Repórter News - reporternews.com.br
Politica MT
Quinta - 18 de Maio de 2017 às 20:07
Por: Celly Silva, repórter do GD

    Imprimir


A ex-servidora comissionada do Estado Tatiana Sangalli Padilha, que teve seu número grampeado em esquema de “barriga de aluguel” promovido pela Polícia Militar em investigação que tratava sobre tráfico de drogas, também foi monitorada via telefone pela Polícia Civil, no ano de 2015.


O denunciante teria dito que Arcanjo estaria arquitetando ações de vingança contra o governador com o intuito de “acabar com ele, dando sentido dúbio a essas palavras, não se sabendo se colocam fim à sua vida ou se ao seu mandato eletivo, ou ainda à sua carreira política”, segundo registrou o delegado em uma portaria.Conforme documento relativo à um inquérito aberto pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), divulgado pelo site Mídia News, o então titular, delegado Flávio Stringueta, recebeu uma ligação anônima em seu celular funcional originada de um telefone público, em que uma pessoa relatou “fatos sérios que poderiam envolver o atual governador do Estado de Mato Grosso, Pedro Taques, atribuídos ao comendador João Arcanjo Ribeiro”.

Conforme o documento, pessoas ligadas a João Arcanjo manteriam contato com o primeiro escalão do governo, principalmente funcionários da Casa Civil, onde estariam conseguindo informações privilegiadas para alcançar seus objetivos.

A ex-servidora comissionada da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) e da Secretaria de Transportes, Tatiana Sangalli então foi citada como amiga da filha de João Arcanjo, Kelly, com quem estaria se encontrando. Segundo a denúncia anônima, Tatiana também seria muito amiga de uma funcionária da Casa Civil, de nome Caroline, com quem se encontrava regularmente para buscar informações sobre a rotina e agenda do então chefe da Casa Civil, Paulo Taques, e do governador Pedro Taques.

O denunciante também informou que Tatiana Sangalli teria proximidade com o jornalista José Marcondes dos Santos Neto, o Muvuca, ressaltando que ele é adversário político do governador.
Além disso, o informante também destacou que Tatiana Sangalli teria o costume de se envolver amorosamente com políticos e pessoas influentes em troca de cargos e outros tipos de favores, uma dessas pessoas seria Paulo Taques.

Outro suposto relacionamento seria com João Arcanjo Ribeiro, com quem Tatiana teria dito a amigos que se casaria, o que levantou maior suspeita na investigação, que ficou denominada de “Querubin”, já que o denunciante anônimo havia levantado a hipótese de uma vingança contra o governador por meio de pessoas próximas ao governo. Nas ligações, ela teria se referido ao ex-bicheiro como “homem de preto” e que se tornaria dona do empreendimento Colibri, de propriedade de Arcanjo.

Divulgação PJC

Delegado Flávio Stringueta realizou investigações em ligações telefônicas de Tatiana

Ao final das interceptações, que duraram 45 dias, a Polícia Civil chegou a conclusão de que as conversas de Tatiana não representavam ameaça ao governador, mas sim intenção de incomodar o casamento de Paulo Taques, que teria terminado o relacionamento amoroso com ela quando tornou-se agente público, no início de 2015.

Defesa de Arcanjo nega envolvimento

Ao Gazeta Digital, o advogado de João arcanjo, Paulo Fabriny, negou qualquer relação ente Tatiana Sangalli e seu cliente e considerou absurda a hipótese de que ele estaria tentado armar uma vingança contra o governador.

“Ela não o conhece. Ele não pode receber esse tipo de visita, só com a autorização dele. (...) É impossível que ele mande alguém fazer algum ilícito sem que a Polícia Federal tenha conhecimento”, afirmou, detalhando que as únicas pessoas que vistam o “comendador” são seus advogados e familiares e que estes passam por um verdadeiro “pente fino” para entrar no presídio federal de Mossoró (RN), onde ele está preso.

Ele ainda afirmou que todas as visitas são gravadas em áudio e vídeo e que até mesmo documentos e correspondências que chegam até Arcanjo são monitorados pelo departamento jurídico, que detecta possíveis códigos e fica com uma cópia de cada item.

Questionado sobre o que teria motivado Tatiane a contar para amigos que se casaria com João Arcanjo, o advogado afirma que talvez ela apenas quisesse “contar vantagem” e que a única relação dela com a família Arcanjo é a relação de amizade com Kelly, filha do ex-bicheiro.

Edson Rodrigues

Paulo Fabriny, advogado de João arcanjo

O advogado, no entanto, acredita que a investigação “Querubin”, que acabou nem sendo deflagrada, teria partido de dentro do governo, com a intenção de criar empecilhos contra João Arcanjo em sua tentativa judicial de retornar para um presídio de Mato Grosso, onde poderá conhecer seus netos que, por serem menores de idade, não podem entrar no presídio federal.

A investigação, para o advogado, também teriam o objetivo de atrapalhar o pedido de progressão de pena do ex-bicheiro e também em outro julgamento que ele passou em 2015.

Tatiana também nega relação com ex-bicheiro

De acordo com a própria Tatiana Sangalli, em nota, ela nunca manteve qualquer envolvimento com João Arcanjo Ribeiro, exceto o fato de ser amiga de sua filha Kelly.

Por outro lado, ela confirmou ter tido relacionamento amoroso com Paulo Taques entre 2009 e início de 2015 e diz acreditar que esse possa o motivo para ter sido grampeada ilegalmente. Para a ex-servidora pública, as notícias sobre seus envolvimentos amorosos desviam o foco das investigações sobre as escutas clandestinas e afirmou que vai buscar na Justiça a reparação dos danos que ela e sua família vêm sofrendo com a repercussão do caso dos grampos.

Confira a nota de Tatiana Sangalli na íntegra:

“Eu, Tatiana Sangalli Padilha, através desta nota venho manifestar-me no seguinte sentido:

1- Desde que veio à tona a denúncia de que grampos foram realizados em diversos telefones, de forma ilegal e clandestina, aproveitando-se de processos criminais em curso, meu nome tem sido utilizado em diversas matérias jornalísticas sem qualquer fundo de veracidade.

2- Dois telefones que eram de minha propriedade e uso nos anos de 2014 e 2015 foram incluídos em um processo judicial que tramita na Comarca de Cáceres, como se eu fosse membro de uma organização criminosa de tráfico de drogas, sendo que jamais tive qualquer envolvimento com os policiais militares nos processos mencionados;

3- Esclareço que mantive um relacionamento amoroso com o ex-secretário chefe da Casa Civil entre os anos de 2009 até o início de 2015, sendo que, talvez por isso, tenha sido alvo de escutas ilegais;

4- Esclareço ainda que nunca tive qualquer envolvimento com o João Arcanjo Ribeiro, excerto o fato de ser amiga de sua filha Kelly, assim como nunca tive qualquer relacionamento com qualquer senador da República, acreditando que tais notícias visam apenas denegrir a minha imagem, distorcendo fatos e buscando que se desviem do objeto maior que deve ser investigado: escutas ilegais e clandestinas com interesses pessoais, utilizando de cargos públicos e de membros de outros poderes.

5- Exijo sim, que se apure a fundo esse crime praticado, e que sejam apresentados o mais rápido possível à sociedade os autores desses delitos.

6- Não permitirei, em hipótese alguma, que meu nome seja usado para encobrir crimes de quem quer que seja, posto que sou vítima de um ato ardil e sorrateiro.

7- Buscarei na Justiça a reparação dos danos que eu e minha família estamos sofrendo por atos injustos e abusivos.

Tatiana Sangalli Padilha





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/424538/visualizar/