Confundida com bronquite, asma atinge 40 milhões de brasileiros
Chiado, sensação de aperto no peito e falta de ar são os sintomas mais comuns de asma e bronquite. As duas doenças, que são bastante comuns no inverno, costumam confundir os pacientes na hora de procurar o devido atendimento médico, o que pode ser fatal nos casos de asma. Para conscientizar a população sobre a doença, que acomete cerca de 40 milhões de pessoas só no Brasil, hoje (21) é lembrado o Dia Nacional do Controle da Asma, como explica o pneumologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Mauro Gomes.
— O nome correto da asma é asma brônquica e, por isso, é comum que seja confundida com bronquite. Mas não se trata da mesma doença e é muito importante que pacientes compreendam as especificidades de cada uma, para que possam procurar o tratamento medicamentoso e os hábitos mais adequados para cada quadro.
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A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que prejudica o fluxo de ar que entra e sai dos pulmões, provocando falta de ar e chiado no peito. O desenvolvimento da doença costuma estar associado a uma causa genética, ou seja, algumas pessoas apresentam uma predisposição a desenvolvê-la e, ao entrarem em contato com fatores que sensibilizam as vias aéreas, como ácaros, pólen e pelos de animais, ela pode se manifestar.
É importante lembrar que a doença é crônica e que as crises são apenas uma manifestação pontual. No Brasil, grande parte da população apresenta problemas respiratórios, seja por fatores climáticos, de poluição ou de hábitos, como o fumo e o uso amplo de fogões a lenha em algumas regiões. Segundo o especialista, geralmente os portadores de asma não a tratam como deveriam.
— O maior problema é que os pacientes não veem a doença como crônica e acham que ela só acontece durante as crises. Se tratar, evita-se a crise e pode ter uma vida normal, praticar esportes etc. 30% dos medalhistas olímpicos começaram a praticar esportes porque são asmáticos, como o nadador Gustavo Borges.
De acordo com o especialista, existem dois tipos de tratamento para a asma.
— Na crise aguda, a base do tratamento são remédios que dilatam os brônquios, os chamados broncodilatadores. Fora da crise, são utilizados medicamentos de manutenção e prevenção, com anti-inflamatórios. Todas essas substâncias são administradas para dentro dos brônquios por meio de inalação, seja por aparelhos conhecidos como bombinhas, sprays ou inaladores tradicionais. O tratamento deve ser feito todos os dias. Já durante as crises, o paciente utiliza outros remédios.
Alguns pacientes chegam a ser internados em casos mais graves e muitos morrem, afirma Gomes.
— Entre 15 e 20% da população tem asma no Brasil, o que corresponde a cerca de 40 milhões de pessoas, mas só 9% mantém a doença sob controle, com tratamento regular. Se não tratar, a asma mata. Só no Brasil, três pessoas morrem por dia por causa da doença.
Gomes explica que existem cinco graus de asma. Em casos mais graves, a pessoa precisa, inclusive, tomar injeções 1 ou 2 vezes por mês e são bem caras. O paciente precisa desembolsar de R$ 3 mil a R$ 6 mil reais por mês, pois são medicamentos de alto custo e não há respaldo do poder público. Mas isso corresponde a apenas 2,3% dos casos.
— Em média, os medicamentos para manutenção custam R$ 60. Porém, no Estado de São Paulo, por exemplo, o governo disponibiliza remédios de forma gratuita para tratar a doença. Ou seja, não é por falta de medicamento que as pessoas não se tratam. Quem precisa do medicamento preenche um formulário e recebe mensalmente a sua cota de medicação para fazer a manutenção.
Praticar esporte ou qualquer atividade aeróbica também ajuda porque aumenta o condicionamento físicos e melhora a capacidade respiratória. E isso vale para qualquer atividade, não necessariamente a natação, diz Gomes.
— Pode ser basquete, futebol, qualquer coisa, desde que feita com regularidade. A natação, muitas vezes, pode até piorar a asma se for realizada em piscinas com cloro por causa da inalação da substância, que pode desencadear crises. Não é todo mundo que vai se sentir bem.
Animais de estimação também podem agravar a doença. Para quem não tem pets em casa, a recomendação é não ter nenhum, afirma Gomes.
— É uma questão que sempre toca no emocional das pessoas. Se a pessoa já tem o animal, é muito difícil se desfazer do bichinho, mas em alguns casos tem que se desfazer mesmo. O ideal é não deixar ele entrar dentro de casa ou apenas circular na área de serviço, cozinha, sem deixá-lo adentrar a sala, o sofá nem subir na cama da pessoa, pois muita gente tem o hábito de dormir junto com o bichinho. É a mesma que ter alguém fumando dentro de casa.
Bronquite
A bronquite também é uma inflamação dos brônquios que pode ser aguda ou crônica.
A bronquite crônica, apesar de apresentar sintomas semelhantes ao da asma, não é uma doença com a qual se nasce, e pode vir acompanhada de uma destruição das células do pulmão, chamada de enfisema pulmonar. Essa destruição forma pequenas bolhas no órgão, que vai gradativamente perdendo a capacidade de absorver oxigênio. O enfisema pulmonar e a bronquite crônica, geralmente associados, recebem o nome de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
Dados do Ministério da Saúde mostram que a doença afeta cerca de 7 milhões de pessoas no Brasil, além de ser a quarta principal causa de morte no País. A DPOC se manifesta principalmente em pessoas com mais de 40 anos, devido ao longo período de exposição ao cigarro, explica Gomes.
— Essa doença não tem cura e impossibilita a pessoa de ter uma vida normal. O doente fica cada vez mais debilitado e a única maneira de aliviar os sintomas é deixar de fumar. Se a doença for de grau leve, o paciente tem poucas limitações, porém, em casos mais graves precisa utilizar cilindro de oxigênio.
Já a bronquite aguda é um processo inflamatório rápido dos brônquios, geralmente causado por infecção de um vírus e que melhora em poucas semanas.
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