Acertando a delação
Silval começou a gravar vídeos em 2014 Gravações compreende o período entre a eleição de 2014 e os últimos dias de Silval no Paiaguás; Acordo é de R$ 250 milhões e prevê confissão
Os vídeos e áudios que o ex-governador Silval Barbosa (PDMB) está disponibilizando ao Ministério Público Estadual e Federal foram gravados a partir de fevereiro de 2014, dez meses antes de terminar a sua gestão à frente do governo do Estado. Silval gravou encontros em seu gabinete no Palácio Paiaguás e em outros locais onde se reuniu com agentes públicos e empresários.
As gravações se intensificaram ainda mais quando se aproximou a campanha eleitoral de 2014 (maio) e pós-eleição (Novembro de 2014).
Todos os depoimentos de Silval Barbosa nas últimas semanas estão sendo coletados pela promotora de justiça Ana Cristina Bardusco Silva, que atualmente coordena o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (CIRA) no Estado e que foi responsável pelas informações que culminaram na deflagração da Sodoma em 2015.
O amplo material comprovaria tudo o que o ex-chefe do Executivo mato-grossense vem declarando em seus depoimentos nos últimos dois meses na tentativa de firmar o seu acordo de colaboração premiada que estava dependendo apenas do valor que o ex-governador devolveria aos cofres públicos.
Nos últimos dias esse valor ficou fixado em R$ 250 milhões que serão devolvidos em parcelas fixas.
Outra exigência que também foi acatada por Silval Barbosa, foi a confissão de todas as acusações que foram levantadas durante as cinco fases da Operação Sodoma.
A confissão deve ocorrer já no próximo dia 16 de maio, quando a juíza Selma Arruda fará a oitiva com Silval sobre as investigações da quarta fase da Sodoma.
Preso desde setembro de 2015, Silval deve reverter as suas prisões preventivas para uma prisão domiciliar e algumas restrições com tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e apresentação quinzenal junto ao MPE.
O acordo dos benefícios se assemelha aos de outros investigados e delatores da Operação Lava Jato. O doleiro Alberto Youssef, por exemplo, conseguiu o benefício da prisão domiciliar após dois anos e sete meses de prisão preventiva. Assim como Alberto Youssef, na Lava Jato, Silval Barbosa é considerado peça central das investigações das Operações Sodoma e Seven.
O ex-governador Silval Barbosa também revelou em um dos seus depoimentos que todos os recursos que foram levantados através de desvios e irregularidades para pagamentos a empresários e dívidas de campanha, já haviam sido firmados antes de sua gestão como governador, e que apenas cumpriu o que “herdado”.
Essa parte deverá ser analisada pelo Ministério Público Federal (MPF), devido ao foro privilegiado do ex-governador do Estado e atual ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP), que o antecedeu no comando do Palácio Paiaguás.
Durante os depoimentos junto ao MPF e MPE, também foram revelados outros episódios nada republicanos, durante o período que Silval era vice-governador e governador do Estado (2007-2014). A relação entre o Executivo e o Legislativo, obras da Copa, programas federais e pagamento de empreiteiras também foram citados.
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