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Cidades/Geral
Segunda - 17 de Abril de 2017 às 15:45
Por: Aline Coelho | Setas-MT

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Jana Pessoa/Setas-MT

A encenação do Auto da Paixão de Cristo, realizada pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas) há 10 anos em Cuiabá, ganhou uma nova roupagem social desde o ano passado.

Em 2017, 117 pessoas em situação de vulnerabilidade social foram incluídas na montagem. Todos participaram de oficinas a exemplo de dança e cenografia e ainda atuaram como figurantes. Já a feira de economia criativa e a praça de alimentação proporcionaram um complemento de renda a famílias e também para projetos de empreendedorismo social que expuseram durante as seis noites de apresentação. "A Setas e o Governo do Estado cumprem assim o papel social de transformar a vida das pessoas. E não deixar nenhum mato-grossense para trás", afirma o titular da Setas Max Russi.

Xisto Xavante, da Aldeia Nova Esperança de Barra do Garças, participa pela sexta vez da encenação da Paixão de Cristo. E esse ano veio acompanhado da filha Yasmin Pe´warã e do neto Maldonado. A família compõe o grupo de 13 indígenas incluídos na peça esse ano. Orgulho, Xisto conta que mais uma vez será um dos guardas de Herodes.

Entre o público vulnerável selecionado para participar do evento ainda estão reeducandos do sistema prisional; menores da Casa da Criança; menores do Cras Jardim União; alunos da Rede Cidadã; alunos da Instituição Nossa Casa; haitianos; reeducandas da Fundação Nova Chance; reeducandos da Valor à Vida e adolescentes do sistema socioeducativo.

L.M.S. atuou pela primeira vez, como figurante. O jovem de 17 anos é interno do Complexo Pomeri, em Cuiabá há sete meses, quando cometeu um ato infracional. L. é natural de Goiânia, Goiás e aos três anos ficou órfão, aos 13 foi expulso de casa pelo tio, e desde então mora nas ruas.

A participação na peça rendeu outras oportunidades ao jovem que fez teste e passou para participar de uma produção estrangeira. Após a peça ele irá morar com uma família acolhedora na capital.

Economia

No espaço de economia criativa mais de 30 expositores de artigos artesanais comercializaram os produtos durante os seis dias de encenação. O Espaço Nassar foi criado com o objetivo de fazer caridade no bairro Coophema. Atualmente cerca de 50 voluntários mantém a casa que tornou-se um centro de empreendedorismo social e resultou na criação da marca Luxo sem Lixo (LSL).

"O espaço tem o intuito de garantir um futuro melhor para as crianças de Cuiabá. Realizamos atividades focadas no desenvolvimento humano de forma completa. Já criamos uma empresa de pizza que atua no mesmo espaço, para ser nossa mantenedora, e agora temos também a LSL que é um empreendimento criativo", explica a voluntária Luciana Lobo.

A também voluntária Janaira Amorim explica que os retalhos de fábricas de cortinas e estofados se transformaram na matéria prima para bolsa, carteira, jogo americano, entre outros, e todo valor arrecadado é revertido para o Espaço Nassar no atendimento de 150 pessoas, entre adultos e crianças. "Essa é a primeira vez que realizamos parceira com o Governo do Estado por meio do MT Criativo, onde recebemos apoio e incentivos para o projeto ", comentou a voluntária.

A artesão Mildes Galvão Pinheiro de 58 anos, participa de um circuito de feiras em Cuiabá. Porém ela prefere a exposição como é oferecida no Sesi Papa, "é bom quando são vários dias, a pessoa vem, namora a peça, e volta pra buscar. Eu me considero uma veterana, pinto, bordo várias técnicas, faço crochê, quando a crise aperta precisamos variar para manter a renda", completa a artesã Mildes.

Na praça de alimentação a maioria dos fornecedores eram empreendimentos familiares. A exemplo dos irmãos Eduardo e Anwar Vaz Curvo que comercializaram o estrogonofe (de carne ou frango) acompanhado por arroz ou batata palha por R$ 10,00. Em média, foram servidos 200 pratos por dia.

"Precisamos ter um lucro pelo trabalho, mas entendemos o momento de crise, por isso, decidimos fazer um prato que tem bastante saída por um preço popular", comenta Anwar.

Ao todo, cinco pessoas da famílis estão envolvidas na preparação e venda do cardápio e o objetivo é arrecadar cerca de R$ 4 mil durante os seis dias, valor que será rateado entre os irmãos. Atualmente os dois trabalham juntos apenas em eventos, mas pensam em abrir um restaurante, por isso, o dinheiro deve permitir um "respiro", para a concretização do objetivo.

Paulo Budib, a filha e a neta não tem outra renda, senão a venda de comida árabe. Durante os seis dias de Auto da Paixão, comercializaram uma receita própria de kebab - um pão caseiro a base de alho recheado com carne (ave, suína, bovina) , tomate, acelga, cenoura, repolho, muçarela, bacon e batata palha.

Focando no público com menor renda, que procurariam o evento com entrada gratuita, a família que, normalmente comercializa o kebak por R$ 15,00 ou R$ 20,00, ofereceu a refeição por R$13.

Até quem não esperava conseguiu um complemento de renda durante o evento. O cuiabano Roberto Rodrigues mora no centro da capital, e todos os anos a programação da Semana Santa é assistir ao Auto da Paixão de Cristo. No entanto, esse ano, ele trabalha como motorista em um aplicativo. Dessa forma, conseguia corridas de ida e volta do local, além de assistir a peça e aproveitar o espaço, como de costume.




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Jana Pessôa/Setas-MT

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