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Economia
Domingo - 04 de Junho de 2017 às 10:55
Por: Keka Werneck/Gazeta Digital

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Indicador de Reserva, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostra que 65% dos brasileiros, entre eles os mato-grossenses, não poupam, ou seja, gastam todo a renda do mês e até mais, usando cartão de crédito.

Embora a prática possa ser adotada por consumidores de todas as classes sociais, os ricos, das classes A e B, poupam mais (37%), que remediados e pobres (13%), das classes C, D e E.Em março deste ano, último indicador calculado, o índice chegou a 76%.

Mesmo entre ricos, 60% não poupam.

Advogado José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil falou com o Gazeta Digital e orientou todas as pessoas, uma vez empregadas, a guardarem de 10 a 15% pelo menos do que recebem mensalmente em uma conta poupança ou até mesmo em uma caixa de economias, onde se sentir mais à vontade.

A administradora cuiabana Joziele Almeida dos Santos, 34 faz isso. Pega 50% do salário e põe em uma conta poupança. "Faço questão de quebrar o cartão, para não cair na tentação de sacar", comenta.

Otmar de Oliveira

Poupar é prática que se ensina desde cedo

Perguntada se ela é rica, responde brincando que não. "Sou rica de saúde, mas poupar é um hábito que a gente adquire".

Casada, explica que combina com o marido dele pagar as contas da casa para ela poupar.

"Antes a gente estava pagando a mensalidade de uma moto, então diminuímos o valor", explica. "Mas a ideia é sempre reservar e jamais mexer, a não ser em situação extrema, mas tem 1 ano que a gente não mexe na nossa poupança".

Foi assim, poupando, que ela e o marido passaram uma semana em João Pessoa (PB). "Praia linda, maravilhoso, super recomendo", comenta.

É isso que o educador financeiro Vignoli ensina.

"É preciso pensar um pouco mais a longo prazo", orienta. "Se você não fizer uma reserva no seu período mais produtivo em algum momento, nas crises, como a de hoje em dia, fase de desemprego, quantas pessoa estão em situação complicada".

Uma pergunta que deve ser feita é: qual é o meu momento de vida? Estou em boa fase? Se sim, a hora é de poupar mais. "Se a resposta for não, poupe o que for possível", diz o especialista.

Não tem mistério, é questão de decisão.

Falta cultura

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o baixo número de poupadores tem relação direta com a crise econômica, que potencializa a falta de cultura de poupar. “O desafio de boa parte das famílias é superar a queda da renda decorrente do aumento do desemprego e do avanço recente da inflação, que corroeu o poder de compra do consumidor.”

Em média, aqueles que conseguiram poupar guardaram R$ 502 em março – um total de R$ 14,2 bilhões poupados no mês.

Indicadores

O indicador ainda mostra que, em março, entre aqueles que possuem reserva financeira, mais da metade (55%) fizeram uso dos recursos poupados. Os principais motivos foram o pagamento de contas da casa (13%), imprevistos (11%), despesas extras (9%), viajar (4%) e comprar uma casa ou apartamento (4%).

Considerando o destino dos rendimentos, 64% escolhem a caderneta de poupança. Em segundo lugar, 20% dos entrevistados decidem manter o dinheiro guardado na própria casa. Em seguida, aparecem os fundos de investimento (10%); a Previdência Privada (7%); o CDB (6%); e o Tesouro Direto (4%).

Segundo a economista, a escolha da modalidade deve sempre levar em conta o propósito da reserva. “Se o objetivo é de longo prazo, o poupador deve buscar o melhor rendimento. Essa busca implica, muitas vezes, disciplina e um esforço de pesquisa dos melhores tipos de investimentos existentes mas pode levar a escolhas melhores. Já se o objetivo é constituir uma reserva contra imprevistos, será mais conveniente optar por um investimento com maior liquidez, isto é, mais facilidade de saque, como a poupança e os CDBs sem carência, por exemplo”, analisa Kawauti.

Aposentadoria vem aí

Entre os consumidores que não pouparam em março, a principal justificativa foi a renda baixa, mencionada por 44% dos entrevistados. Os imprevistos também se destacaram, citados por 16% e outros 13% disseram estar sem renda no momento. Além destes motivos, 9% citaram o fato de não conseguirem controlar os gastos e 6% a falta de disciplina.

“Se o consumidor ganha pouco, não é preciso guardar muito. O importante é criar o hábito de poupar. É isso que faz toda a diferença, pois afasta o mau hábito de gastar além do orçamento e constitui uma reserva financeira contra imprevistos”, diz Marcela Kawauti.

Já entre os entrevistados que conseguiram poupar, a maior parte (37%) se diz motivada por imprevistos como doenças, mortes e problemas diversos. Há também 31% que falam em garantir um futuro melhor para a família e 22% que pretendem reformar ou quitar um imóvel. A preocupação com a aposentadoria não é algo que se destaca, citada somente por 14% dos que pouparam.

“Há uma priorização da realização dos planos de consumo na comparação com o preparo para a aposentadoria, mas não se deve negligenciar esse último objetivo: a boa prática financeira recomenda que se faça uma reserva para imprevistos, incluindo aí a contingência do desemprego, para a realização de sonho de consumo e outra para o longo prazo, para a aposentadoria”, conclui Kawauti.(Com informações da SPC Brasil)





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