Leandro (à direita) compõe a Seleção ao lado do irmão Leomon. (Foto: Fernando Borges/Terra)
Em quadra ou banco de reservas, os irmãos Leomon e Leandro Moreno, da Seleção Brasileira de goalball, procuram interagir o tempo inteiro em uma "confiança de brother" que promete ajudar na busca pela medalha dos Jogos Paralímpicos de Londres.
Sentados lado a lado, Leandro e Leomon conversaram e fizeram brincadeiras, aos risos, nos intervalos durante a difícil partida do Brasil contra a Finlândia, na estreia dos Jogos, em que o time venceu por 6 a 5. Correram para a quadra para comemorar a vitória com os companheiros e entraram na zona mista exaltando muito o resultado, obtido contra o atual campeão europeu. Ainda acompanharam de perto a entrevista de Filippe Silvestre.
Quando falaram à imprensa, continuaram juntos. "Eu acho que ter um cara da família na Seleção Brasileira já é uma coisa surpreendente. Poder jogar com ele, então, é outra coisa", disse Leomon, 19 anos, o mais novo da dupla. "Ainda mais para mim, que sou o mais novo. Esse cara aqui é uma verdadeira inspiração", afirmou, batendo no peito de Leandro, 24 anos.
No segundo desafio, eles participaram do duelo contra a Suécia. Contudo, a equipe brasileira não repetiu o desempenho da estreia e perdeu por 5 a 4. Leomon foi o artilheiro da equipe na partida com dois gols.
"Jogar no mesmo time que ele é uma coisa que dá confiança em dobro. Você tem confiança no seu time e no "brother" também", devolveu Leandro, que nasceu em Brasília e ficou cego por causa da retinose pigmentar, uma doença degenerativa e progressiva que o deixou cego - o processo começou quando era ainda bebê.
A família dos jogadores tem histórico com essa doença e, cinco anos depois, Leomon nasceu com o mesmo problema. Quando tinha 11 anos, Leandro começou a praticar goalball. O irmão mais novo, que havia tentado futebol de cinco e atletismo, resolveu seguir o mesmo caminho. Mas demorou mais para poder finalmente jogar ao lado do inspirador na Seleção Brasileira.
"Acho que somos o único time do mundo com chance de ter dois irmãos jogando, de fazer essa mescla. Agora o mais novo está aí, até porque ele sofreu cortes na Seleção antes. Ele foi convocado com 16 anos e depois foi amadurecendo, crescendo. Analisamos muito isso", disse o técnico Alessandro Tossim.
Segundo ele, quando os dois têm algum problema, resolvem na brincadeira. "O grupo todo é assim, às vezes eles ficam brincando um com o outro e, se acontece alguma coisa, resolvemos desta forma", explicou. Pode ser que joguem juntos nas próximas rodadas. "Começar um campeonato com uma vitória dess sempre dá um gás a mais", disse Leomon.
Neste sábado, às 7h30 (de Brasília), Leandro, Leomon e a Seleção Brasileira volta a jogar pela Paralimpíada, quando enfrenta a Lituânia.
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