e solução para a falta de internet nas aldeias.


Reunião na Secretaria do Meio Ambiente (Sema)

Na ocasião, diante do secretário adjunto da Sema, Alex Marega, foi apresentado um panorama geral com objetivos gerais e específicos do projeto “Águas do Xingu”, que, em suma, busca o reflorestamento de nascentes e cabeceiras dos principais rios da Bacia do Rio Xingu.

Afinal, as nascentes destes rios estão localizadas fora do TIX e muitas delas estão desmatadas, o que tem causado assoreamento (acúmulo de sedimentos pelo depósito de terra, areia, argila ou detritos na calha de um rio), que, por consequência, diminui a oferta de peixes.

“Quanto mais a destruição da mata avança, mais assoreado o rio fica. Então os peixes estão sumindo também, que é uma alimentação básica para nós. Então precisamos da ajuda dos proprietários de terra, para que reflorestem as nascentes”, explicou Piratá Waurá.

Marega afirmou compreender a necessidade e importância do projeto e, inclusive, indicou algumas outras iniciativas que realizam trabalhos com propósitos semelhantes. Como ferramenta importante para mapear a região, ele sugeriu a base de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), documento obrigatório a todos os imóveis rurais, que fornece dados que auxiliam no controle, monitoramento e combate ao desmatamento. Em Mato Grosso, o sistema é gerenciado pela Sema.

“A gente poderia concentrar esforços em notificar os proprietários dessas áreas [entorno do TIX], os que ainda não tem o CAR, para que façam o quanto antes. Assim, complementou Marega, “já teríamos esse mapeamento muito bem feito, com imagens de satélite e bases de referência que a gente tem há mais de 15 anos”.


Reunião na Secretaria de Educação (Seduc)

Em seguida, foi a vez do encontro com João Batista, coordenador de relações políticas da Seduc. Sobre as reclamações a respeito da falta de oferta de cursos para capacitação de magistérios indígenas e de uma estrutura física adequada para que os alunos tenham condições equiparáveis aos que frequentem demais escolas públicas mato-grossenses, Batista garantiu que medidas serão tomadas para solucionar ambos os problemas.

Segundo ele, a equipe da Seduc responsável pelos cursos de capacitação fará um levantamento para analisar quantas etapas do curso preparatório ainda não foram ofertadas e, em breve, novos professores locais poderão estar aptos a lecionar.

Sobre a escola, o processo é mais lento, mas o apontamento também foi positivo. “Tem todo o trâmite que a lei determina. Temos que levar um grupo de engenheiros até a aldeia para fazer um levantamento de tudo e, com isso, fazer o projeto. E, depois, tem a logística para transportar os materiais até lá”, explicou Batista.

Sobre a dificuldade de acesso, Piratá foi enfático: “Há muito tempo ouvimos essa justificativa. Mas como que o Orlando Villas-Bôas chegou lá estruturando o local? Agora imagina naquela época [anos 1940] que era tudo difícil. Naquele tempo era tudo fechado e o caminho era só pelo rio e, mesmo assim, eles chegaram. Então hoje está tudo fácil, tem estrada até à beira da aldeia”, declarou.

Outro ponto discutido foi a internet, que está cortada desde agosto de 2016. De acordo com Batista, se trata de um imbróglio jurídico com a empresa que fornecia o serviço. Entretanto, assegurou que já estão fechando com outra companhia, mas que não existe uma data prevista para que a internet seja restabelecida.

“Eu não sei se já foi feita a licitação, mas, se não fez, está terminando de fazer para resolver esse problema aí de vez. Vai voltar, isso nós podemos garantir, eu só não posso precisar pra vocês o dia que vai voltar”, concluiu.

Importante ressaltar que os wauja precisam da internet para o lançamento do Diário de Classe Digital (Documento que apresenta a frequência de cada aluno, bem como o plano de ensino do professor). Sem acesso à rede, são obrigados a viajar até as cidades mais próximas para realizarem o procedimento. A ida e a volta de cada viagem, somadas, dá aproximadamente R$ 2 mil por pessoa, além da cansativa viagem.




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