Com recuo de 2,5% frente aos três meses anteriores, a indústria foi o destaque negativo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre deste ano – que cresceu 0,4% ante o trimestre anterior, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os setores mais prejudicados foram as indústrias de transformação e extrativa mineral, que "encolheram" 2,5% e 2,3%, respectivamente.
Segundo Rebeca de La Rocque Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, na indústria extrativa mineral houve queda na extração de petróleo e pouco aumento na produção de minério de ferro.
Já na indústria de transformação a queda foi na produção nos veículos automotores, uma vez que as concessionárias estavam com seus pátios cheios e diminuíram a produção. Também a produção de vestuário caiu, na medida em que aumentaram as importações de roupas.
"Com altos estoques, as montadoras aproveitaram para vender mais, sem efeito imediato sobre a produção", disse Rebeca.
Investimentos
O mau desempenho da indústria, segundo a pesquisadora, foi o principal responsável pela queda de 0,7% na taxa de investimento (formação bruta de capital fixo) em relação ao primeiro trimestre de 2012. O mesmo indicador teve retração de 3,7% em relação ao segundo trimestre de 2011.
O setor de produção de máquinas e equipamentos é o que mais pesa no cálculo dos investimentos, segundo Rebeca – e foi o segmento mais foi abalado pela queda de produção, tanto em automóveis como, principalmente, em caminhões, que tiveram sua produção diminuída devido ao aumento de custo para troca de motores de modo a atender a exigência oficial de menor emissão de gases poluentes.
"A produção de caminhões teve uma queda bastante expressiva", disse a analista do IBGE.
O desempenho da construção civil, que teve queda de 0,7% em relação ao trimestre anterior, não foi suficiente para melhorar o resultado dos investimentos, explicou Rebeca.
A pesquisadora disse que a queda em volume da formação bruta de capital fixo influenciou a taxa de investimentos que caiu para 17,9% no segundo semestre de 2012, quando marcou 18,8% em igual período do ano anterior.
As exportações também registraram queda (-3,9% contra o trimestre anterior e -2,5% em relação ao segundo trimestre de 2011), segundo Rebeca, principalmente pelo baixo preço das commodities. Os produtos com maiores quedas foram café, petróleo, carvão e metais não ferrosos, segundo a pesquisa do IBGE.
Consumo das famílias cresce
O dado positivo do PIB veio da maior ocupação na administração pública e do consumo das famílias.
O segmento de serviços, no qual se encaixa a administração pública, foi o que mais cresceu tanto em relação ao trimestre anterior (0,7%) como frente ao mesmo período do ano passado (1,5%).
Dentro do segmento, também teve influência na formação do PIB o bom desempenho do setor de seguros, explicou Rebeca Palis.
Rebeca explica que é no segundo ano de um novo governo em que as contratações no serviço público tentem a crescer. Além disso, o segundo trimestre de 2012 concentrou essas contratações também porque a lei eleitoral proibe a contração de servidores nos meses que antecedem as eleições, que acontecem em outubro.
Outro destaque positivo que ajudou no resultado do PIB do segundo semestre foi a agricultura, segundo Rebeca. Se no primeiro trimestre problemas climáticos prejudicaram as safras, principalmente a de soja, o segundo trimestre começou com uma safra de café que, segundo Rebeca, promete ser “altíssima”. As safras de milho e algodão também contam para o bom resultado na agricultura brasileira.
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