Plano Safra 2017/2018
Crise política adia anúncio ao campo Sem fechar taxas e recursos, lançamento não irá ocorrer até final do mês e, consequentemente, operacionalização a partir de 1º de julho pode atrasar
A crise política que voltou a se instaurar no país na semana passada, após a divulgação de grampos e os conteúdos de delações que envolvem o presidente da República Michel Temer, vai travar também a liberação de recursos para o financiamento da próxima safra brasileira. Ontem, em Várzea Grande (MT), o ministro interino Eumar Novacki, disse que o Plano Agrícola e Pecuário (PAP 2017/18) não tem data definida para ser lançado, mas ratificou, já em tom de discurso político, “que há um grande esforço para se fechar o Plano Safra e que ele anunciado junto com o presidente da República. Vamos nos esforçar para que o Plano possa ser operacionalizado a partir de 1º de julho, de acordo com o calendário agrícola nacional”.
As informações foram repassadas pelo ministro interino ontem, durante a entrega de 835 sistemas de irrigação por gotejamento, distribuídos entre 22 municípios localizados na região sudoeste e oito na Baixada Cuiabana.
No início de maio do ano passado, os produtores rurais de Mato Grosso já sabiam quanto o governo federal iria disponibilizar para o apoio da nova safra agropecuária, a 2016/17, e principalmente, em que condições e taxas os R$ 202,8 bilhões seriam concedidos. Prestes a virar o mês, mais do que a expectativa para saber se o Estado terá parte de seus pleitos atendidos, está a preocupação em ver o PAP 2017/18, lançado o mais rápido possível, para que a sua operacionalização seja possível de acordo com o calendário anual, a partir de 1º de julho, quando tem início o novo ano-safra brasileiro.
Mesmo com as incertezas em Brasília, Novacki explica que o Plano Safra está nos “ajustes finais com o ministério da Fazenda para discutir o montante a ser ofertado, as taxas de juros”, mas como fez questão de ressaltar, “o mais importante para o Ministério é simplificar os processos de acesso ao crédito, não adianta nada ter o recurso disponível, juros acessíveis, mas ter um burocracia que te impeça de tomar o capital necessário como acontecia no passado. Temos como foco três eixos, recursos abundantes, juros menores e principalmente, acesso facilitado. O agronegócio é o grande negócio do País. Todos sabem disso e acredito que mesmo que haja atraso no sei anúncio e lançamento, não haverá transtornos na prática ao produtor”.
Com relação à crise política, o ministro interino destacou que nesse momento o foco de todo o governo federal é aprovar as reformas previdenciária e trabalhista. “São ações estruturantes ao país. Passando elas, haverá recursos para agricultura e pecuária”.
E completou: “A grande discussão é orçamentária e financeira. Sabemos que a agricultura e a pecuária são o maior negócio do país, pois para cada R$ 1 investido em projetos de cada uma dessas atividades, cerca de R$ 5 ou R$ 6 retornam para a economia brasileira”. O secretário acredita que há “clima para as votações” e crê que tão logo elas sejam aprovadas será possível fechar o Plano Safra.
Novacki criticou a forma como as denúncias dos grampos da JSB foram tratadas, vindo a público de uma forma descuidada, assim como ocorreu com as informações em relação à Operação Carne Fraca, em que a qualidade da carne brasileira foi questionada, sendo que o alvo das investigações estava na conduta de profissionais que atuavam no sistema de certificação e não no produto final.
CARNE FRACA – O ministro interino lembrou que o ministro Blairo Maggi segue a agenda de visitas da missão oficial ao Oriente Médio para recuperar os prejuízos à imagem do país, após a Operação Carne Fraca, “A missão tem a finalidade de reposicionar a imagem internacional do Brasil, afinal, agricultura e pecuária estão acima de discussões políticas”.
Os planos do Mapa seguem mantidos apesar da crise política. O ministro interino antecipou que nos próximos dias, assim que o ministro Blairo, ele seguirá para Comunidade Europeia (Holanda, França e Polônia) e na sua volta, Maggi vai para Ásia (China, Hong Kong e outros países) e nesse novo retorno, Novacki vai ao Irã, Egito e Argélia. “São missões que já estão programadas para países que são importantes na relação comercial com o Brasil. Essas visitas têm sido importantes na recuperação ou mesmo conquista da relação de confiança. Estamos trabalhando para consolidar o mercado da carne, que foi o mais afetado após a Carne Fraca, mas também ampliá-lo. No entanto, estamos, por meio de encontro bi-laterais, divulgando nossos lácteos, frutas e qualquer outro segmento que tiver o perfil para o mercado a ser visitado”.
Com essas missões, Novacki destaca que será possível atingir a meta estabelecida no início da gestão do ministro Maggi, que foi a de chegar, em cinco anos, a 10% das exportações brasileiras no mercado internacional, saindo dos atuais 7%. “Com divisas, isso se traduz em uma injeção de US$ 30 bilhões circulando na economia do país com esse ganho de 3%. É uma meta ousada, difícil, mas possível”.
Ainda como reforça o ministro interino, as missões internacionais poderiam ser apenas para prospectar novos negócios e mercados, “mas estamos indo dar explicações sobre a Carne Fraca”. Ele pontuou que o Mapa apoia a Operação {Carne Fraca}, mas voltou a criticar a forma como a Polícia Federal divulgou as primeiras informações, que colocou em xeque a qualidade da carne, quando o foco eram desvios de conduta de servidores. Ele elogiou ainda o trabalho de certificação realizado no Estado, que detém o maior rebanho de bovinos do Brasil, onde nenhuma irregularidade foi citada na Operação.
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