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Economia
Terça - 20 de Junho de 2017 às 09:52
Por: Marianna Peres/Diário de Cuiabá

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Preço da arroba segue em desvalorização; cortes no atacado acumulam baixas, mas quilo volta à alta no varejo
Preço da arroba segue em desvalorização; cortes no atacado acumulam baixas, mas quilo volta à alta no varejo

A primeira quinzena do mês se foi e junho vai revelando a retomada de preços dos principais cortes bovinos no varejo cuiabano. A direção está em descompasso com a realidade do campo, onde a arroba fechou no último dia 16 a sexta semana de cotação em queda no Estado. Mesmo assim, com preço médio de R$ 21,06 para o quilo da carne bovina no varejo, junho vai exibindo o maior preço desde abril, quando o quilo teve valor médio de R$ 21,19, momento em que toda a cadeia da bovinocultura contabilizava os impactos da Operação Carne Fraca.

De acordo com pesquisa de preços realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço do boi gordo em Mato Grosso registrou a sexta semana consecutiva de recuo, desta vez a desvalorização foi de 0,63%, cotado a R$ 120/@. No mesmo período do ano passado a arroba estava em R$ 131,84 e na semana anterior, a R$ 120,76. No varejo, o preço médio ao consumidor passou de R$ 20,85 para R$ 21,06, alta de 0,98% na comparação mensal. Já na comparação anual com o valor médio de junho do ano passado, a queda é de -0,62%; em 2016 o Imea registrou média de R$ 21,19%.

Nas vendas no atacado, em que são comercializadas peças inteiras – como traseiro com osso, dianteiro com osso, ponta de agulha e carcaça casada – há queda em todos os cortes, tanto na variação mensal, em relação ao mês de maio, como na avaliação anual, valores médios de junho de 2016 contra os de junho deste ano. A maior redução mensal foi registrada na comercialização do dianteiro com osso que passou de R$ 7,74 para R$ 7,45 o quilo. Em relação a junho de 2016, a maior redução também é do dianteiro com osso, -7,73%.

Conforme dados do Imea - responsável pelos levantamentos de preços da arroba e dos cortes de carne bovina no varejo –, dos 16 cortes com preços regularmente pesquisados, onze finalizaram os primeiros 15 dias do mês com alta em relação ao preço médio de maio. Entre as variações está o aumento de 5,28% sobre o quilo do filé mignon. Esse corte tem a maior alta da pesquisa, já que a média passou de R$ 33,66 para R$ 35,44. A menor valorização do período foi observada no quilo do coxão duro, 0,63%, com média atual de R$ 19,92 ante R$ 19,79.

Sobre as baixas do período, cinco cortes apresentam recuo no preço ofertado ao consumidor: picanha, músculo, fraldinha, capa de filé e paleta. Desses, a maior queda vem do quilo do músculo, cujo valor médio passou de R$ 14,15 para R$ 13,53 (-4,42%). A menor queda foi registrada na paleta, com quilo passando de R$ 15,01 para R$ 15 (-0,10%).

É monitorado o comportamento dos seguintes cortes: filé mignon, contrafilé, picanha, alcatra, coxão mole, coxão duro, patinho, acém, músculo, costela, fraldinha, lagarto, maminha, cupim, capa de filé e paleta.

Em relação ao preço médio de junho de 2016, seis desses cortes apresentam altas e o restante redução do valor no varejo. A maior elevação vem da alcatra. Há um ano o corte teve preço médio de R$ 23,96 e agora R$ 27,01, valorização de 12,73%. Mesmo em alta, o coxão duro tem a menor variação anual, 0,97%, passando de R$ 19,72 para R$ 19,92.

Entre as maiores baixas em relação a junho do ano passado está o músculo, redução de 14,74%, com o preço médio do quilo passando de R$ 15,86 para R$ 13,53. Com recuo de 9,79%, a paleta apresenta a segunda maior baixa. O preço médio passou de R$ 16,62 para R$ 15. A menor variação vem do filé mignon, cujo valor médio do quilo passou de R$ 35,84 para R$ 35,44, -1,12%.

CONTEXTO - Nesse momento, a atividade pecuária enfrenta um novo revés, conseqüência da Operação Carne Fraca e das recentes delações à Operação Lava Jato, que envolve o maior grupo frigorífico em atuação no Estado, a JBS, responsável por quase 50% do total dos abates. Na prática, além de contabilizar o menor preço da arroba dos últimos seis meses, a bovinocultura mato-grossense está convivendo com um cenário de desconfiança em relação à efetividade dos pagamentos sobre os animais comercializados, já que as vendas de animais estão sendo negociadas para pagamento com 30 dias.

Desde a Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal - que apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos – a dinâmica da cadeia pecuária do Estado mudou, com redução no volume de compras de animais pelas empresas e a conseqüente redução no número de animais abatidos, restrições na modalidade de pagamento e excesso de oferta de animais acabados.

Ainda como destacam os analistas do Imea, o IBGE disponibilizou na semana passada os dados da produção de carne bovina no primeiro trimestre de 2017, no Estado, registrando quedas mais intensas em relação ao país. “A produção reduziu 2,83% e o abate registrou queda de 0,05%. Com a paralisação de frigoríficos em abril, devido aos reflexos da Operação Carne Fraca, o segundo trimestre de 2017 pode não indicar uma recuperação na produção” e isso deverá ser decisivo para manter a pressão de baixa sobre a arroba.





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